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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

MINHA PRIMEIRA EUCARISTIA!


Pe. Gilberto Kasper

Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Um dos dias mais felizes de minha vida foi o de Minha Primeira Eucaristia! Foi no dia 4 de outubro de 1964, festa de São Francisco de Assis, um lindo domingo. Eu tinha apenas 7 anos de idade. Éramos três irmãos e muito pobres. Fomos acolhidos na Escola Paroquial do Sagrado Coração de Jesus no bairro Santo Afonso em Novo Hamburgo (RS). As Irmãs da Congregação de Santa Catarina de Alexandria nos alfabetizaram e também nos prepararam para a Primeira Eucaristia.
Nossa mãe não tinha como pagar as mensalidades. As Irmãs nos propuseram uma permuta: estudaríamos sem pagar as mensalidades em troca de limparmos, todos os dias, a Escola toda, varrendo-a, tirando o pó, deixando-a em ordem para o dia seguinte. Aos sábados, minha avó, minha mãe e eu com meus irmãos fazíamos uma limpeza geral: passávamos o dia inteiro limpando, enquanto durante os dias da semana, ficávamos depois das aulas para a limpeza. Fizemos isso até terminarmos os cinco anos do então chamado Primário. Para nós, era uma festa. Além de limpar a Escola, eu me ofereci para ajudar a limpar a Igreja também uma ou duas vezes por semana. Não existia o Estatuto da Criança e do Adolescente naquela época, se é que me entendem!
Deixei de brincar de Missa com meus vizinhos na Estrebaria da casa de meus avós, para passar as tardes na Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, que sempre brilhava de limpinha e arrumada. Provava as vestes litúrgicas do Pároco, mexia nas alfaias, comia hóstias não consagradas e bebericava do vinho canônico por pura curiosidade. Logo fui admitido ao serviço de Coroinha. A Irmã Neófita fez o exame para a Primeira Eucaristia, tomando, individualmente, o Ato de Contrição. Era enorme para mim, que ainda não falava corretamente o português. Em casa nos comunicávamos com um dialeto alemão. Fui reprovado no exame e somente três dias depois de uma “segunda época” fui, finalmente, admitido à Primeira Eucaristia.
Finalmente chegou o dia 4 de outubro, um dos primeiros mais felizes de minha vida. Depois de comungarmos, a Irmã Neófita passando pelo corredor da Matriz entre mais de 200 crianças, nos ajudou naquele momento após a comunhão: “Fiquem bem quietinhos. Percebam para onde Jesus na Hóstia Santa foi; foi para o coraçãozinho de vocês ou para o estômago? Só um coração puro pode receber Jesus na Hóstia Santa!”. Estou sem saber direito até hoje para onde foi a Hóstia Santa. O que sei, é que senti meu coração como um verdadeiro Sacrário, Tabernáculo e Porta-Jóias de Jesus.
Depois de Minha Primeira Eucaristia, até minha mãe, que nasceu em berço Luterano, passou a frequentar mais a Missa e foi zeladora do Apostolado da Oração. Assim, também foi meu primeiro amor pelo Sagrado Coração de Jesus e São Francisco de Assis, que sediaram um dos primeiros dias mais felizes de minha vida, o dia de Minha Primeira Eucaristia!