Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Somos peregrinos com Jesus rumo à Páscoa.
Eis que chegamos ao terceiro domingo da Quaresma. Jesus intensifica o convite à conversão.
Após termos
celebrado os domingos das ‘tentações’ e ‘da transfiguração’ de Jesus, a
liturgia da palavra ressalta a urgência da conversão pela renovação batismal. A conversão se traduz na resposta de fé à paciência de Deus.
A Quaresma é o tempo da paciência de Deus, é o
tempo que ele nos dá para que possamos produzir os frutos da justiça e da
fraternidade.
A fé se revela
com a mudança de atitudes, com a mudança do coração por meio do árduo processo
de conversão. Converter-se implica voltar para Deus e
produzir os frutos do amor, da solidariedade e da paz. Que a caminhada
quaresmal suscite ‘em todos uma sincera e
contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao
encontro de todos’ (cf. Carta Apostólica Porta Fidei de
BENTO XVI, n. 13).
‘As leituras revelam que Deus caminha
conosco e não se conforma com a situação do seu povo sofrido. Nutridos pela sua
palavra, seremos capazes de produzir frutos abundantes de fraternidade.
Deus
não suporta ver o povo sendo manipulado e mantido no sofrimento e convoca
líderes para libertá-lo. Deus é paciente e nos dá sempre novas chances, mas
exige também atitudes de nossa parte. É preciso saber ler os fatos históricos
para melhorar o hoje da história’ (cf. Liturgia Diária de Março de 2013 da Paulus, pp. 21-23).
A Quaresma é um tempo para avaliarmos a qualidade
de nossas respostas aos projetos da vontade de Deus. Será que elas correspondem
à expectativa de quem confiou em nós? Pode ocorrer que os frutos não estejam à
altura do esperado. Quem planta e cultiva determinada árvore frutífera, é
natural que almeje colher bons frutos. ‘Foi
lá procurar figos e não encontrou. Então disse ao agricultor: Já faz três anos
que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro’. Desilusão! A
paciência parece estar se esgotando. O impulso humano é dar um basta: ‘corta-a!’.
Apesar de nossas
dificuldades, Deus não age assim. Mesmo que sua paciência esteja no limite, ‘o Senhor é piedade e compaixão, lento na
cólera e cheio de amor’ (Sl 145,8). Cristo, por sua
vez, intercede constantemente por nós junto ao Pai, dilatando e ampliando sua paciência.
O amor misericordioso torna possível o êxito dos projetos de Deus. Converter-se a Deus é voltar-se para Deus, é
caminhar rumo a ele.
A urgência da conversão
quaresmal não se apresenta
aqui como uma ameaça, mas como um convite libertador que suscita alegria, pois
nos libertamos de algo que impede de crescermos como pessoas fiéis. O apelo à conversão
requer mudança (metánoia) de nossa maneira de pensar, para assimilarmos os
critérios de Jesus e seu estilo de vida. A conversão, como êxodo, é uma atitude do coração
que exige manifestação externa no cotidiano pela dedicação às obras de
caridade, à promoção da fraternidade e à defesa da vida.
“A conversão e a fé sem a caridade não dá
fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da
dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à
outra realizar o seu caminho’ (cf. Carta Apostólica Porta Fidei de
BENTO XVI, n. 14).
O chamado à conversão, que nos transforma em novas
criaturas, começa pela fé e no batismo, exige esforço contínuo para que,
renunciando a nós mesmos, assimilemos a vontade de Deus, estabelecendo novos
relacionamentos com as pessoas e com o mundo que nos cerca. A conversão apoia-se no crescimento da fé e nas
relações pautadas pela Boa
Nova do Reino.
No caminho da conversão, iluminados pela ‘sarça ardente’, percebemos sempre que algo poderia ser melhor, no
que fazemos e somos, mesmo em nossas ações e atitudes dignas de aplausos,
descobrimos resquícios de egoísmo e falta de amor. Mais do que nos penalizar,
estas descobertas nos alegram. Pois pela confissão da nossa fraqueza e a
humilhação pela consciência de nossas faltas, somos reconfortados pela
misericórdia de Deus. Contudo, não abusemos da paciência de Deus, não tomemos
como desculpa a sua misericórdia para retardar nossa conversão. A paciência de Deus não é uma atitude
passiva, mas uma solicitude para que o homem viva. Deus crê no homem, crê que
ele pode mudar a sua conduta passada, para se voltar para Aquele de quem se
afastou.
Conversão
é convite à vida.
Mais do que anúncio de ameaças, é proclamação de uma boa nova. Jesus
apela “à conversão, anunciando a proximidade do Pai amoroso e misericordioso” (cf.
Roteiros Homiléticos da Quaresma da CNBB, pp. 34-40).
Esta terceira
semana da Quaresma insistindo em nossa conversão, isto é, voltar nosso coração
novamente para Deus, a quem deixamos falando sozinho ou lhe viramos as costas
por conta de nossas infidelidades e pecados, nos convida a aproximar-nos do
riquíssimo Sacramento da Reconciliação. Lamentavelmente ainda muitos bons
católicos têm suas dificuldades com a confissão auricular (individual), por inúmeras razões, algumas delas,
compreensíveis, outras não. Para mim, o mais rico sacramento depois da Eucaristia, de que dispomos sempre, é o da Reconciliação. Os Sacerdotes se reúnem em Mutirão de Confissões neste tempo rico, que a Igreja nos
concede. Procuremos informar-nos com nossas Comunidades, onde estão acontecendo
os Mutirões de Confissões ou onde poderemos adentrar nosso “sacrário pessoal”, os porões de nossa intimidade ou
nossa consciência,
celebrando o perdão, libertando-nos de tudo que nos aprisiona. Os Sacramentos
da Reconciliação e da Eucaristia nos devolvem a verdadeira PAZ que o pecado nos rouba! Só então
produziremos frutos saborosos em nossas relações pessoais, sociais,
eclesiais e políticas, como pessoas de boa fé!
Desejando-lhes
muitas bênçãos e eficaz reconciliação com Deus,
com o próximo e consigo mesmo, com ternura meu abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler
Ex 3,1-8.13-15; Sl 102(103); 1Cor 10,1-6.10-12 e Lc 13,1-9)