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quarta-feira, 28 de abril de 2021

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

 

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé

 

 


            A Liturgia da Palavra deste Quinto Domingo do Tempo Pascal sublinha a união vital dos discípulos com o Ressuscitado, do batizado com sua comunidade de fé. Esta união vital Jesus a explica através da alegoria da videira. Ele mesmo se apresenta como a “videira verdadeira” e nós, seus discípulos, os ramos, vitalmente unidos a ele. No primeiro Testamento, a videira era considerada o símbolo do povo eleito de Deus. Mas esta videira não correspondeu às expectativas do “agricultor”.

            O Pai (o agricultor) desejou que o Filho fosse o tronco da videira e nós os ramos. Se estivermos unidos à videira, que é Jesus, também daremos os frutos que Jesus deu e então poderemos ser Cristo para os nossos irmãos; sendo instrumentos de transformação em suas vidas. Não existe vida para o ramo, se ele estiver separado do tronco. O ramo que se separa da cepa, seca e morre sem produzir frutos, vira lenha e é lançado ao fogo. Portanto, sem Jesus não há vida, não há frutos. Os frutos aqui evocados são a santidade de uma vida fecunda pela união a Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2074).

 

 


            Jesus ressuscitado é a Videira e nós somos os ramos dessa Videira. São Paulo ensina que, pelo Batismo, nos tornamos Corpo de Cristo, membros do seu corpo (cf. Ef 5,30). Então no Batismo, o Espírito Santo nos enxerta como ramo na Videira, que é Jesus Cristo, e, consequentemente, “pelo poder do Espírito santo, participamos da Paixão de Cristo, morrendo para o pecado, e da Ressurreição, nascendo para uma vida nova; somos os membros de seu Corpo, que é a Igreja, os sarmentos enxertados na Videira, que é ele mesmo” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1988). Os ramos que não se alimentam da seiva do tronco murcham, secam e são jogados fora. Assim também nós, se não nos nutrirmos do Espírito de Deus, definhará a vida, gerada em nós pelo Batismo. Os ramos que se mantém unidos ao tronco recebem a seiva da vida que os torna fortes, vigorosos e férteis. Produzem muitos frutos e de excelente qualidade, como os de Jesus: perfeitos e comestíveis. Como ramos da videira, precisamos nos deixar impregnar por sua seiva, que é Jesus Cristo, assim “estareis capacitados a entender, com todos os santos, qual a largura, o cumprimento, a altura, a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Deus. A nova comunidade, que Jesus ressuscitado inaugura, resulta da união vital entre ele e seus seguidores.

            Jesus repete por oito vezes a palavra “permanecer”. Para nós (os ramos) é vital permanecer no amor. Permanecer em Deus. O amor tem um rosto: no rosto de Cristo crucificado vemos Deus. “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Como a planta precisa de água, nós também precisamos da “Água Viva”, o Espírito de Deus, para nos encharcar desse amor. Ao permanecer nesse amor, a nossa alegria é completa, nada nos falta. Nossa vida cristã depende dessa união: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5), isto é, os frutos que produzimos vêm da união a Cristo. Quem não permanecer unido, secará e perderá a vida. Esta união é fonte de energia, é graça de Deus. Estar unido é produzir frutos.

            Quem ama sofre, pois o amor exige renúncia. Por isso, Jesus revela que, estar unido a ele é ter que suportar as podas para produzir mais frutos. Mesmo que a poda seja sofrida tanto para o agricultor, como para a videira e os ramos, ela se faz necessária. Sem ela, os ramos acabam prejudicando toda a videira, a qual não produzirá os frutos esperados. Muitas vezes, as podas do “Agricultor” (Deus) podem ser dolorosas e não entendermos como acontecem. Podem ser uma doença, um acidente, determinada provocação ou sofrimento que, no curso do tempo, se transformam em graça e melhor qualidade de vida. São podas que fazem parte do plano de salvação de Deus, para cada pessoa ou comunidade. A correção de Deus é de um Pai amoroso, que deseja ver seus filhos realizados e felizes.

 

 


 

            A Palavra de Deus deste Quinto Domingo do Tempo Pascal é um profundo convite a cada um e à Igreja toda, diante de um mundo sedento da seiva do amor de Deus, o amor gratuito entre as pessoas. A Comunhão e Participação expressa pelos Bispos reunidos em Puebla em 1979, e o Discipulado junto à Missionariedade tão desejada pelos Bispos reunidos em Aparecida em 2007, somados à Pastoral de nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto nos identificam com os ramos “grudadinhos” na Videira, Jesus Cristo, o centro de toda nossa Pastoral, do sentido de nossa Eclesialidade. Queremos, unidos a Cristo, produzir frutos saborosos e que alimentem nossas Comunidades de Fé. Quem se omite ou se sente dispensado do compromisso de promover o amor gratuito de sua Comunidade, desliga-se da Videira (Jesus Cristo) e seca, deixando muitas vezes, uma videira incompleta e frágil, ao invés de robusta e viril! Por vezes, determinadas podas ou surras que a vida nos dá, bem administradas, nos tornam ainda mais robustos e férteis no serviço à Comunidade que nos tem como ramos preciosos, alimentados pela Videira, Jesus Cristo, o centro da Igreja que formamos!

            Saibamos alimentar nossa fé, esperança, sentido cristão, novo ânimo, novas perspectivas e horizontes, bebendo da seiva do amor da verdadeira Videira, tornando-nos uma Igreja linda, vistosa e saborosa a alimentar um mundo vazio de sentido, oprimido, porque oco de Deus!

            Com ternura e gratidão, desejando-lhes bênçãos, meu abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler At 9,26-31; Sl 21(22); 1 Jo 3,18-24 e Jo 15,1-8)

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2021, pp. 19-24 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo da Páscoa – Maio de 2021, pp. 55-60.