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quarta-feira, 18 de março de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUARTO DOMINGO DA QUARESMA


LAETARE – DOMINGO DA ALEGRIA

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé! 




             Na caminhada para a Páscoa já próxima, somos convidados a deixar atitudes de tristeza e desânimo e assumir a alegria e o otimismo, porque o Quarto Domingo da Quaresma - LAETARE é o domingo que antecipa as alegrias da festa da Páscoa que a Quaresma prepara nas entranhas de nossas Comunidades de Fé, Esperança e Amor, no íntimo de cada cristão. Jesus cura nossa cegueira e ilumina as trevas que alienam a vida das pessoas, principalmente as que desrespeitam a vida, como dom e compromisso! Deus vê fundo, não se deixa enganar pelas aparências. Nossa fé em Jesus leva-nos a superar os valores do mundo e os seus preconceitos e assumir os riscos que ela comporta, denunciando toda maldade fruto das trevas. Deus não age segundo critérios humanos: ele vê o coração dos homens, não as aparências. O encontro com Jesus, luz da humanidade, transforma nossa vida de trevas em vida iluminada. A partir do batismo, somos novas criaturas; por isso, devemos agir com bondade, justiça e verdade. Agradeçamos a Deus pelo novo olhar a nós concedido, capaz de reconhecer na assembleia, na palavra e no pão partilhado os sinais da presença de Cristo que salva.

O Quarto Domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o Domingo Rosa, o Domingo da Alegria. A comunidade cristã celebra a proximidade da Páscoa da Ressurreição de Cristo. É bom que nos alegremos nesta certeza. Fomos salvos pela ressurreição de Cristo e esta celebração festiva anual está próxima. Nós cristãos nos alegramos, porque Cristo nos salvou.

Saul, como rei de Israel, não conseguia mais governar o povo com justiça e por isso devia ser substituído. O profeta Samuel unge Davi, o último entre os oito irmãos, como rei de Israel. A escolha e a unção do rei Davi nos ajudam a entender o sentido do Batismo, especialmente o simbolismo da unção.

Pelo salmo responsorial (Sl 22/23), a comunidade suplica ao Senhor que restaure suas forças, derramando sobre ela o óleo do seu amor e a transforme em instrumento de salvação na sociedade.

O Apóstolo Paulo, fazendo referência ao contraste “trevas e luz”, ressalta a conduta dos cristãos - vivam como “filhos da luz”. Nisto há uma relação direta com o Evangelho. A luz que os outros contemplarão nos cristãos brotará do testemunho, da prática das boas obras de bondade, justiça e verdade. “Pelos frutos os conhecereis”. O batizado é iluminado pela luz de Cristo, para se tornar luz do mundo.

A cura do cego de nascença nos toca de perto, porque em certo sentido todos somos... “cegos de nascença”. O próprio mundo nasceu cego. Segundo o que nos diz hoje a ciência, durante milhões de anos houve vida sobre a terra, mas era uma vida em estado cego, não existia ainda o olho para ver, não existia a própria vista. O olho, em sua complexidade e perfeição, é uma das funções que se formam mais lentamente. Esta situação se reproduz, em parte, na vida de cada ser humano.

A narrativa do cego de nascença serve para demonstrar como se chega à fé plena e madura no Filho de Deus. Jesus nos recorda, com o sinal da cura do cego de nascença que, além dos olhos físicos, há outros olhos que devem abrir-se ao mundo. São os olhos da fé.

A fé é a luz que ilumina a nossa vida e dá alento ao nosso peregrinar terreno. O próprio Cristo apresenta-se como luz que nos ajuda a descobrir os verdadeiros valores e nos capacita a viver fraternalmente. Assim, iluminados por Cristo, seremos reflexo de sua luz. Vivamos na alegria da fé que se manifesta na confiança em Deus!

Conhecemos bem o ditado popular: "O pior cego é aquele que não quer enxergar..." Este Domingo Laetare, da Alegria, o Quarto Domingo do Tempo Quaresmal é um forte apelo a todos nós: que enxerguemos bem a realidade em que vivemos como Filhos da Luz, assumindo com coragem e ousadia nossos compromissos batismais. Muitas vezes é mais cômodo não querer enxergar, pois isso exige comprometimento, perdas, desinstalação do comodismo que nos impermeabiliza a críticas e cobranças. O cristão que não se esforça por prevalecer a verdade, a justiça, a liberdade e o amor gratuito e, a partir desses valores essenciais promove a dignidade humana entre as pessoas, principalmente as que se encontram em situações de risco, não assume seu batismo. Acovardar-se diante do pecado é tão grave como ceder a ele. E quem cede ao pecado, sem lutar por superá-lo caridosa e fraternalmente, vira as costas para Deus: deixa-o falando sozinho. Quanto maior a responsabilidade do serviço de qualquer autoridade e pessoa pública, mais vulnerável a mesma fica. Haja oração pela santificação daqueles que são, de alguma forma, autoridade aqui ou acolá... Tal pessoa se torna vazia, seca, oca do amor que lhe foi conferido no dia de seu batismo, bem como do chamado a viver sua vocação específica. Talvez nossa falta de compromisso com a luz enderece tantos irmãos nossos às seitas mercantilistas, cada vez mais crescentes em torno de nossas comunidades, que ainda estão demasiadamente acomodas em sua missionariedade!

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper

(Ler 1Sm 16,1.6-7.10-13; Sl 22(23); Ef 5,8-14 e Jo 9,1-41).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 72-76 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp. 34-39.