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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

A QUARTA-FEIRA DE CINZAS!

 

A QUARTA-FEIRA DE CINZAS!


 

A Quarta-Feira de Cinzas, celebrada na próxima semana, inicia na Igreja um período de quarenta dias de preparação à principal Festa dos Cristãos: A Páscoa do Senhor!  Daí o nome: QUARESMA! É um tempo muito rico e que nos propõe alguns exercícios penitenciais, que visam melhorar nossa qualidade de vida, como cristãos, filhos de Deus e irmãos uns dos outros. A Quaresma vai da Quarta-Feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa, exclusive. A Igreja prescreve tanto para a Quarta-Feira de Cinzas, como para a Sexta-Feira Santa um Dia de Jejum e Abstinência o que não significa que ao longo deste tempo não se façam tais ou outros exercícios que nos levem a uma maior solidariedade e fraternidade para com os mais pobres.

              

Os exercícios quaresmais de penitência são: a oração, o jejum e a esmola! Os cristãos são chamados a aprimorar a qualidade de sua relação com Deus através de maior tempo de recolhimento e oração, na meditação da Palavra e na escuta da vontade de Deus para com a humanidade; a aprimorar a qualidade de sua relação consigo mesmos através do jejum e a aprimorar a qualidade de sua relação com os irmãos menos favorecidos, através da esmola, que melhor soaria como partilha!

                

Nossa oração, como diálogo, só é capaz de chegar ao coração de Deus, quando brota do nosso próprio coração. Do contrário seria a mesma coisa, como falar num telefone desconectado. Nosso jejum não pode reduzir-se a uma simples dieta que nos ajude a emagrecer, porque deixamos de consumir certas guloseimas que geralmente engordam. Não podemos esquecer que nossa região possui um dos lixos mais luxuosos do Brasil, ou seja, comida manufaturada jogada no lixo. Mais esbanjamos do que consumimos do necessário. É a comida que sobra nos pratos por conta de etiquetas já ultrapassadas ou que azeda nas panelas de nosso povo. Nossa esmola não pode reduzir-se a um simples desencargo de consciência ou ato de dó. Deve transcender ao esforço de que todos, principalmente os que têm menos do que nós, possam viver com igual dignidade humana.

               

A Campanha da Fraternidade sugere a Coleta da Solidariedade que acontece em todas as Comunidades do Brasil no Domingo de Ramos. O resultado dessa Coleta é investido em projetos de promoção humana, favorecendo os que tantas vezes nossa sociedade de consumo exclui, mas que sempre foram os preferidos de Deus. Gosto de sugerir que esta Coleta seja o resultado dos exercícios quaresmais de penitência: a oração, o jejum e a abstinência que remetemos aos mais pobres do que nós. De nada valerá contribuir com a Coleta da Solidariedade, colocando determinado valor que não nos faça falta. Mas se nossa contribuição for o resultado do nosso jejum e de nossa abstinência, durante os quarenta dias da Quaresma, o valor será agradável a Deus e produzirá frutos saborosos em benefício dos mais necessitados. Sugiro que façamos as contas de quantos refrigerantes, sorvetes, carnes ou outros prazeres deixaremos de consumir por conta de nosso jejum e de nossa abstinência. O resultado destes é que deveria ser oferecido no dia da Coleta e jamais uma quantia qualquer. Nosso jejum e nossa abstinência só agradarão ao coração de Deus, enquanto forem revertidos em benefício de quem tem menos do que nós.

 

Neste ano o tema da Campanha da Fraternidade nos convida a debruçar nossa consciência, de modo ainda mais contundente, como “guardiões da Criação” (...) “atentos aos perigos constantes que ameaçam a dignidade de todo ser humano e a integralidade da Casa Comum”: Fraternidade e Ecologia Integral, com o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

 

Um jejum que costumo adotar, bem como sugerir aos meus interlocutores é o “jejum da língua”. Durante a Quaresma não falar nada mal de ninguém. Parece um exercício fácil, porém é uma difícil penitência, passar quarenta dias sem falar nadinha mal de quem quer que seja. Se não souber nada de bom das pessoas com quem convivo, devo calar-me. Esse jejum talvez seja mais difícil em tempos de tantas Fake News, porém deverá agradar ao coração misericordioso de Deus. Qual pai quer ouvir seus filhos falando mal uns dos outros? Se Deus é nosso Pai, devemos nos comportar como irmãos que se respeitam, que se querem e que se amam muito!

               

Sejamos, nesta Quaresma, melhores do que em todas as anteriores. Assim seremos mais autênticos diante de Deus, de nós mesmos e dos outros.

 

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O QUÉ VERDADE E O QUE É FICÇÃO?

 O QUÉ VERDADE E O QUE É FICÇÃO?

Todas as semanas assistimos desmandos, escândalos, obras superfaturadas e inacabadas Brasil afora. Estradas, Escolas, Hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), enfim bilhões de reais desviados de seu verdadeiro destino, subjugando os brasileiros a situações desumanas, vergonhosas e de visível indigência.

Por outro lado, sabemos que milhões de reais são gastos, mensalmente, para manter os políticos que já não representam mais seus eleitores no Congresso Nacional: tanto na Câmara dos Deputados como no Senado da República. Falam em “coro desafinado” em contenção de gastos como desligar ou trocar algumas lâmpadas, mas nem de longe admitem a redução de gastos pessoais ou com seus próprios gabinetes.

Sempre pensei que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tivesse sido criado para garantir a cidadania dos brasileiros, os mais vulneráveis, contemplados por Projetos Sociais, que em nome do Governo busca garantir a dignidade da pessoa em situação de vulnerabilidade social, como crianças, adolescentes, jovens, enfermos, adultos e idosos que vivem uma verdadeira indigência nas periferias de nossa sociedade. Ao invés, como eu já previa há alguns anos, o BNDES também não escapa do cruel desvio de sua finalidade. Banca interesses escusos; enriquece da noite para o dia, grupos empresariais suspeitos de alta periculosidade; é utilizado para encobrir desfalques e propinas tão cruéis como foi o “Mensalão” e nem por último os volumosos desvios da Petrobrás, investigados pela Lava-Jato, que de mocinha simplesmente virou bandida, por um Judiciário que anda cada vez mais na contramão da justiça, aquela justiça pregada por Jesus nos Evangelhos. Com um “Juri diques” incompreensível aos fiéis comuns, justificam suas decisões, os que “mamam” nas mesmas “tetas” das Facções Organizadas! Que decepção!

Não sei ao certo o que é verdade e o que é ficção. O que sei, é que o BNDES deixa de cumprir com sua finalidade no momento em que a Assistência Social, a Saúde Básica, a Educação e a Infraestrutura nas realidades concretas de nossos Municípios vivem uma agonia sistêmica como se estivessem em fase terminal.

O que me parece ficção é afirmar que o Brasil está crescendo, quando vemos milhares de pessoas morrendo em corredores de Hospitais, milhares de crianças e adolescentes sem Escola com mínimas condições e esgoto a céu aberto de sul a norte de nosso País. O que me parece delírio é saber que o BNDES não contempla nossa realidade indigente, mas empresta nosso dinheiro tão suado e solapado mensalmente com impostos e juros absurdos, para Países da África e da América Latina. Os rombos não param de vir à tona,

enquanto se obriga os “Filhos da Pátria” a pagarem a conta sempre, desde impostos velados sobre tudo que se consome, ao cruel Imposto de Renda que os Aposentados pagam tão injustamente. E não adianta transferir culpa deste para aquele Governo. É o que acontece há décadas, sem dó nem piedade por Governos Parlamentares Opressores tanto quanto por Governos Populistas e Paternalistas. Não nos bastam mais as esmolas de Bolsas daqui e dali. Precisamos e merecemos é de oportunidades, respeito e dignidade!

Pe. Gilberto Kasper

Teólogo



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

TEMPOS DESAFIADORES!

 TEMPOS DESAFIADORES!


Vivemos uma crise marcada por tempos desafiadores e pela perda de consenso. Isto nos desestabiliza em nossas raízes. Rompeu-se aquela unidade de raiz e já não ycaminhamos todos na mesma direção. Em vez de existir uma   unanimidade e comunhão, não me refiro à uniformidade, já que nossa riqueza cultural se inspira no respeito em relação à diversidade, típica do Brasil. Nossa sociedade é hoje plural e policêntrica. Sentimo-nos dispersos, muitas vezes sem rumo, com dificuldade de captar o sentido da vida e chegar à verdade. A vida pessoal e social fica cheia de dificuldades, às vezes até comprometida em seu equilíbrio. Estamos em meio a uma crise de paradigmas.

Esta situação aponta para uma consciência ética desorientada, numa “crise em torno da verdade” como escreve São João Paulo II em suas Cartas Encíclicas Fides et Ratio e Veritatis Splendor. Hoje, o pensar e o agir partem do próprio indivíduo, o que pode levar a um deslize individualista comprometedor. Por isso, faz-se necessário acionar a capacidade ética e teológica, enquanto capacidade humana de discernimento, de examinar tudo, mas ficar com o que é bom, como nos diz São Paulo (1 Ts 5,21). Se assim for, o ser humano sentir-se-á respaldado, caminhando mais seguro neste tempo desafiador da história.

Quantas vezes o novo nos assusta. São tantas as novidades, o que provoca um certo medo. Por isso, chegou a hora de recriar as bases que possam sustentar o humanum (o ser humano em sua raiz mais profunda, chamada também de ethos), em meio a uma cultura emergente que, marcada pela Modernidade, já é portadora de traços nítidos da Pós-modernidade. Precisamos dedicar nisto os melhores esforços, pois aqui se decide o futuro. Precisamos compreender e nos situar neste novo tempo para alimentá-lo com o Evangelho, colocando Jesus Cristo no centro. Eis o que nos propõe o Ano Santo do Jubileu Ordinário: Sermos Peregrinos de Esperança!

Necessitamos de um itinerário ético, com clareza no tocante aos engajamentos morais, nutridos da fidelidade ao Evangelho, da fidelidade à nossa história, da centralidade de Jesus Cristo, da experiência de Deus. Só assim responderemos com adequação e perspicácia aos atuais desafios que enfrentamos, por conta da Inteligência Artificial, que não poucas vezes tenta tomar o lugar do ser humano, na Igreja e no mundo. Faz-se necessário apoiar a pessoa humana em seu processo educativo, no despertar da fé e na formação da consciência; é um percurso marcado pela unidade da pessoa, pela gradualidade no passo a passo que leve à coerência de vida. Todo este processo tem a ver com a totalidade da pessoa humana, em todas as suas dimensões: corporal, psicoafetiva, social e espiritual. Não podemos descuidar dos referenciais que dão suporte para que a pessoa possa crescer em espírito e vida, como nos diz São João (Jo 6,63).

Além disso, importa anunciar às pessoas de todas as idades uma proposta de vida concreta e atraente nesse tempo que tanto nos desafia. O crescimento será contínuo e a conversão permanente, de tal forma que comprometa a vida das pessoas por inteiro, chamadas a desenvolver a própria dimensão humana e cristã, na vivência do Evangelho. Precisamos de uma moral que cative as pessoas a crescerem na graça de Deus, atraídas pelos valores, sustentadas pelas virtudes, na clareza de uma opção fundamental de vida. Antes de dizer “não”, pronuncie-se o “sim” a ser buscado, levando as pessoas a crescerem porque se sentem cativadas, mesmo que algum “não” faça parte do caminho para a maturidade e a integração. Contemplemos com larga esperança o futuro, porque somos Peregrinos de Esperança!

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

OS QUE ROUBAM MILHÕES!

 OS QUE ROUBAM MILHÕES!


Gosto de pensar que só tem autoridade aquele que fala, age, vive e convence pela coerência e por meio do bom senso. Geralmente as pessoas constituídas de autoridade, quando incoerentes entre o que pensam, falam e fazem, são fortes diante dos fracos, porém fracas diante dos fortes. Forte é quem age com sabedoria e transparência. Forte é quem cumpre com a palavra e convence pelo exemplo de vida. Forte é o amigo da verdade e que não consegue mentir, nem que o sistema no qual se encontra inserido, ou a sociedade hipócrita que se lhe impõe viver de aparências, tentem induzi-lo à mentira, não poucas vezes deslavada e vergonhosa.

O projeto que pune abuso de autoridade de juízes e procuradores e que ainda é criticado pelo Judiciário continua tramitando no Congresso Nacional. Há entre deputados e senadores eleitos e reeleitos muitos interessados em intimidar o Poder Judiciário. Principalmente os que há décadas se utilizem de seus cargos, sobrevivendo de falcatruas que enriqueceram ilicitamente, desviando valores volumosos de seus destinos, lesando desse modo milhões de brasileiros de seus direitos e acesso à saúde, educação, infraestrutura, assistência social e necessidades básicas.

É no mínimo estranho que se busquem foros privilegiados aos que eleitos para servir a nação, simplesmente a roubam e ainda se sentem no direito de vergonhosa blindagem. A lei deve ser aplicada a todos igualmente: aos que roubam um pote de margarina num supermercado, e que geralmente são presos em flagrante, como aos que roubam milhões de reais para viverem escandalosamente enriquecidos com o suado dinheiro destinado ao bem-estar dos brasileiros, que tantas vezes são vítimas de vilões vestidos de terno e gravata, posando de “senhores da lei”. Os que legislam em proveito próprio e em detrimento dos trabalhadores honestos deste País campeão da disparidade entre pobres e falsos ricos. Penso nos falsos ricos, quando me refiro àqueles que só conseguem enriquecer materialmente “roubando, corrompendo e desviando” dinheiro alheio. Penso naqueles (não são todos) que igualmente incitam seus Colegas de Câmara Federal e Senado a “calarem Juízes e Procuradores da República” com a desculpa de hermenêutica equivocada em relação à corrupção e verbas desviadas de suas verdadeiras finalidades. Blindar homens públicos como esses, é institucionalizar o crime de maus políticos! Por que, então, os que roubam milhões não seriam ladrões?

Como se faz necessário que o Poder Judiciário seja mais ágil no julgamento dos processos. Que as sentenças não se reduzam a prisões, delações (colaborações) premiadas, mas na repatriação dos valores roubados. 

Se a Justiça fizer com que sejam devolvidos os rombos da corrupção, da propina e de tantos outros desvios de verbas, seguramente não faltariam recursos para a Saúde, Educação, Assistência e Previdência Social, Necessidades Básicas de nosso Povo que é bom, pacífico e não merece continuar sendo enganado por uma dezena de maus políticos, que comprometem toda a classe e semeiam desesperança no coração de um povo tão cheio de vida e de esperança por dias melhores.

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo