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sexta-feira, 5 de julho de 2013

HOMILIA PARA O DÉCIMO QUARTO DOMINGO COMUM DE 2013


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!

“Provai e vede quão suave é o Senhor!

Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!”
 

            A Igreja de Jesus Cristo é missionária, discípula e ministerial, ou não é a Igreja de Jesus Cristo. Todo cristão, só é realmente cristão, se for empenhado no contexto da conceitualização desta Igreja! Ser outro Cristo é sair pelo mundo cheirando à paz! Temos acompanhado com grande esperança as manifestações por um Brasil melhor: mais justo, mais honesto, menos corrupto, que vise a promoção da dignidade de seus cidadãos. Oxalá continuemos promovendo manifestações parecidas, mostrando àqueles que elegemos, que não somos cegos, surdos e nem “marionetes” nas demagogias e falcatruas políticas dos demasiados partidos políticos que fazem escorrer pelos dedos, os volumosos impostos pagos por brasileiros tão subestimados e maltratados por educação improvisada, saúde sucateada e necessidades básicas inflacionadas. Maquiar a Economia é no mínimo diabólico. Desde a década de 1980, mais precisamente das “Diretas Já” ouvem-se promessas de Reformas Política, Econômica e Judiciária. O que nos indigna é o desinteresse, a insensibilidade e descaso de nossos políticos para com o Povo Brasileiro. Não posso crer que algum brasileiro seja contra as Copas e a construção dos Estádios construídos em tempos recordes. O que nos indigna são as ferrovias, os hospitais, as escolas, as estradas licitadas, iniciadas e abandonadas há décadas de sul a norte do rico País com milhões de indigentes, pobres e infelizes. Enquanto tivermos um brasileiro passando fome, precisando aguardar três meses para poder agendar uma consulta médica, sendo assim, obrigado a adiar a enfermidade e as dores decorrentes, seremos um País Injusto. As migalhas de Bolsas Família, Escola e agora até Copa para os mais pobres do Brasil são a maior vergonha que possa existir. Se nossos políticos conseguirem sobreviver com uma dessas Bolsas, darei o braço a torcer. Quanto se gasta numa ida ao Shopping? Tais bolsas além de não matar a fome do cidadão, não lhe permitem nem utilizar o transporte público, mensalmente. Mas tudo deve ser conquistado na Paz! Violência já é o próprio Sistema Capitalista Neoliberal Selvagem ao qual nosso povo é subjugado todos os dias!

            A Paz! Podemos dizer que revivemos hoje, um mesmo anúncio do tempo dos profetas e do tempo dos discípulos de Jesus: o anúncio da Paz.

            A comunidade dos judeus recebe pela boca do Profeta Isaías a missão de levar ao mundo inteiro a paz, isto é, a harmonia com Deus e com todos os seres humanos. A mesma missão é confiada por Jesus aos setenta e dois discípulos. Os setenta e dois representam a assembleia guiada pelo espírito de Deus. São nossos agentes de Pastorais, Serviços e Movimentos, nossas Comunidades que vivem uma fé madura e comprometida com a vida proveniente do “sepulcro vazio” do Ressuscitado. Eles têm de sair pelos caminhos e pregar ao povo a chegada do Reino de Deus, anunciando ‘Paz a esta casa’, a esta família.

            Esta paz, que, na Bíblia, pode ser traduzida também por ‘felicidade, cidadania, dignidade’, não significa apenas silêncio das armas, ‘mas, sobretudo a harmonia com Deus e com todos os seus filhos: o bem-estar conforme o plano de Deus. É a síntese de todo o bem que se pode esperar de Deus; por isso, vai de par com o anúncio de seu Reino. Essa paz não cai como um pacote do céu, nem se faz em um só dia. É fruto da justiça (Hb 12,11; Tg 3,18). A paz cresce em meio às vicissitudes da história humana, em meio às contradições. Mas fé que fixa os olhos na paz que vem de Deus nos orienta em meio a todos os desvios. Anunciar a paz ao mundo, apesar de todos os desvios, é como as correções de rota que um avião continuamente tem de executar para não se desviar definitivamente. Jesus manda seus discípulos com a mensagem da paz, para que o mundo se anime a continuar procurando o caminho do Reino.

            ‘A Palavra proclamada neste domingo nos motiva a sonhar com um mundo de paz, a qual é como o rio que irriga a plantação. Construída pelos que se põem a serviço do reino, ela faz florir a alegria e a vida nova na sociedade que traz as marcas do sofrimento e da violência.

 Cristo venceu o mal pelo amor e nos envia como suas testemunhas. Ele nos fortalece na eucaristia para que nos gloriemos de sua cruz – da qual nasce a nova criação – e sejamos vencedores de tudo o que diminui a vida humana’ (cf. Liturgia Diária de Julho de 2013 da Paulus, pp. 30-32).

Entrando para o concreto da vida, ‘anunciar a paz de Cristo acontece não só por palavras, mas por atos. Não basta falar da paz, mas é preciso mostrar em que ela consiste, realizando atos exemplares. É preciso, também, construí-la aos poucos, pacientemente, pedra após pedra, implantando passo a passo novas estruturas, que eliminem as que são contrárias à paz. Muitas pessoas entendem paz como ‘deixar tudo em paz’. Mas a paz não é tão fácil assim! Por isso Jesus manda anunciar a paz como algo que vem juntamente com o Reino de Deus. Devemos transformar aos poucos o mundo para que este anúncio não fique uma palavra vazia” (cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I de 2013 da CNBB, pp. 66-72).

Sejamos pessoas da paz, o que não significa que nos conformemos com Políticos Condenados pela Suprema Corte do País, continuarem usufruindo de “decoro parlamentar”, bem como de nossos impostos para gastarem os milhões que ganham, rindo e debochando dos que os elegeram equivocadamente um dia. Não podemos conformar-nos que os detentos gastem mais de mil reais mensais nas penitenciárias, enquanto os trabalhadores sofridos pelos (des) serviços dos Governos são obrigados a contentarem-se com R$ 680,00 mensais fora os descontos e impostos a que são obrigados. A paz se conquista com inteligência e com a força do Espírito Santo; com a unidade do povo de bem. Imaginemos deixar um dos magníficos Estádios construídos para a Copa do Mundo vazio numa Final da Copa das  Confederações? A Presidenta que já anunciou a Bolsa Copa não teria como intervir ao invés, que os comprovados corruptos e as empresas que receberam a verba e não concluíram as obras públicas como estradas, hospitais e escolas, devolvessem todo o dinheiro desviado? O dinheiro roubado, como no caso do mensalão, se não devolvido, continuará não corrigido, o que significa erro grave contra a justiça e contra cada centavo de todos os cidadãos brasileiros. Sejamos pessoas da paz, exercendo, entretanto, nossa cidadania em favor da dignidade de cada um que se digna ser chamado cristão. O Reino de Deus é um Reino de Justiça! Onde não impera a Justiça, não há Reino de Deus!

Sejam muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço amigo,

Padre Gilberto Kasper

(Ler Is 66,10-14; Sl 65(66); Gl 6,14-18 e Lc 10,1-12.17-20).