Pe.
Gilberto Kasper*
A Quaresma é um “tempo favorável” para a redescoberta e o aprofundamento do nosso
discipulado de Cristo. É tempo para um novo nascimento. Neste tempo, somos
chamados a assumir a penitência como método de conversão e unificação interior,
como caminho pessoal e comunitário de libertação pascal. É necessário fazer da
Quaresma um tempo propício para a avaliação de nossas opções de vida, para
corrigir nossos erros e aprofundar a dimensão ética, abrindo-nos aos outros e
realizando ações concretas de solidariedade, como nos convida a Campanha da
Fraternidade sobre a juventude: “Senhor,
‘eis-me aqui, envia-me’” (Is 6,8). É tempo forte de escuta da Palavra, pois
através dela vamos conhecendo os desejos de Deus e aprendendo a praticar a sua
vontade.
A
Quaresma é tempo de renovação espiritual, como um retiro pascal estruturado nas
práticas da oração, do jejum e da esmola (solidariedade, misericórdia). O que a
oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia,
jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente (cf. Roteiros
Homiléticos da Quaresma CNBB, pp. 9-10).
Gosto
sempre de propor um exercício aparentemente simples, mas que na verdade é bem
difícil: durante a Quaresma não falaremos
mal de ninguém. Se não houver motivos para elogios, calaremos! Será um
exercício proposto diariamente. Se conseguirmos passar um dos dias da Quaresma sem falar mal de ninguém não importa. O
que importa é o esforço que
renovaremos todos os dias.
Os
frutos de nossos exercícios quaresmais, como jejum, abstinência, oração com
maior qualidade, entre outros, deverão ser revertidos à Coleta da Solidariedade, realizada nas Comunidades de todo o Brasil
no Domingo de Ramos! Seria bom que desde a Quarta-Feira de Cinzas já
guardássemos aquilo de que abrimos mão em favor de quem tem menos do que nós.
Assim não chegaremos ao dia da coleta com uma migalha apenas, mas os saborosos
frutos de nossa Penitência! É isso que nos converte e nos faz sermos melhores
hoje do que ontem!
*pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Assistente Eclesiástico
do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos
Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.