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quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

DEUS PERDOA SEMPRE, O HOMEM DE VEZ EM QUANDO, A NATUREZA JAMAIS!

 DEUS PERDOA SEMPRE, O HOMEM DE VEZ EM QUANDO, A NATUREZA JAMAIS!



Todos os dias temos assistido desastres climáticos. Uns mais assustadores do que outros. Terremotos, as já sempre esperadas enchentes de verão em nosso amado Brasil, com desabamentos de morros derrubando casas e levando não somente os imóveis, mas ceifando vidas e mais vidas, rodovias se partindo ao meio, avenidas de grandes metrópoles e cidades menores mais parecendo rios com correntezas violentas arrastando tudo que encontram pela frente, como automóveis e nem por último pessoas.


Os geólogos têm dito que tudo isso já é previsto. Que desastres naturais acontecem mesmo, de tempos em tempos, que placas subterrâneas se movem e se acomodam, e por isso há a erupção de vulcões adormecidos e que terras tremem, marés sobem vultuosamente com tais deslocamentos.


De um lado a água, de outro o fogo (as queimadas acidentais ou criminosas), sem falar nas fortes tempestades com raios e ventos de velocidades nunca antes vistos, são os gemidos da natureza machucada pela humanidade, especialmente por alguns governantes que se autodenominam “deuses” sobre seu povo já tão cruelmente sofrido. Quem e o que não é de Deus cai. Um dia cai. Lamento que muitas vidas inocentes caem junto.


Os ambientalistas advertem há décadas, de que o desrespeito para com a natureza surpreenderá os habitantes do Planeta com catástrofes, como as que assistimos agora. Desmatamentos, explorações e grilagens ilegais, invasões irregulares de Biomas, que deveriam ser protegidos tanto pelo Estado como por seus cidadãos, as tímidas políticas públicas, que contemplem especialmente moradias dignas para milhões de brasileiros que ainda vivem em barracos, comunidades (favelas), nas encostas de morros perigosos, criaturas humanas obrigadas a viverem como bichinhos engaiolados, por conta de uma Cultura de Sobrevivência.


A ganância de alguns que se endeusam sobre a maioria das pessoas, pode ser uma atitude que promova as catástrofes naturais, a cada ano mais frequentes. Porém, na hora em que a natureza reclama seu espaço de volta, não escolhe pobres ou economicamente privilegiados. É verdade de que os mais vulneráveis, aqueles que sobrevivem em casebres, barracos nas encostas dos morros que tantas vezes deslizam, são os que mais sofrem e até morrem nessas tragédias. Mas a natureza também engole automóveis importados, mansões, sítios e fazendas de alto nível.


 No ano passado foi a vez do Rio Grande do Sul, que aparentemente se reergueu. Mas centenas de pessoas ainda vivem em abrigos ou barracos, porque não conseguiram reconstruir suas modestas residências. Sem falar da exploração dos se acham mais espertos sobre a desgraça das vítimas das enchentes. Outras regiões do País, como Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais tampouco escapam de tragédias parecidas, causando estragos incalculáveis e ceifando dezenas de vidas. E assim foram interrompidos tantos sonhos de pessoas queridas e trabalhadoras, que ao longo de um ano inteiro economizaram seu dinheirinho para usufruir os feriados em regiões que há mais de 70 anos não viam tamanha tragédia natural.


De quem seria a responsabilidade de tudo isso? Penso que é hora de olharmos para dentro de nós. Procurar culpados fora de nós, pode não nos responder à pergunta: De quem é a culpa? De Deus? Do Homem? Da Natureza? Ora, Deus perdoa sempre, o homem de vez em quando, a natureza jamais.


Enquanto não tomarmos consciência da parcela de nossa responsabilidade pessoal diante do meio ambiente, da natureza tão perfeita que de graça recebemos para viver felizes e não simplesmente sobrevivermos, os desastres naturais continuarão ocorrendo, talvez não apenas nos próximos verões, mas em qualquer uma das estações. Penso que a urgente atitude nossa deve ser o respeito. O respeito talvez não resolverá o estrago já feito, mas ajudará a amenizar nossas condições de vida, como seres humanos.


Respeitemos com ternura e gratidão a Deus que perdoa sempre, ao homem que perdoa de vez em quando e a natureza que não perdoa jamais.


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

NOSSO TRÂNSITO É DE DAR MEDO!

 NOSSO TRÂNSITO É DE DAR MEDO!


Durante o primeiro mês do ano acompanhamos os mais diversos Veículos de Comunicação divulgando amplas reportagens por um Trânsito mais educado, humano e menos violento. Já conhecemos as estatísticas assustadoras de vítimas do trânsito principalmente da cidade de Ribeirão Preto. Insisto, como muitos sociólogos, na afirmação de que o trânsito de uma cidade demonstra o grau de educação do povo da mesma. Meu irmão de sacerdócio, Pe. Giovanni Augusto, costuma dizer, com uma risadinha em seu semblante, que minha afirmação é “moralista”. Que seja. O fato é de que nosso trânsito dá medo. E como está a cada dia mais difícil dirigir com zelo em nossas cidades! Repito: Ribeirão Preto se encontra entre as estatísticas de elevado número de óbitos e fraturados. Todos, frutos de nosso egoísmo, falta de atenção, sensibilidade, raiva, pressa, sem falar nas constantes infrações que vamos cometendo, como avançar sinal vermelho, vias preferenciais sem observar a Placa “PARE”, falando ao celular e acelerando para que ninguém nos ultrapasse.


Ninguém escapa da tragédia em que se transformou o trânsito de nossa Metrópole. Tem-se a impressão de que motoristas, motociclistas e nem por último transeuntes pedestres fazem questão de viver no limite do perigo, colocando, igualmente, a vida dos outros em risco iminente de morte.


As grandes avenidas se tornam cada vez mais perigosas. Muitos motoristas ainda não se acostumaram com a modernização da “Mobilidade Urbana”. São faixas preferenciais, exclusivas e outras, até mesmo de enfeite, porque nem sempre o transporte público e muito menos ainda os motoristas, sem falar nos motociclistas, que vêm do céu ou do purgatório, de todos os lados, enfim, as respeitam.  Nunca vimos tantos semáforos nas grandes avenidas, como a Presidente Vargas, a Independência, Meira Júnior, Paschoal Innechi, Francisco Junqueira, Jerônimo Gonçalves, entre outras vias. Há um semáforo para pedestres que abre e outro para automóveis que fecha. Quem está atrás de nós, só enxerga o semáforo dos pedestres e já buzina, apressando o motorista da frente a seguir quando seu sinal ainda nem abriu. Não raras vezes liguei para meu amigo Rodrigo Simões, enquanto foi Vereador ou Secretário, pedindo que sincronizassem os sinais em grandes avenidas, como na Treze de maio, que de vez em quando nos faz parar a cada dois quarteirões. Quanto combustível gasto, desnecessariamente! Graças ao compromisso verdadeiro desse homem que, de verdade, visa o bem comum de nosso amado povo, sempre fomos atendidos imediatamente.


Nos bairros, as vias preferenciais são desrespeitadas com boa sinalização ou não. Mesmo assim a fiscalização por radares continua “atrás das moitas” de grandes avenidas. A arrecadação seria bem superior, se os Guardas multassem abertamente mais naquelas vias tão amplamente divulgadas pelas reportagens exibidas nesse primeiro mês do ano. As multas seriam bem mais volumosas e a pontuação nas carteiras de habilitação talvez sensibilizassem mais nosso povo pela punição, já que transitam, egoisticamente, sem educação.


Alguns afirmam que a sinalização da cidade está precária. Não concordo. Observo carros e motos ignorarem os sinais mais visíveis e evidentes, sem nenhum escrúpulo. Os acidentes já se tornaram tão triviais, que nos acostumamos a eles sem nenhuma indignação. Por isso certos psicanalistas afirmam que as pessoas estilam ódio, raiva e desalentos no trânsito, como “válvulas de escape”, sem importarem-se mais com o valor da vida, como se espera do ser humano.


O desrespeito no trânsito começa com a não observância dos sinais. Passa depois para xingamentos mal-educados e muitas vezes agressivos. Daí para uma batida ou atropelamento basta mais alguns segundos e pronto. A má condução de qualquer veículo se tem tornado armas perigosas, ferindo e matando como nunca antes. Por isso meu apelo a todos os queridos interlocutores: não procuremos culpados fora de nós mesmos; façamos cada um, nossa parte, reassumindo com responsabilidade o valor da própria vida e da vida do próximo. Só assim o trânsito deixará de ser uma tragédia. Causaremos menos despesas na Saúde, no bolso e certamente evitaremos um número bem menor de mortes causado pela simples irresponsabilidade ao volante!


Para sermos mais humanos e menos selvagens no trânsito, basta um pouquinho de sensibilidade e educação. Sejamos Anjos uns dos outros, também no trânsito que é de dar medo, e que poderia ser tão melhor, se todos colaborássemos!


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

ANIVERSÁRIO DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL!

 

ANIVERSÁRIO DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL!

 

 

Há 35 anos, na manhã de um sábado, dia 20 de janeiro de 1990, Festa de São Sebastião, na Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto, ajoelhado sobre o túmulo do primeiro Bispo de nossa Arquidiocese, Dom Alberto José Gonçalves, por imposição das mãos de nosso amado Dom Arnaldo Ribeiro, fui ordenado Sacerdote para Sempre! Muitos erros e acertos, grande experiência de vida e profunda gratidão a cada dia, sem nenhum momento de arrependimento, pelo sim dado com minhas mãos entre as mãos do Arcebispo.

 

               Quantas pessoas passaram por minha vida nestes 35 anos? Pela vida de quantas pessoas passei eu? Penso ser um momento de avaliação, de balanço, de gratidão e de pedido de perdão, pelas vezes em que não consegui ser um bom padre! Escolhi como lema sacerdotal, a quinta bem-aventurança do Sermão da Montanha: "Bem-Aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7), já que sempre me senti um servo inútil e indigno da graça do ministério sacerdotal! Mesmo assim Deus me quis Padre, tamanha é Sua Bondade, Seu Amor e Sua Misericórdia para comigo.

 

               Ao longo do amadurecimento no meu exercício ministerial, fui descobrindo que a melhor maneira de ser fiel ao Sacerdócio, é adotar a Teologia da Ternura! Mesmo que não tenha conseguido ser fiel, como quis ou deveria, sempre me acompanhou o esforço pessoal por ser um sacerdote bom e misericordioso, a exemplo de São João Maria Vianney, o Cura D'Ars, cuja vida conheci no primeiro Seminário que me acolheu na Arquidiocese de Porto Alegre (RS), dedicado a ele. Como ele, o Sacramento que mais gosto de celebrar, é o da Reconciliação, depois, é claro, da Eucaristia. Como é bom ser dispensador do perdão de Deus àqueles que perderam sua paz interior para o pecado. Pois é no Sacramento do Perdão, que Jesus nos devolve a paz que o pecado nos rouba. Tenho sido muito feliz ao acolher tantas pessoas em nossa amada Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres nos Campos Elíseos há 17 anos, e desde o dia 1º de março do ano de 2020, da também já amada Paróquia Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio de Ribeirão Preto, que são para mim, lugares ideais para a santificação de meu sacerdócio, colaborando na santificação de tão queridos irmãos e irmãs na fé!

                                                                                                                                           

                Como coroinha na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Santo Afonso e Coordenador da Catequese, Regente do Coral e Animador de Comunidade na Capela Santo Antoninho, no Bairro Liberdade em Novo Hamburgo (RS) ou brincando de Missa com os vizinhos na estrebaria de casa, minha vocação ao sacerdócio foi se confirmando a cada dia que passava. Sentia sempre a necessidade de perdoar, desde tenra idade a quem me ofendesse ou machucasse. Nunca consegui bater em ninguém. Mas sempre fui muito peralta e, mais pedia perdão do que precisava perdoar. Daí meu lema sacerdotal ser a bem-aventurança da misericórdia.

 

               Que eu consiga viver meu sacerdócio pautado nos olhos de Deus, que promovem a justiça e amar as pessoas com o coração de Jesus, que dão sentido ao meu lema e à minha fidelidade sacerdotal: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”! E em cada Eucaristia que celebro, cabem todas as pessoas que me ajudaram a ser Padre, no precioso cálice do Senhor, como minha mais sublime e profunda gratidão!

 

                 Para selar a ternura de Deus em meu Sacerdócio, celebrarei minha ação de graças no recolhimento. Passarei em oração silenciosa. Sei que poderei contar com as orações dos amigos, o melhor presente que poderia receber. Estarei ausente das Redes Sociais, especialmente com telefones desligados! Conto com a compreensão dos que insistirem em ligar. Rezemos em silêncio, porque até mesmo nosso silêncio Deus escuta.

 

Aqueles que desejarem me cumprimentar, por favor, façam-no na oração por mim e sintam o carinho de minha oração por cada um dos que meu Sacerdócio permitiu amar! O maior presente será sempre a participação de uma das Celebrações das Santas Missas que celebro na Igreja Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio aos sábados e domingos às 18 horas, bem como na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, aos domingos às 9 horas, na Avenida Saudade, 202, nos Campos Elíseos em Ribeirão Preto. O mais precioso presente de um sacerdote é ver sua Igreja cheia de gente, saindo cheias de Deus, e não do padre!



 Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A IGREJA NÃO É SUPERMERCADO DE SACRAMENTOS!

A IGREJA NÃO É SUPERMERCADO DE SACRAMENTOS!

No próximo domingo celebraremos o Batismo do Senhor. Muitas pessoas queridas me enviam mensagens por WhatsApp, E-mail ou ligam pedindo informações sobre o que é necessário para batizarem seus filhos. Com muita ternura respondo que não trato a celebração de batizados, a não ser pessoalmente. Mesmo assim pergunto à qual Comunidade Paroquial pertencem e qual Igreja frequentam. Impõem-se de pronto um silêncio do outro lado da linha. Depois de repetir a pergunta, as respostas são as mais estranhas possíveis: uns dizem que não participam de nenhuma Paróquia, outros afirmam participar de Missas em Paróquias diversas de acordo com sua disponibilidade, e outros ainda dizem que na Paróquia que frequentam ou não há horários disponíveis ou não foram aprovados para batizar seus filhos.

Alguns aceitam uma conversa preliminar presencial, já outros desligam o telefone com a impressão de descontentamento, e ainda outros somem porque não participam de nenhuma Comunidade. O Batizado, a não ser em casos emergenciais, deve sempre ser celebrado juntamente com a Comunidade de Fé, Oração e Amor. O Batismo, sendo o primeiro Sacramento da Iniciação Cristã, é a porta de entrada para a grande Família de Deus. A criaturinha batizada, mergulhada na Pia ou Bacia Batismal, celebra seu segundo parto, nascendo do útero da Igreja. Pais, Padrinhos e Familiares renovam naquela ocasião suas próprias Promessas Batismais, prometendo educar na mesma fé, que eles um dia receberam, a criança, agora adotada como filhinha de Deus!

Quando, nas celebrações dos Batizados pergunto aos pais e padrinhos, se sabem o dia em que foram batizados, a maioria diz “não”. Fico triste, porque se não sabem o dia do batismo, como podem afirmar que o celebram e que o vivem, conscientemente, inseridos e comprometidos numa Comunidade?

Gosto de comparar a fé recebida no Batismo, contando uma pequena estória: Um moço pretende noivar com a menina por quem se sente apaixonado. Vai à casa dos pais dela para pedi-la em noivado. Antes passa numa joalheria para comprar o anel de noivado. A atendente que lhe vende um belíssimo anel de brilhantes, embrulha-o num lindo estojo aveludado e faz um bonito pacotinho de presentes, com fitinha e o selo da joalheria. Já na casa da menina, o rapaz faz o pedido e entrega-lhe o pacote com o anel de noivado. A moça fica encantada com o embrulho. Nem se dá o trabalho de abrir o lacinho e desembrulhar o estojo que contém o anel de brilhantes. Recebe o pacote e corre para escondê-lo na última gaveta de sua camiseira, a fim de que ninguém o encontre. Fica lá escondido e somente ela sabe onde o guardou. É exatamente o que muitos fazem com a fé (aqui comparada ao anel de brilhantes) recebida no dia do seu batismo. Escondem-na e ninguém mais verá, como o anel que deveria brilhar no dedo da moça, a fé não é demonstrada a mais ninguém. Fé que não brilha é fé sem obras. É fé ensimesmada!

Ao final de cada batizado costumo entregar uma Bíblia aos pais, lembrando que eles são os primeiros catequistas de seus filhos. A maioria terceiriza a catequese dos filhos, como terceirizam o aprendizado da alfabetização, da natação e de tantas outras atividades, quando a criança já aprendeu a andar, falar e até a cantar as músicas de cantoras famosas.

É na Comunidade de Fé, Oração e Amor que as Famílias encontram suporte para acolher, inserir e transmitir os valores religiosos aos seus filhos. Numa das Comunidades em que sirvo, um menino de um aninho de idade acompanha os pais às celebrações todos os sábados. O pai toca violão e serve a Comunidade através do Ministério da Música. Já a mãe participa cuidando do filhinho, que corre de um lado a outro expressando uma alegria imensa e gesticulando as mãozinhas, como que rezando e cantando com a Comunidade. Logo esse menino, a exemplo dos pais, estará servindo sua Comunidade, porque se sente acolhido e amado por ela. Já os que depois dos batizados “sumiram”, talvez continuem compreendendo a Igreja como supermercado de sacramentos, e isso precisa mudar!

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo