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terça-feira, 27 de agosto de 2024

MINISTÉRIOS DE LEITOR E ACÓLITO!

 

MINISTÉRIOS DE LEITOR E ACÓLITO!

 

A preparação do mês vocacional da Arquidiocese de Ribeirão Preto, em agosto do ano de 1985, foi confiado ao Colégio Santa Úrsula pelo então Arcebispo Metropolitano, Dom Romeu Alberti. Direção, Professores, Alunos, Funcionários e Familiares dos Alunos se empenharam nessa preparação, tornando histórico o mês vocacional em toda a região da Igreja particular de Ribeirão Preto. Não se via e nem se ouvia falar nas Congregações de Religiosas na Arquidiocese. Tratava-se de um convite à promoção vocacional bem mais ampla: vocações sacerdotais, religiosas e leigas.

A Diretora e Priora do Colégio Santa Úrsula, Irmã Maria da Salette Barboza pediu-me que coordenasse o mês vocacional. Eu viera de Bogotá (Colômbia), onde iniciara o Curso de Teologia na Universidade Javeriana dos Jesuítas. Preparava-me e aguardava o visto de estudante para continuar os estudos de Teologia na Universidade Católica de Eichstätt na Alemanha. Um dos requisitos do Seminário daquela Diocese era que o candidato lá chegasse pelo menos, com as então chamadas “Ordens Menores”, os Ministérios de Leitor e Acólito. Uma vez que nos anos de 1983 e 1984 eu lecionara Ensino Religioso e Filosofia no Colégio Santa Úrsula, o Arcebispo achou por bem transferir a Catedral para debaixo do caramanchão do pátio interno do Colégio, instituindo-me nesses ministérios, durante a celebração do encerramento do mês vocacional, no dia 31 de agosto de 1985, às 9 horas, numa linda e ensolarada manhã de sábado. O Coral “Vozes do Santão” animou o canto litúrgico da celebração. Esse coral foi formado com alunos e alunas das disciplinas que eu ministrava. A data coincidia com o Encontro das Prioras e Diretoras das Comunidades e Colégios das Ursulinas do Brasil e do Peru.

O tema daquele mês vocacional foi “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), o que passou a ser meu lema dos Ministérios de Leitor e Acólito, recebidos numa única celebração. Esta frase foi a que Jesus utilizou quando os discípulos se demonstraram preocupados com aquela multidão que passou o dia ouvindo a pregação do Mestre sobre o Reino de Deus. Tinham apenas dois peixinhos e cinco pãezinhos. Jesus insinuou de que “partilhassem de sua pobreza” para com quem sentia fome. Como Jesus não era “espetaculoso” e sim “espetacular”, quis contar com a comunhão e participação dos seus, para só então abençoar aquele “pouquinho” que eles possuíam, e multiplicar pães e peixes num “tanto”, que alimentou, segundo o Evangelho de São Mateus, cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. E não esqueçamos que os judeus constituíam famílias com numerosos filhos. Milhares de pessoas se alimentaram por conta do milagre de Jesus, porém, com a participação e comunhão dos discípulos. Quem vive sua fé na Eucaristia ensimesmado, escondendo-a somente para si, anda na contra mão do gesto milagroso do Mestre. Não poucas vezes transferimos responsabilidades ou desanimamos facilmente achando que somos muito insignificantes ou impotentes diante das tantas formas de fome pelas quais passam as pessoas de nosso tempo. Fome de justiça, de liberdade, de trabalho, de moradia, de oportunidades, de paz interior e de uma vida bem mais digna. Devemos fazer a nossa parte. Especialmente os instituídos nos Ministérios de Leitor e Acólito não deveriam ficar limitados a proclamar as leituras ou a distribuir a sagrada comunhão nas celebrações. Deveriam ser exemplos de comunhão, participação e missão nas Comunidades, levando por exemplo, a Palavra e a Sagrada Comunhão aos Enfermos, Idosos e Pessoas que não têm como participar das celebrações. Outrossim, deveriam testemunhar uma vida de verdadeira “partilha da própria pobreza” com os irmãos na fé.

Aproveito-me desse espaço que me é tão gentilmente cedido todas as semanas, para expressar a ternura do meu abraço aos 33 candidatos, que no último dia 18 de agosto foram, também, instituídos nos Ministérios de Leitor e Acólito. Sejam diáconos configurados com o Coração Sagrado de Jesus!


Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

FALTA DE PACIÊNCIA!

 

FALTA DE PACIÊNCIA!

 

Conversando com inúmeras pessoas e observando o comportamento de tantas outras, percebe-se especialmente como sequela da pandemia da COVID-19, uma acentuada falta de paciência nas mais diversas circunstâncias. A começar de mim mesmo, preciso reconhecer e fazer minha confissão pública, de que não poucas vezes me falta a paciência. Chegando ao entardecer da vida e depois que se entra no “Clube das Pessoas Idosas”, mesmo não nos dando conta de que estamos envelhecendo, a não ser quando as crianças e os jovens nos chamam de “vovós”, a tendência é querer resolver a vida o mais depressa possível, recuperar tempo perdido, fazer acerto de contas, reajustar atividades, as mais inusitadas, correndo de um lado a outro, esquecendo que já não temos mais a mesma versatilidade de anos passados. E os anos passam a cada ano bem mais depressa. Tudo isso nos conduz à falta de paciência!

Sabemos que a paciência “é a qualidade de quem sabe esperar e a virtude que consiste em suportar dores, infortúnios com resignação”. Depois de confinados ou privados de encontros, confraternizações, atividades de trabalho, lazer ou de tantas outras naturezas; depois de obrigados a adiar congressos, assembleias, celebrações, como matrimônios, aniversários e viagens, submetidos a encontros somente virtuais, tem-se a impressão de que, como animalzinho saído de confinamento, corre-se para “resolver o mundo”, que por mais de dois anos quase parou. Ao invés de reconhecermos aprendizados que a pandemia nos proporcionou, ainda nos assola a falta de paciência!

Corremos atrás do tempo, como as crianças numa pelada de futebol correm atrás da bola. Só mesmo fazendo o Gol é que nos aquietamos. Ficamos frustrados quando esse não sai. É bem verdade que retomamos alguns valores importantes: valorizamos mais a vida, fizemos uma mais profunda e prolongada experiência de solidariedade, nos tornamos mais sensíveis em relação a tantas perdas: das vidas de pessoas amadas, de empregos, oportunidades de bons negócios, de estudos mais apurados, de abraços mais apertados e de encontros presenciais edificantes.

Mesmo assim constata-se a falta de paciência na convivência hodierna das pessoas, e eu me incluo nesse grupo, suplicando o perdão às pessoas com quem convivo nas Comunidades e em outras atividades que tento desenvolver e servir com a ternura de meu coração. Nem sempre sei exercer a virtude da paciência, quando as coisas não acontecem como previa ou desejava, mesmo que em benefício da promoção da dignidade do próximo!

A falta de paciência é notória nas salas de aulas. Seria compreensível se fosse nas salas de aulas dos pequeninos, mas refiro-me aos alunos de cursos superiores, nas faculdades; nas filas aguardando atendimentos médicos; nas filas dos caixas de supermercados; nas filas do transporte público, quando a UBER demora em demasia ou desiste de atender a viagem solicitada; nos desvios indicados por conta das obras da mobilidade urbana, que está deixando nossa cidade mais ágil, segura e bonita; nas expressões de opinião, como por exemplo sobre as eleições que se aproximam, e nem por último quando o sermão do padre passa dois minutinhos do tempo que pensamos ele deveria ter utilizado para pregar. Gastamos horas a fio em estádios de futebol, nos barzinhos que depois da fase aguda da pandemia sempre estão lotados, nos shows e, finalmente dialogando com o celular, ao invés de conversar mais com os familiares nos próprios lares. Desses últimos ouve-se frequentemente a mesma reclamação: nesta casa há muita falta de paciência!

Nos atendimentos espirituais, a falta de paciência, é o desabafo que geralmente tem o primeiro lugar. Precisamos encontrar meios, exercícios e atividades individuais, familiares, sociais e eclesiais para superar nossa falta de paciência e viver melhor o presente. Até porque o passado já se foi e o futuro ainda está por vir, e dependerá de cada um de nós, uma melhor qualidade de vida, parando de ter falta de paciência!



Pe. Gilberto Kasper

          Teólogo

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

PADRES SEGUNDO O CORAÇÃO DE CRISTO!

 

 PADRES SEGUNDO O CORAÇÃO DE CRISTO!

 

Há muitos modos de ser padre e de evangelizar. Cada um colocando seus dons a serviço do Reino de Deus, conforme lhes foram concedidos gratuitamente. Mas há algo em comum que nunca poderá faltar em nosso pastoreio: Sermos todos configurados com Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome, as ama, as acolhe, as compreende, as aceita como são, as perdoa e as traz de volta nos ombros (melhor seria ainda, apertá-las ao coração), não para seu prestígio próprio, mas o rebanho eclesial.

 

O Padre que atrai os fiéis para si, sem conseguir conduzi-los pelo itinerário do Senhor a Deus, é desfigurado do Cristo, o Bom Pastor. Sermos padres que não machuquem, surrem, enxotem os fiéis que lhes são confiadas, às vezes porque não nos bajulam ou discordam de nossos métodos, ou ainda, tentam ajudar-nos por meio da correção fraterna. Sermos padres que não emoldurem e engessem a comunidade em nossas estruturas, muitas delas já ultrapassadas e opressoras. Quantos de nós ainda somos padres que não saem de suas sacristias e salas de atendimentos: há até os que exigem ofício para uma conversa, ou exigem senha para um encontro com seus fiéis, o que é diferente de agendar atendimentos espirituais ou pastorais. Há os que exploram os paroquianos e quando já não satisfazem mais seus caprichos, são excluídas da paróquia, sem nenhuma tentativa de diálogo.

 

Nossos fiéis são mais exigentes em nossos dias, e não saem mais atrás de qualquer padre, só porque é bonito, atraente, canta bem, se veste com roupas de marca e frequenta regularmente shoppings, academias e reuniões que lhes garantam um minuto de fama. Os que fazem isso acabam desistindo no meio do caminho profundamente decepcionados, porque não chegaram ao verdadeiro destino: Jesus Cristo Ressuscitado. Pararam em alguém que brincou de ser padre e que não soube cumprir com sua missão: a de conduzir a comunidade às verdadeiras pastorais propostas pela Igreja de Jesus Cristo, que é despretensiosa, simples, pobre com os pobres, totalmente despojada de poder, arrogância, prepotência e falsos valores, mas que chora e sofre com as pessoas machucadas por uma cruel Cultura de Sobrevivência, despida de dignidade humana! Na Igreja de Jesus Cristo não há lugar para disputas que geralmente produz a inveja, fruto de desequilíbrios mal administrados, interiormente. Quem não gasta sua vida pelos fiéis não serve para ser padre, é antes um impostor!

 

Precisamos de Vocações santas, simples, puras, configuradas a Cristo, o Bom Pastor! Não esqueçamos o pronunciamento dos Bispos reunidos em Puebla na III Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe em 1979: "As Vocações (santas e não mercenárias) são a resposta de um Deus providente à uma Comunidade orante...".

 

A próxima semana, à luz do Mês Vocacional é dedicada à vida consagrada. Religiosos e religiosas que se consagram totalmente ao serviço do Reino de Deus, procurando viver intensamente os votos de obediência, castidade e pobreza.

 

Desde que me conheço por gente senti o desejo de ser padre. Muitas foram as dificuldades para isso. De lábios sacerdotais ouvia frequentemente a expressão “não serve”. Quem mesmo me incentivou a não desanimar e responder ao chamado que sussurrava em meu coração, foram religiosas consagradas. Essas sim acreditaram em minha vocação. Não obstante meus tão numerosos limites, recebi o sacramento da Ordem e fui ordenado padre. Por isso, minha primeira gratidão é a Deus, que sei me chamou, do contrário não teria ultrapassado todos os obstáculos para ser padre. Já em segundo lugar, minha gratidão muito profunda é às Religiosas que, presentes em minha vida, desde a educação básica até o dia de minha ordenação sacerdotal, não me deixaram desistir dela, a vocação ao ministério sacerdotal. Hoje gostaria de expressar minha gratidão a todas as Irmãs Religiosas, que de alguma maneira me conduziram à realização de minha vocação, na pessoa de minha madrinha de ordenação presbiteral, a Irmã Maria da Salette Barboza, uma religiosa Ursulina. Mulher-Igreja e testemunha da verdadeira vida totalmente consagrada ao Reino de Deus. Sejam todas grandemente abençoadas e recompensadas!

 

Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

TRADICIONAL QUERMESSE DE SANTA TEREZA DE ÁVILA!

 

TRADICIONAL QUERMESSE DE SANTA TEREZA DE ÁVILA!

 


O Dicionário Aurélio define a Quermesse como “feira beneficente, com barraquinha, leilão de prendas, etc.” Depois de rabiscar algumas linhas sobre a importância do Dízimo que mantém o culto de nossas Comunidades Paroquiais, como suas pastorais, manutenção dos templos e tantas outras despesas que implicam na administração de uma Paróquia instalada, gostaria de tratar brevemente sobre as quermesses, que também são fontes de recursos para a manutenção de nossas Comunidades Paroquiais.

Gosto de pensar, que se cada cristão católico que, mais ou menos, participa de nossas atividades paroquias, oferecesse mensalmente, um porcento de seus rendimentos à sua Comunidade, em forma de dízimo livre e consciente, não precisaríamos nos preocupar tanto com promoções que visem arrecadar fundos para sua manutenção. As Quermesses ou eventos afins teriam maior motivação de confraternização, de encontro de irmãos que professam a mesma fé, enriquecendo, assim, a sinodalidade de nossa Igreja, promovendo também por meio de eventos sociais, a comunhão, participação e missão, especialmente no testemunho de que somos todos irmãos, filhos de uma Igreja que é mãe e mestra e que ama muito todos os seus filhos e filhas!

É muito lindo perceber o comprometimento de nossos agentes de pastoral na preparação de uma Quermesse. Não obstante as inúmeras dificuldades, especialmente financeiras, dos que colaboram com nossas Comunidades, todos se revestem de entusiasmo, ânimo e grande disponibilidade na busca de recursos para a realização da melhor Quermesse a cada ano. Há uma competitividade saudável entre as equipes de trabalho, porque cada uma quer organizar da melhor maneira sua tarefa, sua barraca, seu compromisso para com o evento em preparação.

 As pessoas tem participado como nunca antes das Quermesses realizadas pelas inúmeras Paróquias por todos os lados. Milhares de pessoas surpreenderam positivamente com sua presença e efetiva participação. Isso também é percebido nos grandes shows ao ar livre e nas festas comemorativas de cunho social. Eu ficaria muito feliz se o mesmo acontecesse com nossas celebrações de Missas, que em comparação, se percebe bem mais devagar e tímido. Quermesses e barzinhos, bem como tantos outros eventos sociais contam com multidões, quando para a participação nas Missas de nossas Igrejas ainda se ouve inúmeras desculpas. Há exceções, muito raras de algumas Comunidades, que têm seus espaços litúrgicos lotados, tanto nas celebrações dominicais, como nas especiais. Não esqueçamos que “Domingo sem Missa é Semana sem Graça”!

Mas também os encontros de pessoas que sentem saudades umas das outras, participando de nossas Quermesses, podem servir de testemunho de que nos amamos e desejamos formar uma grande e linda Família de Deus! Por isso lanço o convite para que todos participem da Quermesse na Igreja Santa Tereza de Ávila no Jardim Recreio nos próximos dias 9 e 10 de agosto (sexta e sábado), sempre a partir das 19 horas. Sou testemunha da dedicação exemplar de uma equipe de Eventos coordenada pelo Sr. Daniel Dandun e sua linda Família, que ao longo de meses prepara com profundo amor à Igreja, essa Quermesse, cuja renda será destinada às necessárias reformas e melhorias de nossa Paróquia, que o Dízimo ainda não consegue cobrir e contemplar.

Estaremos aguardando a todos de braços abertos para esse encontro de irmãos e irmãs na fé, independente da forma como cada um a professa. Contamos com a participação de todos e desde já agradecemos profundamente a cada um e a todos os benfeitores que nos ajudam a preparar essa Quermesse, que só será linda com a sua presença e participação!

Pe. Gilberto Kasper

         Teólogo