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quarta-feira, 4 de maio de 2022

O CONCÍLIO E O ECUMENISMO! Parte II

 

Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

“As primeiras palavras do texto do Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis Redintegratio (UR) correspondem bem às expectativas que haviam sido de São João XXIII: ‘Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II’ (UR, n.1). O decreto afirma, com efeito, que a divisão confessional ‘contradiz abertamente a vontade de Cristo’ (UR, n.1).


            
A entrada no movimento ecumênico visa primeiramente ‘eliminar palavras, juízos e ações que, segundo a equidade e a verdade, não correspondem à condição dos irmãos separados e, por isso, tornam mais difíceis as relações com eles’, estabelecer uma oração comum e um diálogo doutrinal confiado a especialistas bem como reconhecer as riquezas que existem neles (UR, n.4), tudo isso num espírito de conversão do coração” (Daniel Moulinet 2012).

O decreto UR trata em seu primeiro capítulo dos Princípios Católicos do Ecumenismo que desenvolve a unidade e unicidade da Igreja, as relações entre irmãos separados e Igreja católica, aprofundando o sentido do ecumenismo ideal. A Prática do Ecumenismo ocupa um segundo capítulo do decreto: a união que deve interessar a todos, a renovação da Igreja, a conversão do coração, a união na oração, o conhecimento mútuo, a formação ecumênica, os modos de exprimir e de expor a doutrina da fé e a cooperação com os irmãos separados. Já o terceiro capítulo contempla as Igrejas e Comunidades Eclesiais separadas da Sé Apostólica Romana. Incentiva à contemplação, respeito ao diferente, como no caso das grandes religiões: o Judaísmo, o Hinduísmo, o Islamismo, o Budismo e o Cristianismo com as incontáveis confissões dele separadas.

O decreto UR “deseja insistentemente que as iniciativas dos filhos da Igreja católica se desenvolvam juntamente com as dos irmãos separados; que não se ponham obstáculos aos caminhos da Providência; e que não se prejudiquem os futuros impulsos do Espírito Santo. Ademais, declara estar consciente de que este santo propósito de reconciliar todos os cristãos na unidade de uma só e única Igreja de Cristo excede as forças e os dotes humanos. Por isso, deposita inteiramente a sua esperança na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai para conosco e na virtude do Espírito Santo. ‘E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm 5,5)” (cf. UR, nn. 2-24).

“O Concílio Ecumênico Vaticano II instituiu a unidade dos cristãos como um de seus objetivos principais. Ele nos quer católicos firmes na fé e abertos ao diálogo, acolhedores, sem fechamentos e jamais sectários. Cristo fundou uma só e única Igreja. Através dos séculos, em razão de lamentáveis acontecimentos, essa unidade foi se quebrando. No diálogo ecumênico, o concílio nos recomenda constante renovação da Igreja, pois Cristo nos chama a perene reforma, à conversão da mente e coração; convoca-nos à oração comum entre as Igrejas. Exemplo positivo reside na Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos. Insiste no respeito mútuo, em projetos de aprofundamento bíblico, teológico e no campo social. No Brasil, o abençoado Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) abraça todos esses objetivos, sendo preciosa associação fraterna de Igrejas cristãs!” (Dom Angélico Sândalo Bernardino 2012).

Com a celebração dos 50 anos do precioso evento do CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, a recente história registra o zelo e empenho dos Santos Padres, São João Paulo II e o Papa Emérito Bento XVI, caminhando ao encontro do diálogo respeitoso e evangélico dos que estão separados, dos orientais, incluindo judeus, islâmicos, hinduístas, budistas, bem como os que causaram nas últimas décadas a “hemorragia” da Igreja Católica, os que se declaram “sem religião” ou que migraram para algumas das incontáveis seitas pentecostais ou mercantilistas. Com sabor de Sínodo somos conclamados à coerência e ao bom-senso entre o que professamos e vivemos, a fim de atrair para a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, nossos irmãos afastados, sendo para eles, a Igreja do Ir ao encontro.

Não podemos negar de que ainda estamos aquém de um verdadeiro Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso. É lamentável a disputa e a concorrência por número de fiéis. Talvez esquecemos de que Deus não é nosso: nós somos de Deus!