Pesquisar neste blog

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

PAZ E MISERICÓRDIA: AS ALÇAS DA MANJEDOURA!

Pe. Gilberto Kasper


Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente na Associação Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo Educacional da UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC – Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.

            Ao declinarmos diante da Manjedoura, sentimos não cheiro de feno, mas de paz e misericórdia, incensadas de puro amor gratuito. Paz e Misericórdia são como as alças da manjedoura! Já na mesma manjedoura, reclina-se “O Verbo que se abreviou”!“A tradição patrística e medieval utilizou essa sugestiva expressão: ‘O Senhor compendiou a sua Palavra, abreviou-a. O próprio Filho é a Palavra, é o Logos: a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré’” (Cf. Bento XVI, Verbum Domini, n. 12).
            Em cada Natal a humanidade faz a experiência da paz. Até porque o Menino que nasce da humildade de uma Pequenina de Nazaré e é reclinado numa pobrezinha manjedoura, é reconhecido pelas Nações como o Príncipe da Paz! A misericórdia é a roupagem que veste as pessoas com a capacidade de perdoar, recomeçar e reconciliar-se com quem está em dívida. A sensibilidade da Paz e da Misericórdia que revestem a humanidade no clima do Natal produzem solidariedade e fraternidade com sabor de amor divino.
            “A espiritualidade natalina cristã propõe uma forma de entender a qualidade de vida, encorajando um novo estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda alegria sem estar obcecado pelo consumo. Tornar-se serenamente presente diante do Presépio, abre-nos muitas mais possibilidades de compreensão e realização pessoal. A espiritualidade cristã do Natal propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco. É um regresso à simplicidade que nos permite parar diante da manjedoura e, a partir da paz e misericórdia saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece sem nos apegarmos ao que temos nem nos entristecermos por aquilo que não possuímos” (Cf. Papa Francisco, Laudato Si’, n. 222). Antes de darmos presentes, sermos presença na vida dos outros!
             O Natal alarga nossa compreensão de paz e misericórdia, já que a paz não significa simples ausência de guerra. A paz interior das pessoas, especialmente neste tempo de tamanha ternura humana, tem muito a ver com o cuidado com a ecologia e com o bem comum; reflete-se num equilibrado estilo de vida aliado com a capacidade de perdoar incondicionalmente, devolvendo a paz que o pecado nos “rouba” (Ibid. 225).

            Concluindo o Ano da Paz e iniciando o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, possamos viver um Natal com verdadeiro sabor de amor gratuito, sendo uns para ou outros os Anjos que decantem ao longo de todos os dias do Novo Ano, Deus-Menino, reclinado na Manjedoura e palpitando em cada coração humano!