Pesquisar neste blog

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

SOMOS MAIS PEDINTES OU AGRADECIDOS?

 

Pe. Gilberto Kasper

pe.kasper@gmail.com

 

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

Neste dia 2 de Fevereiro, a Igreja celebrou uma festa de origem oriental: a Apresentação do Senhor ao Templo. No Brasil, é muito conhecida do povo como devoção a Nossa Senhora das Candeias, da Candelária ou dos Navegantes. A vinda do Senhor ao Templo de Jerusalém, passados quarenta dias de seu nascimento em Belém, é narrada como apresentação e purificação da mãe, dois ritos não necessariamente conexos na tradição judaica, mas que em nossa atual liturgia tem um “sabor” de manifestação de Jesus ao Povo da Antiga Aliança. Simeão e Ana são os últimos que “esticam o pescoço”, já na economia do Novo Testamento, para testemunhar a realização das promessas.

            A ação litúrgica que chama a atenção nesta celebração, sem dúvida, é o lucernário e a procissão com velas bentas e acesas, que nos remete à liturgia da Vigília Pascal. Conta, portanto, com nossa gratidão a Deus, que nos enviou Seu Filho para ser a Luz do Mundo, nosso Salvador. A festa, em si, encerra os encantos do Tempo de Natal, para introduzir-nos ao centro de nossa Fé, a Páscoa, Festa da Ressurreição do Senhor.

            Já nesta quarta-feira, dia 3 de Fevereiro, celebramos a Memória de São Brás, Bispo de Sebaste, conhecido como umas das últimas vítimas das perseguições romanas, “viveu na Armênia, entre o 3º e 4º séculos. É invocado como protetor contra os males da garganta, em lembrança de um milagre que a tradição lhe atribui: teria salvado uma criança que morria engasgada por uma espinha de peixe” (cf. Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2021, p. 24). Sua bênção é muito procurada pelo povo. Geralmente nossas Igrejas lotam de fiéis.

            Basta constatar em qual das duas celebrações temos maior número de fiéis participantes, para percebermos se Somos mais pedintes ou agradecidos? Não é aqui nossa intenção de julgar a fé e a relação madura dos cristãos. Porém, deveríamos preocupar-nos, sim, com a evangelização mais madura, do que com uma simples catequese debruçada sobre devoções populares. Se nosso povo fosse realmente mais maduro e evangelizado, a celebração da Apresentação do Senhor ao Templo precederia à Missa onde buscamos a bênção contra os males da garganta. Já no tempo das Curas de Jesus, dos dez, somente um dos leprosos curados voltou para agradecer. Como seríamos mais configurados com as Comunidades dos Apóstolos, se fôssemos mais agradecidos e menos “pidões”, já que o Senhor nos concede tudo de que precisamos para sermos felizes e realizados.

            O Senhor gosta que peçamos. Mesmo sabendo do que precisamos, Ele gosta que o invoquemos, até mesmo por meio dos santos e santas que nos precedem na eternidade. “Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis, batei e a porta vos será aberta” (Mt 7,7). Mas também nós devemos, além de demonstrar nossa gratidão, fazer a nossa parte. Não adianta pedirmos que o Senhor nos livre da Pandemia, se não observarmos as orientações da ciência, da medicina e das autoridades sanitárias que promovem a vida.

            De repente aparecem opiniões, as mais “loucas”, de pessoas que se descobriram especialistas em pandemias, medicamentos, vacinas e protocolos a serem ou não observados. Como seria bom se nos respeitássemos mais e nos enfrentássemos menos. Quem sabe com mais paz, respeito, diálogo e dignidade, conseguiremos superar melhor e o quanto antes essa pandemia que tanto nos judia ainda em nossos dias?