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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS - TRIGÉSIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Exulte o coração dos que buscam a Deus.
Sim, buscai o Senhor e sua força,
procurai sem cessar a sua face” (Sl 104,3s).

            Neste Trigésimo Domingo do Tempo Comum, nos reunimos “para celebrar novamente, a páscoa de Jesus e buscar a face de Deus, que se revela no rosto sofrido dos pobres e oprimidos. Amando os irmãos sofredores, amamos o próprio Deus. A eucaristia é a expressão da ternura misericordiosa do Pai para com todos.
            As leituras nos convidam a amar a Deus acima de tudo e nos comprometem a amar os necessitados. O amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis.
            Deus nos convida a defender a vida dos pobres e esquecidos. Os dois amores da vida, Deus e o próximo: amando um, estaremos amando o outro. É importante que a comunidade saiba fazer memória da sua caminhada.
            Neste domingo, rezamos especialmente, pelo trabalho missionário e continuamos doando nossas ofertas em favor das missões. Agradecemos a Deus a generosidade dos fiéis que torna possível a atividade missionária da Igreja(cf. Liturgia Diária de Outubro de 2014 da Paulus, pp. 79-81).
            Na certa, temos uma situação que nos incomoda e mexe com o nosso modo de anunciar e celebrar com a comunidade o memorial da páscoa de Jesus. Como interpretar e viver nos dias de hoje a Palavra de Deus proclamada na liturgia?
            No Dia do Senhor, o Domingo, nos reunimos para nos encontrar com Deus. Mas para chegar a Ele é preciso ter feito uma opção e passar pela porta de entrada que é o povo com sua história, suas angústias, esperanças, lutas e privações, pois, Deus não quer um amor distante do povo e intimista.
            O nosso Deus que amamos e juramos fidelidade é o Deus defensor dos pobres. Somos seus aliados na defesa dos excluídos, desprotegidos e rejeitados da sociedade. A nossa religião se firma nesse Deus e cultiva o seu amor pelos últimos da terra.
            Somos reunidos por um Deus que está no meio dos deserdados e iletrados e que nos diz que a porta de entrada na sua amizade passa pelo amor ao povo que sofre e ama. E amar a Deus significa amar esse povo que vive e faz história conosco.
            E a Palavra de Deus nos faz lembrar que ser cristão significa ser missionário do bem, do amor, da justiça. Isso supõe o desmascaramento dos ídolos que mantém o povo à margem da vida e das celebrações que cultivam um deus falso e um culto vazio.
            O compromisso missionário é dos cristãos e das comunidades eclesiais. É dia de oração. Dia de ofertas generosas. Antes de tudo um dia de avaliação pessoal e comunitária. As missões não são apenas uma atividade da Igreja ou um dia do calendário pastoral. A fé que recebemos como dom e bênção não sobrevive nem se sustenta sem o mergulho no compromisso missionário e profético.
            A liturgia nos leva a olhar para o Senhor de braços abertos e olhar fixo no horizonte da missão e nos campos imensos que esperam operários e ceifadores. O que podemos e vamos fazer para contribuir no anúncio da Palavra do Senhor: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma e todo o teu entendimento’. ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. É o resumo de toda a Bíblia!
            Ao definir o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo, o resumo da lei e de toda a mensagem bíblica, costumo pensar na qualidade desse amor. Vivemos um tempo, em que os contra valores engolem nossa sociedade, levando-a ao consumismo, egoísmo, hedonismo e individualismo. Será que nosso amor tem sabor divino? Enquanto criados à imagem e semelhança de Deus, somos capacitados a amar um amor com sabor de Deus mesmo. Porém, nunca antes houve tanta depressão e descontentamento com nossa imagem. Penso que ao criar-nos à Sua imagem e semelhança, nem régua Deus usou. Moldou-nos segundo Seu amor profundo por cada um de nós, Suas criaturas prediletas. Nem sempre nos damos conta disto. Por isso, penso que amar a Deus e o próximo como a mim mesmo, implica num terceiro mandamento: amar-me a mim mesmo como Deus me criou e moldou. Isso nem sempre é fácil. Quantas intervenções cirúrgicas plásticas vemos acontecer mundo afora, com a desculpa de melhorar a auto-estima? Para mim, não existem pessoas feias, a não ser em suas atitudes, comportamentos e relações com os semelhantes. Logo gosto de dizer assim: amar a Deus e ao próximo como a mim mesmo, do jeito que cada um é, e não como gostaríamos que fosse. Se eu não for capaz de aceitar-me como sou e amar-me do jeitinho como Deus me moldou, também não serei capaz de amar meu próximo e muito menos a Deus.
            Não esqueçamos de devolver o envelope da Coleta para as Missões. Mesmo que a Coleta tenha sido semana passada, ainda há tempo, para os que esqueceram. Seja esta coleta o fruto saboroso, a partilha de nossa pobreza em favor das Missões. A coleta não poderá ser uma simples esmola ou migalha, mas um valor considerável que demonstre nossa generosidade. Deixar de consumir algo em favor de quem precisa mais do que nós, agrada o coração de Deus. A indiferença e insensibilidade para com as Missões, desfigura nosso compromisso de sermos uma verdadeira Igreja de Jesus Cristo, totalmente missionária e ministerial.
                        Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper

(Ler Ex 22,20-26; Sl 17(18); 1 Ts 1,5-10 e Mt 22,34-40).