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quarta-feira, 29 de julho de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO-OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM

MÊS VOCACIONAL
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O homem não vive somente de pão,
mas vive de toda palavra que sai da boca de Deus,
e não só de pão. Amém. Aleluia, aleluia!” (Mt 4,4).



            A Palavra de Deus do Décimo-Oitavo Domingo do Tempo Comum, coloca-nos diante do evento da Multiplicação dos Pães, em que Jesus nos convida a nos alimentar de sua palavra e da eucaristia para que ninguém vá embora com fome. Celebramos a Páscoa de Cristo, a qual se manifesta em todas as pessoas e grupos que têm compaixão dos pobres e famintos e sabem partilhar com eles.
            O reino de Deus não pode se concretizar enquanto houver fome de pão e de dignidade. Banquete com fartura é sinal do projeto de Jesus, que tem compaixão do povo e convoca seus seguidores para que alimentem as multidões famintas.
            Somos gratuitamente convidados a participar do banquete messiânico. Jesus propõe a superação da fome e da miséria. O amor de Deus é nosso aliado, ninguém pode nos separar dele.
            Deus destinou os bens da criação para todos. Mas uns poucos se apoderaram deles, conservando os demais sob férrea dependência, incapazes até de ter acesso aos bens básicos da vida. O banquete da vida se tornou privilégio de poucos, que vivem à custa do sangue dos pobres explorados. Deus subverte essa situação, convidando os pobres explorados a sair da dependência e a saborear o banquete da vida, na liberdade e fraternidade, onde o comércio é substituído pela partilha dos bens da criação. Dessa forma inicia o novo êxodo do povo de Deus em direção ao mundo novo. Jesus deu a esse mundo novo sua forma definitiva, convidando as pessoas a lutar para que ele se concretize no meio de nós.
            Para longe de todos os poderes de morte, dos Herodes que, com seus banquetes de morte, buscam ter vida, matando a esperança do povo, como fizeram com João Batista, Jesus vai para um lugar deserto e afastado. É das cidades, isto é, do espaço onde impera o domínio de Herodes e de seu sistema explorador, que o povo sai (= êxodo!), indo ao encontro do Messias libertador, precisamente no espaço da aliança, no deserto. E qual a reação de Jesus? Encheu-se de compaixão, isto é, sofreu com aquela gente sofrida.
            É neste lugar deserto e afastado, que se aprende, na prática, o segredo do Reino de Deus em oposição ao reino de Herodes. Não é indo comprar nas vilas, isto é, deixando-se explorar pelos que têm para vender, que os pobres terão comida em abundância, mas partilhando aquilo que possuem.
            A Palavra que é Jesus em sua totalidade já está em nosso meio, nada nos separa dela. Esse Jesus-Palavra é o primeiro alimento a nos fortalecer com seu segredo, a saber, a alternativa de uma sociedade de partilha fraterna, capaz de saciar a fome de todos. Ouvir, assimilar e colocar em prática esta Palavra que é Jesus, eis o desafio que temos pela frente.
            Diante da Palavra proclamada neste domingo e diante do Projeto de Jesus Cristo anunciado, somos impelidos não apenas a alimentar-nos a nós mesmos, porém, saciados, assumir o compromisso da erradicação da fome e da miséria em nossas Comunidades de Fé. Segundo a ONU, um bilhão de pessoas no mundo passa fome, diariamente. A disparidade entre pobres e ricos ainda é indecente. Vivemos na Região de Ribeirão Preto, entre uma das maiores concentrações econômicas e um incalculável número de pessoas sem nenhuma perspectiva de vida digna.
O compromisso evangélico que se espera de nós, é a promoção da dignidade da pessoa em sua totalidade. Não é jogando “migalhas” daqui  e dali que estaremos assumindo nossa missão de verdadeira partilha.
            Gosto de frisar que sempre devemos partilhar de nossa pobreza, oferecendo o que temos de melhor àqueles que dependem de nossa responsabilidade e que têm menos do que nós. Saber que possuímos um dos “lixos mais luxuosos do País”, deve no mínimo, remeter-nos a buscar soluções que não só matem a fome imediata das pessoas, oferecendo-lhes “sopas, lanches, esmolas e outros tipos de migalhas”, mas oportunidades de vida e não de sobrevivência!
            A Décima-Oitava Semana do Tempo Comum é enriquecida pelo início do Mês Vocacional. Neste primeiro domingo do mês vocacional, recordamos os vocacionados para o ministério ordenado – diáconos, padres e bispos – e rezamos de modo especial pela santificação de todos eles. Pois só um padre santo poderá santificar sua comunidade, e isso se faz possível no profundo encontro de ambos, na oração!    
            Finalmente sonhamos com o dia em que todo ser humano tenha direito, de verdade, a sentar-se à mesa comensal de nossas Comunidades!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 55,1-3; Sl 144(145); Rm 8,35.37-39 e Mt 14,13-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2020, pp. 18-24 e Roteiros Homiléticos da CNBB do

DÍZIMO: ATO DE AMOR E GRATIDÃO (I)!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

Falar em Dízimo significa falar em dinheiro, e isso é um tanto complicado entre cristãos católicos, já que a nossa religião parece ser a mais liberal da face do mundo. Situados numa determinada “Cultura de Sobrevivência”, tornamo-nos mais “pedintes” do que “agradecidos”. Na medida em que entendemos nossa Igreja, como um “supermercado de sacramentos” nos comportamos demasiado “interesseiros”. Esquecemos que o DÍZIMO é um verdadeiro e profundo ATO DE AMOR E GRATIDÃO!
            Tudo é de Deus. Nada nos pertence. O que temos, se nos é simplesmente emprestado. Poderíamos dizer que com o Dízimo consciente e comprometido, Deus testa nosso amor e nossa gratidão pelo dom da vida e tudo que Ele nos concede para sermos felizes e realizados.
            A palavra dízimo significa a décima parte. No Antigo Testamento os Hebreus deviam contribuir para os serviços do templo, com o dízimo, isto é, a décima parte do que colhiam ou lucravam.
            Para o católico a palavra dízimo quer indicar uma contribuição para a Igreja, contribuição que deve ser sistemática (de preferência, mensal), de compromisso moral – por amor, não por obrigação – e fixado de acordo com a consciência moral de cada um.
            É uma forma de retribuição do homem a Deus! O homem de fé reconhece que Deus é bondade. Criou o Universo e as coisas materiais. O Universo é um dom do Pai, para que o homem o possua e o transforme. O homem de fé oferece uma parte do que possui em sinal de reconhecimento ao Pai, doador de todo o bem. Não damos diretamente a Deus, pois Ele não precisa de nossos bens (do nosso dinheiro), mas colocamos a serviço desse corpo, a Igreja, pois, a Comunidade é fruto da colaboração de todos.
            O dízimo não é só arrecadação financeira, mas é um sistema e método de formação comunitária com informações claras, contatos, reuniões e prestação de contas. As finalidades do dízimo, seu destino ou aplicação são: para a conservação, manutenção e ampliação da vida e das atividades da Comunidade, de que fazemos parte e servimos. Para pagamentos de luz, água, telefone, impostos, consertos, e bens da Igreja. Para compra de velas, hóstias, vinho de missa, paramentos e objetos litúrgicos necessários para as celebrações. Para pagamento de folhetos e compra de flores. Para limpeza da Igreja e seu jardim. Para a manutenção do Padre e dos Funcionários. Para as despesas com serviços paroquiais, como: catequese, encontros, cursos de formação e outros. Não por último, o dízimo deverá contemplar sempre os mais pobres da Comunidade: aqueles que não têm como dar sua própria colaboração, bem como colaborar com a Dimensão Missionária da Igreja!
            Em tempo de Pandemia, temos a real consciência de que muitos fiéis de nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor, passam por dificuldades profundas e muitos nem mesmo conseguem dispor da digna manutenção básica. Isso naturalmente afeta também as receitas de manutenção de nossas Igrejas. Mesmo assim tem sido o Dízimo a manter nossas atividades litúrgicas e pastorais, embora utilizando-nos mais do que nunca das novas tecnologias de Comunicação. Somos profundamente agradecidos pela fidelidade de nossos amados fieis. Continuaremos nossa reflexão na próxima semana, na segunda parte de nosso artigo, que deseja ser antes de reflexão, mais do que de petição!



quarta-feira, 22 de julho de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO-SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Maravilhosos são os vossos testemunhos,
Eis por que meu coração os observa.
Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina,
Ela dá sabedoria aos pequeninos” (cf. Sl 118).




            Refletiremos a Palavra viva do Pai, que é Jesus, do Décimo-Sétimo Domingo do Tempo Comum, que continua a nos falar dos segredos do Reino dos Céus.

            A Palavra de Deus deste domingo leva-nos a encontrar os verdadeiros tesouros do Reino de Deus. Somos convidados a entrar na posse do tesouro escondido, centrando nele o projeto de nossa vida e escolhendo entre coisas novas e velhas.
           
Salomão pede sabedoria para governar e julgar com justiça; Paulo nos diz que Deus convida a todos os seres humanos a fazer parte de sua grande família e Jesus nos ensina que o seu reino deve ser nossa principal preocupação.
           
A sabedoria é necessária aos governantes para bem servirem o povo. É necessário investir com decisão no reino dos céus. Deus, artesão perfeito, fez de nós uma obra-prima.
           
Insisto em diferenciar o sabido do sábio! Sabido é quem possui uma avalanche de informações, sem saber administrá-las. Tais informações podem levar a pessoa ao “oco”, ao “nada”, ao “superficial” e “aparente”. Já o sábio, mesmo sem diploma nenhum, é aquele que acolhe, compreende e vive a sabedoria divina! É exatamente o que o Rei Salomão pede a Deus. Como nosso mundo seria diferente, se deixássemos Deus, nosso Criador, respirar nas entranhas de nossa intimidade. Se deixássemos os dons do Espírito Santo agir em nossas escolhas. Muitas vezes tem-se a impressão de que a pessoa tem a arrogante pretensão de querer ser deus sobre o Criador e até chega a convencer-se de que consegue manipular e “barganhar” o Espírito Santo. Tais pretensões, chamamos de “politicagem daqui e dali”, em instituições familiares, comunitárias, sociais, políticas e nem por último eclesiais, o que naturalmente é  desastroso, quando não pecaminoso.  Mas o que não é Deus cai. Um dia cai e cai feio. O grande convite, portanto, é deixar Deus agir em nós, esvaziando-nos de qualquer ganância prestigiosa e elogiosa. Gosto demais de rezar o terço com o povo simples, que às quatro horas da madrugada, ligado na Rádio Aparecida, reza por tantas necessidades e por tantos que além de não rezarem, ainda os ridicularizam. Esse povo, na minha modesta opinião, é verdadeiramente sábio e não simplesmente sabido.

            Para Deus, os pobres e desprotegidos são seu tesouro. Por este tesouro ele investiu o melhor de si, isto é, seu próprio Filho que se fez pobre com os pobres. Aí está o tesouro da sabedoria de Deus, o segredo de seu Reino, infinitamente mais valioso do que todos os poderes e riquezas deste mundo.
           
Então, qual é o Reino de Deus hoje? Aquilo que queremos ter em nosso poder, aquilo que com tanta insistência agarramos e procuramos segurar? Nossas posses, privilégios de classe, status etc.? Ou não será antes a participação na comunhão fraterna, superar o crescente abismo entre ricos e pobres e transformar as estruturas de nossa sociedade, para que todos possam participar da construção do mundo e da História que Deus nos confia?
           
A verdade é que cada pessoa, mais cedo ou mais tarde, em algum dia, terá, obrigatoriamente, que se desfazer de tudo, até mesmo da vida. É o dia em que vamos morrer. Naquela hora derradeira, faremos a experiência de total pobreza: experiência de não sermos, de fato, donos de nada, nem mesmo da vida. Suprema hora em que todo poder, orgulho, vaidade, apego necessariamente caem por terra. Hora, portanto, da suprema e bem-aventurada chance de, no vazio de nós mesmos, Deus ser tudo em nós.

            Pouco tempo antes do Padre Léo da Canção Nova falecer, encontrei-me com ele no aeroporto de Navegantes (SC). Ele viajava de Brusque e eu de Blumenau para São Paulo. Tive o privilégio de viajar ao lado dele e, o que me marcou profundamente foi a seguinte frase dele:

“Padre Gilberto, antes de adoecer e chegar a este estágio de minha fase terminal da doença, já aguardando o dia de ver Deus face a face, sempre tive muita dó dos pobres. Hoje, fazendo a experiência da enfermidade que me consome tão rapidamente, passo a ter dó dos ricos. Você já imaginou a hora em que tiverem de deixar tudo para trás?”

            Já antes, quando num velório, eu me imaginava confinado naquele pedaço de madeira, pensava como ele. Depois deste encontro com o Pe. Léo ficou ainda mais intensa a reflexão: no dia em que meu nome ecoar na eternidade, não terei como não ir. E irá comigo somente aquilo que fui e, nada do que possuí. O que tive, ficará para trás.
           
Que meu tesouro seja de valores essenciais: amor gratuito, verdade, justiça, liberdade e paz! O resto é apenas resto!...

Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 1Rs 3,5.7-12; Sl 118; Rm 8,28-30 e Mt 13,44-52).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2020, pp. 99-107 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Julho de 2020) pp. 50-54.


“PANDEMIAS DE ESTIMAÇÃO”!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

“Ele foi chegando entre nós devagarinho, ninguém se deu conta que o bichinho quase invisível seria uma bomba que geraria a destruição desmedida que nossa geração conheceu. Surgido numa das maiores economias do mundo, o novo Coronavírus, a Covid-19 matou mais de um milhão de gente na face da terra. Um horror da época moderna com as grandes descobertas da medicina, dos ácidos antirrugas, das técnicas de retardamento de envelhecimento que atualmente se revelam coisas mais sem sentido num contexto de pandemia no século XXI, cem anos após a gripe espanhola ter dizimado uns milhões de habitantes da face da terra.

Entretanto, estas moléstias que nos incomodam enquanto não temos um remédio eficaz contra elas, uma vacina contra o seu poder letal ou algo que o valha, constatamos que ao longo de séculos ou milênios convivemos com epidemias tão letais quanto a atual que enfrentamos, moléstias deletérias das capacidades mais necessárias para uma boa convivência e que não são eliminadas com álcool de nenhuma graduação nem mesmo se administrado via oral. Essas moléstias de que falo são persistentes porque alguns dos acometidos por elas se sentem muito bem e não veem motivo para preocupação. Porém, o mal que estas causam é igualmente devastador. E, como tais males existem há gerações, entendo que são “males de estimação”. Todavia já existe o antídoto para essas práticas horrorosas e viciosas, algumas das quais elenco a seguir.

            O egoísmo é uma doença que leva a um desvio de conduta aos que pensam que “eu” é mais importante que “nós” ou que os “outros” classificando-os como excedente útil. Egoístas são ignorantes em matéria de amar; são míopes que sós conseguem olhar para o próprio umbigo e não conseguem ver um palmo adiante do nariz.

            Outro mal grave é a indiferença que transforma as pessoas a partir da memória sem doença, ou seja, apagam todos os que já conheceram; desligam os sentimentos e afeições igualando pessoas a coisas e descartando os que acham inúteis. A indiferença torna a pessoa “fria” antes mesmo de morrer.

            A ganância e a avareza são males profundos que se enraízam no íntimo das pessoas apegadas ao dinheiro, aos bens, ao lucro que fecha o coração ao amor fraterno. Pessoas gananciosas não conjugam alguns verbos como amar, servir, doar pois, veem as pessoas como despesa desnecessária. Escravas do que possam amealhar, não se doem pelo sofrimento dos outros; classifica como “dano colateral”.

            Há também o mal do orgulho que infecta corações e mentes de pessoas fracas que não se sentem semelhantes aos demais. Se colocam acima dos demais por pensar que já nasceram superiores, sabem tudo, entendem de tudo, entretanto sofrem de uma síndrome chamada “delírio de onipotência” visto que não sabem que são pobres, cegos e estão nus (cf. Ap 3,17); são grandes monumentos com pés de barro e não resistem a uma enxurrada…
            Poderia ainda citar outros males que ao longo da história serviram para incendiar e destruir a convivência respeitosa entre pessoas, povos e nações e contribuíram para acirrar discórdia e divisão. Todavia existe remédio para todos esses males; vacinas testadas com aprovação em todos os níveis de experimento que não tem custo algum, aliás, a sua aplicação diária serviria inclusive para melhorar os relacionamentos e as amizades entre pessoas e grupos. O remédio é simples e a dose deve ser diária e constante visto que os males podem reaparecer sem aviso prévio.

            Como todo tratamento, quem sofre desses males precisa tomar consciência de que padece e impõe a seus parentes, amigos, conhecidos e colegas um pesado fardo. A cura vem em doses homeopáticas e o medicamento não precisa ser importado pois cada pessoa o carrega dentro de si. Mais doses são aplicadas conforme aumenta o nível de compreensão, fraternidade, sinceridade, caridade e se tem em conta a espiritualidade como constitutiva do ser humano. Dentro de nós está o princípio ativo do remédio que começa a curar o mundo: o amor! “Tudo aquilo que quiserdes que os outros vos façam, fazei vós a eles”, ensinou o Mestre e nosso Senhor (cf. Mt 7,12). E explicitado por são Paulo quando diz que ao mal se responde com o bem (cf. Rm 12,20). O mandamento do amor é o remédio mais simples, mais barato, mais fácil de ser encontrado e que produz efeito para longas e incontáveis gerações (cf. Jo 15,12)”.

(Parceria e artigo partilhado por Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)

quarta-feira, 15 de julho de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO-SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha vida.
Senhor, de todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício
e dar graças ao vosso nome, porque sois bom” (Sl 53,6.8).


             A Palavra de Deus do Décimo-Sexto Domingo do Tempo Comum encaminha-nos à Paciência de Deus para com a Humanidade! A Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã nos ajuda a penetrar nos pensamentos de Deus, com frequência, bem diferentes dos nossos. Na liturgia deste domingo, o Pai paciente e misericordioso vem em nosso auxílio para que, embora convivendo com o joio, não desistamos da construção do seu reino.
            Deus espera pacientemente a conversão do pecador. Orando no Espírito como filhos e filhas de Deus, deixamo-nos iluminar pela sua palavra, que não nos permite julgar e agir precipitadamente.
            O poder de Deus se mostra na capacidade de perdoar. Devemos aprender com Jesus a ser pacientes e perseverantes na construção do reino. O Espírito Santo nos auxilia em nossas fraquezas.
            Apesar de nossas infidelidades, Deus é paciente conosco. Pelo memorial do amor de Cristo, o Pai continua demonstrando sua confiança de que nosso joio não sufocará a boa semente do reino.
            Embora criaturas prediletas de Deus, porque criados à Sua imagem e semelhança, temos nossas imperfeições. Não há quem seja totalmente bom ou totalmente mau. Temos nossos defeitos e qualidades; nossas virtudes e pecados. Gosto de pensar que não são nem pecados e nem boas ações que nos levarão diante de Deus, porém, o esforço que empreendermos para sermos bons. O querer ser sempre melhor hoje do que ontem, parece-me ser nossa tarefa. Não me refiro a ser melhor do que os outros, mas ser bondoso. Talvez sejamos convidados a perguntar-nos ao que mais nos identificamos em nossas relações humanas? Ao Joio ou Ao Trigo?
            Somente quem faz a experiência da bondade, sabe o quanto é bom ser bom!
            Muitas vezes nos deferimos o direito de julgar, condenar e determinar a sentença sobre os outros. Isso só Deus tem direito de fazer. Ninguém tem o direito de ser “deus” sobre o outro. Porém, todo cristão tem o dever de ser bom, humilde e misericordioso para com o outro. Por isso, é preciso aprender de Deus a PACIÊNCIA que Ele tem para conosco. Quantas vezes escondemos nossos erros atrás dos erros dos outros? Ser joio significa ser diabólico e ser trigo, significa ser angelical em nossas relações. É muito frequente entre nós, os cristãos, falarmos mal dos erros dos outros, difamando-os. Feio mesmo é quando escondemos nossas fraquezas e incapacidades atrás dos deslizes dos outros. Há quem não consegue alegrar-se com o êxito alheio e deixa, por isso, corroer-se pela inveja, que é um mal horroroso entre nós. Oxalá busquemos na força dos dons do Espírito Santo, o êxito de nossa conversão, coerência e misericórdia para com quem nos magoa, surra, machuca ou prejudica. Não acredito que “perdoar é esquecer”; antes, “perdoar é lembrar sem rancor, sem mágoa, com coração misericordioso e tomado de paciência para com quem pecou!...” Quem esteve atento às Homilias do Papa Francisco nas Celebrações da Casa Santa Marta em Roma, deverá ter ouvido iguais alocuções. Há muitos anos tenho insistido na necessidade de superarmos, principalmente a Inveja Clerical para sermos melhores servidores do Senhor!
            A Palavra viva de Deus, que é Jesus mesmo, vem iluminar uma série de questões que nos colocamos com frequência e que, com certeza, eram propostas no tempo em que foi escrito o evangelho: Por que o bem e o mal se apresentam juntos? Por que é que Deus permite que haja imperfeição, o mal, o pecado, mesmo nas Comunidades mais perfeitas? Com todos os meios deixados por Cristo para atingir a perfeição, por que tantos maus discípulos?
            Basta olhar um pouco a realidade que nos cerca: injustiças, corrupção, violência, miséria, fome, doença, morte, para sentir logo os desafios que a vida apresenta. E mesmo que nos joguemos com toda generosidade no trabalho pastoral, constatamos que nossos esforços tantas vezes trazem poucos frutos e muitas desilusões. E acabamos perguntando: Por quê? Vale à pena? Por que Deus não se manifesta de forma mais incisiva? Se a causa do Reino é justa e válida, porque é tão difícil mudar as estruturas? Será que nossas pastorais são estéreis, frutos de nossa ilusão? A Palavra de Deus deste domingo poderá ajudar-nos a ver, julgar e agir melhor, fortalecendo nossas opções em favor da liberdade e vida. O Espírito vem socorrer nossa fraqueza, tornando-se a súplica de quantos lutam por um mundo melhor.
            Quando Jesus fala do joio semeado pelo inimigo no meio do trigal, ele se refere às pessoas e estruturas injustas que crescem junto com a semente do Reino.
            Temos muito a aprender com a paciência de Deus. Ele não é apressado. Ele é calmo, tranqüilo, não se estressa. Ele dá um tempo. Nós é que somos impacientes, intolerantes, dominadores para com os outros, cobrando resultados imediatos. Deus é diferente. Deus tem tanto poder, que ele domina a si mesmo... Não é escravo de seu próprio poder. Sabe governar pela paciência e o perdão. Seu reino é amor, e este penetra aos poucos, invisivelmente, como o fermento. Impaciência em relação ao Reino de Deus é falta de fé. O crescimento do Reino é mistério, algo que pertence a Deus.
            A Palavra nos mostra o grande respeito que Deus manifesta pela liberdade das pessoas. Deus semeia o bem no campo do mundo. Mas não força ninguém a receber o presente. Deixa conviver o mal com o bem. Existe um desenvolvimento, um crescimento. Este fenômeno verifica-se não só dentro da Comunidade. Existe também dentro de cada pessoa. Importa que cultivemos com paciência o bem. Ele não se impõe. É como o grão de mostarda. Pequenino, vai se desenvolvendo e aparece como arbusto vistoso. O bem é comparado ainda ao fermento que, invisível, acaba transformando toda a massa. Assim é o Reino de Deus. Não se impõe de fora, mas age a partir de dentro, pela ação do Espírito Santo.
            Insisto comigo mesmo que obtenhamos frutos saborosos em nossas relações humanas e diante de Deus, no uso do dom gratuito da liberdade, esforçando-nos pela conquista da CONVERSÃO, COERÊNCIA e BOM SENSO sempre!
            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Sb 12,13.16-19; Sl 85; Rm 8,26-27 e Mt 13,24-43)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2020, pp. 74-82 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Julho de 2020) pp. 45-49.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO-QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Contemplarei, justificado, a vossa face;
e serei saciado quando se manifestar a vossa glória” (Sl 16,15).


            Neste Décimo-Quinto Domingo do Tempo Comum, celebramos mais uma vez a páscoa de Cristo, a qual se manifesta nas comunidades que vivem a Palavra de Deus e nos corações que se deixam transformar por ela. Nosso coração quer ser terreno fértil para acolher a mensagem de vida e liberdade semeada por Jesus.
            Assim como a terra fértil recebe a semente e a faz germinar e crescer, vamos acolher a Palavra de Deus, que Jesus deseja semear em nosso coração.
            A Palavra de Deus tem muita força. A semente da palavra tem tudo para crescer e frutificar, mas precisa ser acolhida num coração aberto e generoso. Nós e a criação inteira ansiamos pela libertação de toda escravidão.
            Jesus, como semente lançada à terra, frutificou e faz-se pão para nosso alimento. Participar da Eucaristia significa acolher a semente da palavra viva.
“Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia”. Uma multidão se reuniu em torno dele. Como estavam à beira do mar, Jesus entra numa barca para, de lá, falar àquele povo todo. Fala em parábolas. Entre elas, conta a parábola do agricultor fazendo a semeadura. Gosto de pensar que a madeira está sempre presente na vida de Jesus: nasceu numa manjedoura de madeira entre animais e foi adorado primeiro pelos pastores, depois pelos magos; trabalhou com seu pai adotivo, marceneiro e, que lidava com madeira na infância; tomou um barco de madeira do qual fez sua Mesa da Palavra, proclamando, anunciando, explicando a Palavra de Deus, comparando-a a semente semeada na terra boa dos corações dóceis ao Seu convite de produzir frutos saborosos de amor, verdade, justiça, liberdade e de paz. Finalmente, Deus reservou um Madeiro a Cruz, como trono que O glorificou.
            O que será que Deus está a nos dizer, ao insistir sobre a importância de sua Palavra?
            Em primeiro lugar, é bom lembrar que, para a linguagem bíblica, essa Palavra é muito mais que um som vocálico, pois manifesta a própria essência de Deus: ele fala libertando. De fato, a Palavra (em hebraico: dabbar)... é bem mais que a pronúncia de sons; esse termo significa o que está por trás, ou seja, o coração, a força, a essência de quem fala. A Palavra de Deus, portanto, é a própria essência de Deus que age nos acontecimentos, transformando tudo em libertação e vida. Ele é capaz de, mediante sua Palavra, criar o mundo, pondo ordem no caos (cf. Gn 1). Muito mais quando o povo vive numa situação de morte, bem pior que a terra árida, sua Palavra fecundará novamente a vida desse povo, resgatando-o da situação de não vida em que se encontra.
            Quando Jesus conta a parábola do semeador, ele está falando de si mesmo. Ele é a própria Palavra vida do Pai, agora encarnada (cf. Jo 1,14), ou seja, ele é o verdadeiro acontecimento divino de salvação no meio de nós, a presença viva do mistério salvador do Pai. Por isso, Jesus diz a seus discípulos: “Felizes vós, porque vossos olhos vêem e vossos ouvidos ouvem. Muitos profetas e justos desejaram ver e ouvir o que vedes e ouvis, e não viram nem ouviram(Mt 13,16-17).
            Acontece que a própria Palavra, que é Jesus, nos leva pela parábola a constatar uma triste situação: diante deste acontecimento de salvação que ele é, existem pessoas que ouvem e veem exteriormente, mas não percebem interiormente o que este acontecimento significa. São os de “coração insensível”, gente tão fechada, travada, cheia de máscaras e couraças criadas pelos apegos e pelas preocupações deste mundo, que ouve de má vontade e fecha seus olhos, para não ver nem ouvir, nem compreender com o coração, perdendo a chance de se converter e ser curada pela Palavra (cf. v. 15). A Palavra não cria raízes em tais pessoas. E as causas de tudo isso, onde estão? Jesus mesmo as expõe no evangelho deste domingo: é “o maligno” (isto é, as forças contrárias a Jesus e ao Reino de Deus), a superficialidade, a desistência na hora da dificuldade, as “preocupações do mundo e a ilusão da riqueza”. Tais causas, ainda hoje são as mesmas: a estratégia das forças antievangélicas, consumismo, idolatria da riqueza.
            Graças a Deus, há, entretanto, gente que ouve a Palavra e a compreende. São pessoas, cujo corpo é um chão aberto, generoso, preparado... num coração acessível e profundo ao mesmo tempo.
            Pessoas simples que, por serem assim, acolhem e assimilam facilmente e em profundidade a Palavra (isto é, o acontecimento salvador chamado Jesus) e produzem abundantes frutos de solidariedade, justiça e paz. Até que ponto somos tais pessoas?
            Importa, pois, prepararmos o chão dos corações para que possam receber a Palavra: combater os fatores de “endurecimento” (dominação ideológica, alienação, consumismo, culto da riqueza e do prazer etc.). Em vez do fascínio dos sempre novos (e tão rapidamente envelhecidos) objetos do desejo, a formação para a autenticidade e simplicidade, a educação libertadora com vistas ao evangelho. Então a Palavra, que desce como a chuva do céu, poderá penetrar no chão e fazer a semente frutificar.
            Vale a pena todo esse trabalho de conversão e assimilação da Palavra que é Jesus, o Cristo, ressuscitado, em nossos corpos. Vale a pena sermos assíduos nesse trabalho, pois, como ouvimos na segunda leitura, “os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”. De fato, junto conosco toda a criação espera ser libertada da escravidão e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. Com a graça de Deus, um dia vamos chegar lá.
            Lançamos a semente da Palavra de Amor de Deus! Somos convidados a examinar que tipo de terreno é o nosso coração para acolher e deixar frutificar nas entranhas de nossa intimidade tamanho AMOR!
            Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 55,10-11; Sl 64; Rm 8,18-23 e Mt 13,1-23).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2020, pp. 49-56 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Julho de 2020) pp. 40-44.

PARÓQUIA SANTA TEREZA DE ÁVILA!


Padre Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com

Em tempo de Pandemia a Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio de Ribeirão Preto realizou sua VIIIª Promoção da Pizza, a 1ª desde minha chegada àquela dinâmica e tão dedicada Comunidade Paroquial. Foi um verdadeiro sucesso. A ideia foi de um pequeno grupo de Paroquianos, animados e coordenados por Verônica, Marta, Viviane entre outros.

Minha posse como Pároco no dia 1º de março deste ano aconteceu com grande participação de paroquianos e amigos de todos os lados, não obstante com o novo Coronavírus já rondando entre nós. Conseguimos reunir 25 agentes de pastoral numa primeira reunião de mútua apresentação, no dia 5 de março, sem imaginar que em 20 dias, teríamos decretada a “Calamidade Pública” em nossa cidade. Conseguimos celebrar dois finais de semana, conhecer pouquíssimas pessoas, aguardando a indicação de agentes comprometidos com a Paróquia, com a finalidade de formarmos os Conselhos Econômico, de Pastoral e a Equipe de Eventos. Porém, seguindo as orientações de nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, já no dia 17 de março fechamos a Igreja, e passamos a celebrar sem a presença física dos fiéis, transmitindo ao vivo, as Missas e outros Momentos Celebrativos. Igualmente foram canceladas todas as reuniões previstas, evitando assim aglomeração de pessoas, para colaborarmos na contenção da proliferação do vírus. Percorri inúmeras vezes as ruas vazias da Paróquia, sem, no entanto, conhecer, a não ser um pequeno grupinho de pessoas, que auxiliam nas celebrações transmitidas pelo YOUTUBE da Paróquia e o Facebook Johny Velocímetros.

Por iniciativa desse pequeno grupo de fiéis, resolvi apoiar a VIIIª Promoção da Pizza. Foi a primeira com minha participação. Em duas semanas vendemos 520 Pizzas que foram entregues no dia 27 de junho. Foi a partir dessa promoção que pude observar e conhecer o grau de comprometimento das pessoas com a Comunidade Paroquial. Minha impressão já era das melhores, porque nesses meses de Igreja fechada, o Povo querido da Paróquia Santa Tereza de Ávila continuou mantendo as despesas paroquiais com a valiosa contribuição do Dízimo. Não seria de se estranhar que as receitas diminuíssem por não nos encontrarmos fisicamente. Pelo contrário, as receitas aumentaram, o que demonstrou o compromisso de um Povo evangelizado zelando por sua Comunidade de Fé, Oração e Amor.

Encantador foi a participação magnífica de todos, que de alguma maneira colaboraram com a Promoção da Pizza. Desde a coordenação aos amigos que, sensibilizados, adquiriram suas Pizzas e elogiaram tanto a organização nas vendas, na entrega, como também os sabores das Pizzas adquiridas.

Para quem desejar unir-se a nós, poderá entrar em contato com nossa Secretária Márcia pelos telefones: (16) 9.8196-7344/ (16) 9.9327-1147 ou realizar sua oferta, bem como dízimo: Arquidiocese de Ribeirão Preto – Paróquia Santa Tereza de Ávila – Banco 033 Santander – Agência: 3998 – Conta Corrente: 13002132-7 – CNPJ: 45.231.560/0074-40. Quem efetuar algum depósito peço por favor, que se identifique, a fim de agradecermos!

Invocando abundantes e preciosas bênçãos de Deus, por intercessão de Santa Tereza de Ávila, expresso minha mais profunda ternura e gratidão a todos. Eis um sinal de ânimo e de perspectivas da realização de grandes obras em favor do anúncio do Reino de Deus, porque será muito lindo poder contar com pessoas tão queridas e acolhedoras, sedentas de viverem a experiência da unidade, da comunhão e da fraternidade eclesial e pastoral nesta já tão amada Comunidade Paroquial. Além da manutenção hodierna, nos aguardam algumas reformas urgentes tanto no Templo como no Salão Paroquial.

“O Senhor não olha tanto a grandeza das nossas obras. Olha mais o amor com que são feitas” (Santa Tereza de Ávila).



quarta-feira, 1 de julho de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - DÉCIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 



            A Palavra de Deus do Décimo Quarto Domingo do Tempo Comum trata da vocação, do chamado recebido pelos profetas, pelos apóstolos, pelos discípulos e por todos os que se reúnem, para serem enviados na força do Espírito Santo.
            Jesus foi rejeitado porque se apresentou como um trabalhador que cresceu em Nazaré ao lado de parentes, amigos e conhecidos. Seus conterrâneos não descobriram nele nada de extraordinário que o identificasse com o Messias de Deus. Mas o extraordinário está justamente aí: no fato de não ter nada que possa diferir da condição humana comum.
            O Filho de Deus se fez como qualquer um de nós. Muitos afirmam que não creem porque não veem. Os conterrâneos de Jesus não creem justamente porque veem Jesus trabalhador, o filho de Maria, um homem do povo, que não frequentou nenhuma escola superior, um homem que vem de Nazaré, lugarejo insignificante. O escândalo da encarnação continua sendo um espinho atravessado na garganta de muitos cristãos de boa vontade. Isto faz pensar no desafio que é a encarnação do Evangelho na realidade do povo.
            A Palavra de Deus nos faz um apelo: não depositar nossa confiança nos grandes. Também não precisamos ter medo de nossa pequenez e fraqueza. Na trajetória de Jesus, o maior fracasso se transforma em vitória e ressurreição. Junto a Ele, há lugar para os fracos. Em Cristo, somos fortes.
            Jesus fica admirado com a falta de fé das pessoas de sua terra, as quais não acreditam que Deus possa falar através de pessoas simples. A Palavra de Deus se reveste de roupagem humana e vem a nós com o auxílio da história e de pessoas frágeis, enviadas por Ele.
                        A fraqueza humana dos enviados por Deus cria um espaço de liberdade; quem ouve pode decidir a favor ou contra. Às vezes, gostaríamos que Deus se revelasse mediante atos maravilhosos e, assim, evitaríamos o trabalho de discernir quando e por meio de quem Deus se revela.
            Jesus se fez servo e, por isso, entra em choque com os que preferem o privilégio e o poder. A encarnação continua nos questionando e nos empurrando para a missão junto aos marginalizados e enfraquecidos.
            Neste ano de tantas crises políticas, sanitárias, econômicas, éticas e morais, é preciso saber distinguir os poderosos que se revestem de aparente humildade para manipular e enganar o povo, em proveito próprio. É muito comum, também entre nós, considerar o poderoso como único capaz de realizar algo pelo povo.
            O Documento de Puebla nos fala do “potencial evangelizador dos pobres”. O que podem nos dizer os pobres, os deficientes de nosso país? Aceitamos a revelação de Deus vinda na fraqueza de nossos irmãos e irmãs, na simplicidade do dia a dia?
            A Palavra de Deus nos convida a renovar nossa adesão a Jesus, consagrando-nos mais generosamente à causa do Reino. Essa nossa profissão de fé nos leva a confirmar que seguimos aquele que foi rejeitado por ser trabalhador, filho de Maria, uma pessoa comum de seu tempo, vindo de uma aldeia e, por isso, motivo de desprezo e rejeição.
            Acima de qualquer expectativa humana, o Senhor manifesta sua grandeza na singeleza do pão e do vinho, frutos da terra e do nosso trabalho. Na simplicidade da partilha. Ele nos confirma no seu caminho. É em nossa fraqueza que Deus continua manifestando sua força.
            Todo ser humano é chamado à Vocação ao Amor! Ela é a primeira vocação e o fundamento de todas as demais, as chamadas Vocações Específicas! O cristão, tendo consciência de sua vocação ao amor, só consegue viver sua Vocação Específica, na medida em que se configura com Jesus Cristo: na sua humildade, no seu espírito de serviço, na sua simplicidade e no seu total desapego de prestígio, poder, ganância, acúmulo de bens e diplomas. Não poucas vezes nossa vontade de queremos ser melhor do que os outros, bem como a acepção e discriminação de pessoas de nossas relações, desfiguram nossa missão de discípulos verdadeiros. Somos convidados a superar a inveja, a busca de prestígio, o “querer aparecer-se diante dos outros”, o “tentar esconder nossos defeitos atrás dos defeitos dos outros”, assumindo com simplicidade nossa história e nossa vida do jeito como ela é. As falsas aparências, aquelas que enganam os outros, são abomináveis ao Reino de Deus que deve ser sempre anunciado com nossa própria vida, mesmo que nem sempre compreendidos, aceitos, reconhecidos por uma sociedade que pensa sustentar sua sobrevivência sobre a hipocrisia. Quantas pessoas conhecemos que tentam comprar o prestígio, pagam preços altos, muitas vezes pisando sobre os mais fracos, para subirem na vida, aparentemente, porque se consideram superiores. Como é feio achar que os outros são feios e nós os bonitinhos! A fome de querer ser melhor nos consome e nos apodrece, enquanto a fome de ser humilde, simples e desapegado de qualquer prepotência, é saciada pelo próprio Cristo, que se dá em alimento vital, a fim de tornar-se o refúgio dos justos!

            Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Zc 9,9-10; Sl 144; Rm 8,9.11-13 e Mt 11,25-30).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Julho de 2020, pp. 25-32 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Julho de 2020) pp. 35-39.