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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

SINTO VERGONHA DO CONGRESSO NACIONAL!

 SINTO VERGONHA DO CONGRESSO NACIONAL!


Já não consigo mais assistir às sessões da Câmara dos Deputados da República sem provocar nos porões de minha intimidade um sentimento de vergonha, temperado com raiva e indignação. O Brasil pegando fogo literalmente, e a Comissão de Ética e Justiça da Câmara de Deputados colocando “fogo cruzado” na Constituição, em busca, por “moeda de troca”, de cargos e poder, como por exemplo, a próxima presidência da casa, que “não está nem aí” com os verdadeiros problemas do povo brasileiro que no final é o que “paga a conta”! Onde estão os projetos de lei que devolvam a dignidade ao povo que elegeu esse número expressivo de demagogos e políticos viciados?

Já perguntei a centenas de pessoas em qual Deputada ou Deputado Federal votou. Para meu espanto, de cada dez pessoas apenas três lembram. Logo colhemos os frutos (votos) que plantamos (votamos) nas últimas eleições. Alguns ainda insistem em votar em políticos de ficha suja, desde que lhes sejam simpáticos, “bons de lábia”, mesmo que não pensem no País e muito menos no Povo, o mais surrado tanto pelos altíssimos impostos que paga todos os dias, seja pela indigência à qual é obrigado a sobreviver. Enquanto não exercermos nossa cidadania, enquanto não formos verdadeiros políticos (não penso em politiqueiros) que pensem no Bem Comum e não individual, assistiremos aos embates que envergonham profundamente nosso Congresso Nacional. Lá estão Mulheres e Homens que só sabem gritar, não sabem perder, que só pensam no próprio “metro quadrado” no qual se movem, ou seja, seu partido, suas ideologias e porque não dizer teimosia em continuar “colado” numa cadeira que lhes garanta impunidade, prestígio e que não servem para representar e muito menos servir aqueles que os elegeram.

A incoerência da maioria dos Congressistas é o que os move para garantirem os votos necessários nas próximas eleições. A maioria é promíscua ao querer perpetuar-se no poder, nem que para isso tenham de vender a própria honra, a palavra empenhada e o respeito pelo diferente, desrespeitando escancaradamente o Povo, especialmente, ingênuo e que vota por ser obrigado a votar simplesmente. Algumas sessões em meio à crise política, ética e moral, são movidas de tamanho desrespeito, que mais parecem “bandidos engravatados” querendo dar lições de moral, quando eles próprios são tão corruptos quanto aos que acusam.

A falta de decoro parlamentar de nossos Deputados Federais e Senadores mostra exatamente ao que vieram: enriquecer com propinas, barganhas, cargos e corrupção sistêmica e institucionalizada. Nossa Classe Política carece de voltar às origens para readquirirem a verdadeira Educação de Berço. Já cada um de nós, eleitores, deveríamos discernir o “joio do trigo” e varrer do Congresso Nacional todos envolvidos em algum comportamento ilícito, desde o mais simples deslize ao mais grave crime cometido. Estejamos atentos ao que afirmam juristas e cientistas políticos sérios e que pensam num Brasil mais justo e fraterno, excluindo através do voto, o que chamam de “Organização Criminosa”. Através do voto, do diálogo e do respeito pelos que pensam diferente de nós. Sejam as manifestações civilizadas e não violentas e criminosas, como temos assistido em tempos recentes.  Quem grita e ofende o próximo, não é menos “bandido” dos que os motivam às manifestações violentas e não pacíficas. É possível dialogar em paz. Tenho a esperança de um dia voltar a respeitar e nunca mais sentir vergonha do nosso Congresso Nacional.


Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

SÃO JERÔNIMO, PATRONO DOS BIBLISTAS!

 

Embora todo mês de setembro seja dedicado à Bíblia, o Dia da Bíblia é celebrado na memória de São Jerônimo a 30 de setembro, que além de presbítero e doutor da Igreja, é o Patrono dos Biblistas, os que se debruçam sobre o aprofundamento do estudo da Bíblia. O século IV depois de Cristo, que teve o seu momento culminante no ano de 380 com o edito do imperador Teodósio no qual se estabelecia que a fé cristã devesse ser adotada por todas as populações do império, está repleto de grandes figuras de santos: Atanásio, Hilário, Ambrósio, Agostinho, João Crisóstomo, Basílio e Jerônimo, dálmata, nascido entre 340 e 350 na cidadezinha de Strido. Romano de formação, Jerônimo é um espírito enciclopédico. Sua obra literária nos revela a cada instante o filósofo, o retórico, o gramático, o dialético, capaz de escrever e pensar em latim, em grego, em hebraico, escritor de estilo rico, puro e robusto ao mesmo tempo. A ele devemos a tradução em latim do Antigo e Novo Testamentos, que se tornou, com o título de Vulgata, a Bíblia oficial do cristianismo.

          Jerônimo é uma personalidade fortíssima: em toda parte por onde vai suscita entusiasmos ou polêmicas. Em Roma ataca os vícios e hipocrisias e preconiza também novas formas de vida religiosa, atraindo para elas algumas influentes damas patrícias (de Roma), que o seguiram depois na vida eremítica de Belém. A fuga da sociedade deste exilado voluntário era um gesto ditado por um sincero desejo de paz interior, não sempre duradouro, uma vez que, para não ser esquecido, reaparecia, de vez em quando com algum novo livro. Os "rugidos deste leão no deserto" eram ouvidos tanto no Ocidente como no Oriente. Suas violências verbais não perdoavam ninguém.

          Este homem extraordinário estava consciente de suas próprias culpas e de seus limites (batia-se no peito com pedras por causa dos seus pecados), mas estava consciente também dos seus merecimentos. No livro Homens Ilustres, onde apresenta um perfil biográfico dos homens ilustres, conclui com um capítulo dedicado a ele mesmo. Morreu aos 72 anos, em 420, em Belém, como Patrono dos Biblistas “O mundo atual apresenta inúmeras características novas, que desafiam o sacerdote em sua missão de anunciar a Palavra de Deus” (Cf. Subsídios Doutrinais da CNBB nº 5).

          Todos os anos a CNBB escolhe um dos livros da Bíblia a ser aprofundado. Em 2024 o livro escolhido é o de Ezequiel com a inspiração: “Porei em vós meu espírito e vivereis” (Ez 37,14).

Por isso, em nossa Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres, realizamos, mensalmente, um Estudo Bíblico, coordenado por Amália Terezinha Balbo Di Sicco, com a colaboração da Nilza Marchetti, sob a assessoria de seu reitor. No quarto sábado de cada mês, das 09 às 11 horas, procuramos aprofundar para melhor conhecer a Bíblia: A Palavra de Deus Revelada, e assim amá-la mais e vivê-la melhor. Procuramos, em nosso Estudo Bíblico, aprimorar “A Ação Querigmática em seu conteúdo: ‘Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo’, e em sua forma: ‘oração, acolhida, diálogo assertivo e anúncio’ com o esforço da conversão, bom senso e coerência” (Cf. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva). Sintam-se convidados a participar; assim estaremos colocando em prática um dos pilares de nosso Plano Arquidiocesano de Pastoral: O pilar da Palavra! Neste mês de setembro distribuímos exemplares da Bíblia em todas as celebrações na Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres como também na Igreja Santa Teresa D’Ávila no Jardim Recreio em Ribeirão Preto!

Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

 

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

VIDA PÚBLICA!

 

VIDA PÚBLICA!

 

Nosso primeiro Bispo Diocesano, Dom Alberto José Gonçalves, foi Deputado Estadual do Paraná, Deputado Federal e Senador. Diremos que isso foi no século passado. Ouve-se de bons lábios cristãos católicos, que Religião e Política não se misturam. Não obstante no século XXI e Terceiro Milênio da Era Cristã, muitos de nossos bons Cristãos Católicos ainda são da opinião de que o lugar do Padre é na Sacristia e que não deve se “meter na política”.

          Antes do Concílio Ecumênico Vaticano II, havia três autoridades nas cidades de nosso imenso País, especialmente no Interior: O Vigário, o Prefeito e o Juiz, não necessariamente nessa ordem. A partir do mesmo Concílio a Igreja Católica vem incentivando seus fiéis, através do Magistério, das Conferências Episcopais, especialmente “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sempre se manifestou sobre questões políticas”. Como Mãe e Mestra, a Igreja não tem medido esforços na formação de consciência política, consciência cidadã e consciência crítica, resgatando através do diálogo respeitoso a dignidade do povo, buscando à luz do Evangelho, o resgate do Reino de Deus, que é um reino de justiça.

          É bem verdade que não devemos confundir Homilias com Discursos Políticos e muito menos sermos partidários políticos. Mas nossa Igreja se declina sobre a afirmação do Documento de Aparecida, n. 395: “A Igreja se sente chamada a ser ‘advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu’. Para cumprir essa missão, a Igreja incentiva os fiéis a interagir com a política”.

          Já o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, n. 183 afirma que não podemos ficar indiferentes diante dos desafios que se nos impõem os Poderes Constituídos, e que “Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – (passiva ou intimista, mera cumpridora de preceitos, sem que a fé seja confrontada com obras e compromisso de mudança daquilo que não vai bem) comporta sempre um desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela”.

          São inevitáveis determinadas expressões como poder e cargos, embora confesse tais denominações inconvenientes seja na política, como na sociedade, uma vez que qualquer detenção de poder, ou deferimento de qualquer cargo, tanto na política, e mais ainda em nossas atividades pastorais, se não for convertido em serviço, certamente será de dimensões desastrosas tanto para quem os detém, quanto para quem deles deveria ser beneficiado. Aqui prevalece o mandamento dado pelo próprio Cristo naquela noite em que instituiu a Eucaristia, a alma da Igreja: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Deixei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós” (Jo 13,14). “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35). “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44).

          Me parece vergonhoso o que temos assistido em nosso Congresso Nacional – Câmara de Deputados e Senado: leis que anistiam os partidos e congressistas que cometeram crimes eleitorais, ignorando a Lei da Ficha Limpa; o inconformismo com a exigência de mínima transparência em relação às emendas parlamentares, especialmente as tais “Emendas PIX”; leis que visam somente a “zona de conforto dos legisladores” em detrimento de quem os elegeu; a infiltração de milícias e PCCs nos partidos antes sérios e nem por último a ganância da impunidade parlamentar, deixando os congressistas à vontade de crimes, desde os mais medíocres aos mais graves. Há quem diga: “Quer roubar, matar, cometer os mais diversos delitos, sem ser condenado, seja deputado”! Nem todos são assim, mas poucos escapam de sê-lo lamentavelmente. Por isso, precisamos estar sempre muito atentos em quem votaremos, até nas próximas eleições a Prefeitos e Vereadores!

          Poder e cargos na vida pública, se não convertidos em serviço desinteressado, adoece nossas Instituições e impõem pesados fardos sobre o povo de uma Nação!



Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo