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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

A FRAGILIDADE HUMANA!

 

A FRAGILIDADE HUMANA!

 

A maior fragilidade humana não está na complexidade de seu organismo, mas se revela quando entra em crise. Os antônimos nos esclarecem melhor a natureza das coisas ou, pelo menos, nos dão maior apreço pelos valores positivos. Assim se aprecia melhor a luz quando se vê seu contraste com a escuridão; o dia fica mais significativo quando comparado com a noite. A saúde fica melhor ressaltada em comparação com a doença. Ou como se costuma dizer: só conhece o valor da saúde quem ficou doente.

          Há hoje um consenso em não restringir a saúde a uma questão biológica. Ela envolve valores psicológicos, sociais, espirituais, econômicos e religiosos. Pode ser definida como bem-estar físico, psicológico, social, econômico, espiritual e religioso. A ausência de algumas dessas dimensões constitui crise e deve ser considerada doença.

          Pela constituição unitária da pessoa humana, todos estes fatores se influenciam mutuamente. Uma disfunção orgânica no ser humano não tem o mesmo significado que num animal ou numa planta. Por isso não pode ser tratado do mesmo modo. É exatamente o que deveria distinguir o médico do veterinário e do ambientalista. Nós somatizamos nossos problemas psíquicos, sociais, econômicos e religiosos.

          São João Paulo II, Papa, após longa convalescença, resultante do atentado que sofreu na Praça São Pedro, escreveu uma encíclica sobre o sofrimento, apontando para a dimensão redentora da doença. São Paulo nos garante que tudo colabora para o bem daqueles que amam a Deus. Portanto, a enfermidade não pode ser considerada apenas sob o prisma clínico, nem superada apenas por ingredientes farmacológicos. Altíssima percentagem das doenças tem fundo psicológico. Não serão certamente os psicotrópicos que terão a última palavra no seu tratamento!

          A questão do bem-estar é fundamental para a vida humana. Faz parte das exigências da promoção do bem-comum. Não é, pois, questão meramente individual. Seu tratamento segue o princípio da subsidiariedade, que garante condições para que cada pessoa possa realizar-se e viver condignamente na sociedade que integra.

          Saúde não é, em primeiro lugar, questão de hospital, do mesmo modo que cuidar da vida não é lamentar a morte. Hospital é para doente que não tem condições de vida na sociedade. Assemelha-se ao presídio, ao qual são recolhidas as pessoas que não conseguiram conviver adequadamente com seus semelhantes. Não se compara à escola para onde vão os que querem aprimorar-se para uma vida mais plena, nem à empresa que congrega as pessoas capazes de dar algo de si.

          Enfermidade é problema e indica fragilidade. Mostra que somos mortais. Mas, em muitos casos, denota falhas graves na prevenção e, mais ainda, excessos e desvios de comportamento, principalmente na alimentação. Não somos só vítimas de pestes provocadas pelos homens, mas também somos muitas vezes nossos próprios algozes, pelos excessos de bebidas, de comidas, de drogas, de esportes, da velocidade, de relacionamento humano, de falta de religiosidade... Toda carência e todo excesso, seja de ordem material ou social, espiritual ou religioso, afeta nossa vida (cf. Fonte: GRINGS, Dadeus. Cartilha da Saúde – Um Apelo da Bioética. Presscom. Porto Alegre (RS), 2008, pp. 30-31).  A fragilidade humana espera de cada cidadão, mudanças de hábitos com profunda conversão, coerência e bom senso!



Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

O MÊS DA BÍBLIA DE 2025!

 

O MÊS DA BÍBLIA DE 2025!

 

 


Embora todo mês de setembro seja dedicado à Bíblia, o Dia da Bíblia é celebrado na memória de São Jerônimo a 30 de setembro, que além de presbítero e doutor da Igreja, é o Patrono dos Biblistas, os que se debruçam sobre o aprofundamento do estudo da Bíblia. O século IV depois de Cristo, que teve o seu momento culminante no ano de 380 com o edito do imperador Teodósio no qual se estabelecia que a fé cristã devesse ser adotada por todas as populações do império, está repleto de grandes figuras de santos: Atanásio, Hilário, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo, Basílio e Jerônimo, dálmata, nascido entre 340 e 350 na cidadezinha de Strido. Romano de formação, Jerônimo é um espírito enciclopédico. Sua obra literária nos revela a cada instante o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e robusto ao mesmo tempo. A ele devemos a tradução em latim do Antigo e Novo Testamentos, que se tornou, com o título de Vulgata, a Bíblia oficial do cristianismo.

          Jerônimo é uma personalidade fortíssima: em toda parte por onde vai suscita entusiasmos ou polêmicas. Em Roma ataca os vícios e hipocrisias e preconiza também novas formas de vida religiosa, atraindo para elas algumas influentes damas patrícias (de Roma), que o seguiram depois na vida eremítica de Belém. A fuga da sociedade deste exilado voluntário era um gesto ditado por um sincero desejo de paz interior, não sempre duradouro, uma vez que, para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando com algum novo livro. Os "rugidos deste leão no deserto" eram ouvidos tanto no Ocidente como no Oriente. Suas violências verbais não perdoavam ninguém.

          Este homem extraordinário estava consciente de suas próprias culpas e de seus limites (batia-se no peito com pedras por causa dos seus pecados), mas estava consciente também dos seus merecimentos. No livro Homens Ilustres, onde apresenta um perfil biográfico dos homens ilustres, conclui com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu aos 72 anos, em 420, em Belém, como Patrono dos Biblistas “O mundo atual apresenta inúmeras características novas, que desafiam o sacerdote em sua missão de anunciar a Palavra de Deus” (Cf. Subsídios Doutrinais da CNBB nº 5).

          Todos os anos a CNBB escolhe um dos livros da Bíblia a ser aprofundado. “Em 2025 o destaque será a Carta de São Paulo aos Romanos, tendo como lema: ‘A esperança não decepciona’ (Rm 5,5)”. Neste ano de 2025 “a reflexão ganha, ainda mais força por estar em sintonia com o Jubileu, cujo tema é ‘Peregrinos de Esperança’ (Cf. Site da CNBB).

          Um dos Grupos de Estudos Independentes da Faculdade de Teologia no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, neste semestre, aborda justamente a Carta de São Paulo aos Romanos, assessorado pelo Profº Dr. Pe. Pedro Luís Schiavinato, Mestre em Sagrada Escritura pelo Instituto Bíblico de Jerusalém e Doutor em Bíblia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, e que oferece inúmeras Escolas Bíblicas em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, enriquecendo o Pilar da Palavra de nossas Diretrizes da Ação Evangelizadora Arquidiocesana.

A Palavra de Deus Revelada, precisa ser amada mais e vivida melhor. Procuramos, em nossas comunidades, aprimorar “A Ação Querigmática em seu conteúdo: ‘Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo’, e em sua forma: ‘oração, acolhida, diálogo assertivo e anúncio’ com o esforço da conversão” (Cf. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva, Assessor da CNBB na Dimensão Bíblico-Catequética).  

 Neste mês de setembro distribuímos exemplares da Bíblia em todas as celebrações na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres como também na Igreja Santa Teresa D’Ávila no Jardim Recreio em Ribeirão Preto, a fim de “que o mês da Bíblia de 2025 seja um tempo de renovação da fé e de fortalecimento da esperança cristã” (Cf. Site da CNBB).

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

O ESTADO BRASILEIRO JUDICIALIZADO, POR QUE?

 

O ESTADO BRASILEIRO JUDICIALIZADO, POR QUE?

 


          Não sou partidário, até porque os tantos partidos de nosso País dividem, ao invés de somarem, desunem ao invés de unirem o povo tão bom, trabalhador e sofredor de um Brasil tão gigante. Tem-se a sensação de que o Brasil está de cabeça para baixo, de pernas para cima. Afirmar que as Instituições caminham em harmonia e independência, é no mínimo ingênuo, senão diabólico. Há muito não se via tamanha disputa por poder e ganância por blindagem. Que exemplo deixam para nossas crianças e adolescentes? “Quer ser um criminoso impune, candidate-se a deputado, senador ou a qualquer cargo político”! Não é isso que assistimos, daqueles em quem colocamos nossa confiança, através do voto?  

 

A crise política, econômica, social e ética de nosso País traz uma avalanche de incertezas e já não se sabe mais em quem acreditar, como traçar perspectivas e esperanças, não obstante se saiba que muitas vezes as crises são como que “úteros de esperança”. O que não se prevê, é quando nascerá o fruto desse “útero” e a “esperança” volte a embalar nosso amado e tão explorado povo. Impõe-se o Estado Brasileiro judicializado, porque os Poderes Constituídos: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário disputam entre si. Medem forças; um desfaz o que o outro determina, principalmente no que diz respeito à interpretação ao invés da defesa da Constituição. Impõe-se certa insegurança jurídica, quando farpas e linguagens de baixo nível ocupam o cenário até mesmo entre os Ministros da Suprema Corte. É notório que entre os Ministros do STF há dois grupos: um a favor da “impunidade” e outro a favor da justiça para com o Povo Brasileiro tão “saqueado” por figuras que se sentem blindadas, até porque pagam os melhores advogados com o dinheiro “roubado” dos cofres públicos, dinheiro esse que lhes garante uma vida de ostentação. Riem de suas próprias vítimas e pior, intimidam Juízes que devem julgá-los. De repente o julgador passou a ser chamado de incompetente, simplesmente por ter cumprido com o seu dever de julgar e determinar a sentença justa. O Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a Constituição, vai e volta em suas decisões. Ora condena e manda prender, ora solta e anula todo um processo. Pior: os condenados soltos se apresentam como inocentes e vítimas, merecedores de vultuosas indenizações por parte de quem os investigou, julgou e condenou. O Povo jamais compreenderá essa inversão, mesmo que juridicamente sustentada.

 

Os Deputados e os Senadores que formam o Congresso Nacional são os legítimos representantes do Povo, bem ou mal, eleitos pelo voto direto e livre. Grande parte deles certamente nunca mais será reeleita, porque decepcionam a cada sessão os cidadãos que a acompanha e a assiste em sua missão de legislar. Enquanto se afirma que o Executivo é ilegítimo, mas não se promove com zelo e sensibilidade política o bem comum, devolvendo aos brasileiros a dignidade que lhe foi devorada por bilhões de desvios de verbas provenientes de corrupção, propina e tantos outros crimes revelados pela Operação da Lava Jato, por exemplo, não se tem moral e muito menos direito de “parar” a vida do Povo que já paga os impostos mais altos do mundo.

Enquanto o Congresso só pensa no próprio umbigo, faz oposição por fazer, tenta obstruir a Justiça aos gritos e se comporta sem nenhum decoro parlamentar, é o Povo simples que sofre e é tratado como se não tivesse cérebro.

Penso que ninguém está acima da lei. O Estado Brasileiro judicializado tampouco tem garantido o lema de nossa Pátria: Ordem e Progresso! Precisamos de uma Reforma tanto política como judiciária urgente.

Mais do que processos criminais, prisões, delações premiadas e ferrenha oposição ao Governo, o Brasil precisa urgentemente reencontrar o caminho da esperança, a fim de que o Povo volte a acreditar em dias melhores numa das mais ricas Nações do mundo, explorada e roubada desde o seu descobrimento. A Cultura da Corrupção não tem seu início no Congresso e nos Cargos que nossos Políticos ocupam. Ela, a corrupção é uma cultura que nasce na educação de berço, entre as barganhas familiares, as negociatas entre pais e filhos. Pais comprando ao invés de cobrar deveres essenciais dos filhos, desde obter boas notas na escola ao colaborar nos pequenos serviços do lar. Enquanto a Família declinar à corrupção doméstica (O que vou ganhar com isso?), será sempre necessário que o Estado Brasileiro seja judicializado!

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo