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quarta-feira, 27 de julho de 2022

DÍZIMO: GESTO DE PARTICIPAÇÃO!

 

Padre Gilberto é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

O Antigo Testamento apresenta o dízimo como prescrição divina. Inúmeras são as passagens bíblicas onde se prescreve a obrigatoriedade de se dar o dízimo ao culto.

No Antigo Testamento prevalece o dízimo legal, no sentido literal de décima parte, consagrada a Deus, para a manutenção do culto, dos ministros e da assistência aos necessitados. “Abraão... lhe dá os dízimos de tudo” (Gn 14,18-20). “De tudo que me concede, lhe consagrarei fielmente a décima parte” (Gn 28,20). “Todo dízimo é coisa consagrada ao Senhor” (Lv 27,20). “Pode o homem enganar a Deus?... Trazei, pois, todo o dízimo para o templo de Deus” (Ml 3,8-10).

No Novo Testamento, o dízimo toma o sentido de oferta, consciente e livre, corresponsável e comunitária, generosa e alegre, numa relação com Deus, para a manutenção do Culto Divino, Evangelização e Assistência da Comunidade Cristã.

O próprio Cristo ensina que quem se dedica à evangelização tem o direito de viver da pregação e nos mostra que, ao lado de deveres para com o estado, temos deveres para com a fé: “Dai a César o que é de César (impostos) e a Deus o que é de Deus (dízimo)” (Lc 20,25). Em muitos outros textos no Novo Testamento, sobretudo nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo, encontramos ricos testemunhos e princípios de que os cristãos devem dar a sua contribuição material para a manutenção dos ministros, as despesas do culto e a assistência aos pobres: “Recebestes de graça, dai de graça” (Mt 10,8-10); “Não sabeis que os ministros do culto vivem dos proventos do templo e os que servem o altar participam do altar? Assim aos que anunciam o Evangelho ordenou o Senhor viverem do Evangelho” (1Cor 9,4-14); “Cada um dê, conforme decidiu no seu coração, sem tristeza nem constrangimento, porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9); “Os fiéis viviam todos unidos e tinham tudo em comum... repartindo tudo... conforme as necessidades de cada um” (At 2,44-45).

O dízimo além de ato de amor e gratidão é gesto de participação! Vivemos num tempo de renovação. A Igreja também se renova, pois seria estranho que dentro de um mundo em mudanças e renovação ela ficasse parada. Seria estranho que a Igreja obrigasse o cristão retroceder no tempo para viver sua fé. Embora a Igreja seja uma realidade eterna, isto é, seja a presença da ação salvadora de Deus e tenha muitas coisas que não mudam, contudo Ela é também uma realidade histórica, que vive no tempo e no espaço, e por isso tem muitas coisas que devem mudar e se renovar. O dízimo não é “esmolinha” qualquer, não é uma contribuição forçada, não é um pagamento constrangido, porém, é uma atitude de filhos, pela qual dizemos a Deus “muito agradecido” por tudo que Ele nos deu.

Devido às inúmeras dificuldades de sobrevivermos em nosso País, se cada cristão católico oferecesse 1% de seu salário à sua Comunidade, ficando com os restantes 99% para as demais despesas, não precisaríamos realizar tantas promoções, a fim de arrecadar o necessário para a manutenção de nossas atividades pastorais e materiais. No Ocidente os vencimentos de serviços são mensais. A fim de que o dizimo seja sustentável, é necessário e fundamental que seja estável: isto é mensal. Finalmente, dar o dízimo justo à Comunidade não é favor e nem deve ser recompensado: antes é dever e compromisso, transformados em gesto de participação!