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quarta-feira, 20 de abril de 2016

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - QUINTO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

            A 54ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) testemunhou ainda mais a magnífica unidade e comunhão que norteia o Episcopado Brasileiro. É lindo ver como os nossos Pastores se querem bem, se amam e buscam apontar caminhos de novo ardor missionário para seus rebanhos, suas Igrejas particulares, cada uma com suas características, desafios e sonhos diferentes, porém, com igual entusiasmo da vivência de uma mesma fé. “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade. Sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-14),  foi o tema central daqueles dez dias, entre 6 e 15 de abril de Assembleia, Encontro de Irmãos, Sucessores dos Apóstolos, que buscam viver os conselhos do Evangelho de São João deste domingo: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,34b-35).
            Oxalá tal testemunho seja seguido por todos nós, Ministros Ordenados junto à rica presença de tantos Leigos e Leigas, convidados a repensarmos, convertermo-nos e tornarmo-nos verdadeiramente uma verdadeira “Igreja em Saída”: acolhedora, descomplicada, presente na “periferia do mundo”, que é também, a proposta de nosso amado Papa Francisco!
            Sendo o tempo pascal como “se fosse um só dia de festa”, nos é dada a oportunidade de compreender e experimentar melhor o amor de Deus que Jesus revela por meio dos ritos litúrgicos e que devem alcançar a totalidade da vida de seus discípulos. Neste período, oportunamente, a Igreja é convidada a portar-se como Cristo Ressurreto, porque está imbuída do seu Espírito. Com razão, Tertuliano chamava atenção para o fato de que estes cinquenta dias que se estendem, desde a Vigília Pascal, chama-se “Pentecostes”, pois seu Espírito, que é amor, foi derramado no coração dos fiéis. E para estes, durante este tempo, não cabe nenhuma atitude ou gesto de tristeza.
            Deus nos reúne em nome de Cristo e nos encoraja a concretizar o sonho do novo céu e da nova terra. Este é o desejo de todos os que aspiram a um mundo sem injustiça, onde cada pessoa se sinta plenamente realizada. Fortaleçamos, nesta liturgia, os laços de amor que nos identificam como comunidade de discípulos (a exemplo de nossos Bispos) e discípulas de Jesus.
            Assim como fizeram as primeiras comunidades, vamos escutar a palavra de Deus e nos comprometer com sua proposta. Ela aponta para um novo mundo, sem tristeza nem dor, e conclama a todos para a vivência do amor.
            A comunidade se organiza para enfrentar as dificuldades e avalia a sua caminhada. Ao se despedir, Jesus deixa à comunidade o novo mandamento do amor. A comunidade fiel e perseverante procura concretizar a “nova Jerusalém”, dom de Deus.
            A verdade do amor que é o sacramento dos irmãos e irmãs, torna autêntico e frutuoso o sacramento eucarístico do pão e do vinho.
            A página do Livro do Apocalipse de São João nos apresenta um trecho em que se anuncia a superação de toda tristeza, porque há um novo céu e uma nova terra como “chão” e “tenda” sobre os quais repousará a humanidade descansada e feliz. Este desejo de felicidade, tranquilidade e paz habita o nosso mundo. Quantos e quantas não se esforçam por criar condições reais de segurança para que seus filhos e filhas possam brincar e ser felizes! Desde os mais pobres até os mais abastados, a busca por uma vida boa é uma constante na vida. Os meios para que se realize tal desiderio, no entanto, nem sempre são os mais condizentes com o Evangelho. Há os que se corrompem e afanam aquilo que não lhes pertence, e está designado para o sustento e promoção do povo, como o fizeram aqueles do famoso caso do mensalão ou aqueles políticos e empresários implicados com a Operação “Lava Jato”. Homens e mulheres desta categoria pertencem a um mundo que já não existe segundo a Páscoa do Senhor, pois por meio desta não há lugar para sofrimento e dor. O que existe é uma nova cidade que despontou com Deus e participa de seu beneplácito, porque promove a justiça e a fidelidade à aliança. Há quem faça objeções a esta verdade de fé, apontando os sinais de morte que se espalham ao redor. Mas, sabemos que esta verdade se cumpre à medida que o amor de Cristo habita os cristãos e dá contorno à sua existência. É preciso que este amor tenha a proporção do amor de Cristo, pois toda injustiça surge quando o amor tem nossa medida.
            Todo cristão é um “outro Cristo”, motivo pelo qual sempre deveria agir como o próprio Cristo age nas mais diferentes circunstâncias de nossas relações. Não podemos admitir que entre nós, existam pessoas passando fome, sendo exploradas e judiadas, especialmente por quem exerce algum serviço, seja eclesial, político ou social. Nosso amado Papa Francisco deseja uma Igreja pobre para os pobres! Saibamos seguir seu bom exemplo. Comecemos a revestir-nos de maior humildade, desprendimento, simplicidade e de profunda ternura: cristãos todos e todos os cristãos, nas diversas missões de serviço gratuito pela construção de um Reino de Deus alicerçado no amor, na verdade, na justiça, na liberdade e na PAZ!
Desejando-lhes copiosas bênçãos, com ternura, meu abraço fiel e amigo,

Padre Gilberto Kasper
(Ler At 14,21-27; Sl 144(145); Ap 21,1-5 e Jo 13,31-35).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2016, pp. 75-77 e Roteiros Homiléticos  da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2016), pp. 66-71.