FESTA DA
APRESENTAÇÃO DO SENHOR
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Meus olhos viram o Salvador que preparastes,
ó Deus, para todos os povos” (Lc 2,30s).
“No Quarto Domingo
do Tempo Comum, quarenta dias depois do Natal, celebramos o mistério da Apresentação de Jesus no Templo, nos braços de Maria e José. Esta festa situa-se ainda no
contexto do Natal, apresentando outro aspecto
da manifestação do Senhor: humano como nós, nasce de uma mulher e submisso às
tradições da lei.
Esta festa já era celebrada nos
finais do século IV, em Jerusalém, e, mais tarde, foi assumida por toda a
Igreja. No século V, com inspiração no cântico de Simeão, eram usadas tochas,
tornando a celebração mais expressiva: Celebremos
o mistério deste dia com lâmpadas flamejantes, dizia São Cirilo de
Alexandria (+ 444). O Missal atual conserva, com este sentido, o rito inicial
da bênção das velas.
Com a reforma do Concílio Ecumênico
Vaticano II, a festa que, por muito tempo tinha o título de ‘Purificação da Bem
aventurada Virgem Maria’, em conformidade com a
prescrição da lei judaica de os pais apresentarem o filho recém-nascido,
quarenta dias após o nascimento, e da purificação de sua mãe, foi mudado para a
Apresentação do Senhor. Fica
assim mais evidente que se trata de uma festa do Senhor, cujo mistério se
inscreve na dinâmica da Páscoa.
Contudo, entre nós esta festa mantém
ainda um acentuado caráter mariano, recebendo vários títulos, como: Nossa Senhora das
Candeias, Nossa Senhora da Luz, Candelária, Nossa Senhora de Belém.
A festa da Apresentação do Senhor
enche-nos novamente do espírito natalino. O conjunto desta festa é de alegria,
mesmo que uma espada paire sobre a vida de Maria. É festa de pureza e de luz. É
festa que une o início e a plenitude da vida humana. Festa da família, na qual
se reúnem crianças, jovens, adultos e idosos, cada um com sua preciosa
contribuição para que se realize o projeto de Deus na humanidade. Ao mesmo
tempo, é festa que evoca o mistério de Deus encarnado em Jesus de Nazaré.
Ao nascer, Jesus se manifestou, em
primeiro lugar, aos pastores, que eram pobres e excluídos. Agora, ao ser
apresentado no Templo, revela-se, em primeiro lugar, não aos levitas nem aos
sacerdotes que executaram os ritos da purificação de Maria e do resgate do
Menino, mas a dois ‘pobres de Deus’, os anciãos Ana
e Simeão. Os dois pertenciam aos círculos dos anawim e esperavam a libertação de Israel. O lugar da nova
revelação messiânica não é o campo aberto, a manjedoura, entre trabalhadores
pobres, mais é o Templo.
O nome ‘Simeão’ significa ‘escutador’, aquele que vive
atentamente à escuta dos sinais dos tempos, dos acontecimentos como Palavra viva de Deus. É idoso justo,
piedoso e esperançoso pela consolação de Israel. Vivia à espera e à escuta. Foi
ao Templo, e, ao ver aquele Menino, pegou-o nos braços: por isso, os padres
gregos dão a Simeão o título de Theodóchos
= recebedor de Deus.
Também Ana, profetisa, uma velhinha que andava sintonizada em onda curta com
a Palavra de Deus, chegou
carregada de esperança. Ana, significa ‘graça’. Tanta intimidade com Deus!
Também a profetisa Ana, serena e feliz, viu aquele Menino. Diz o evangelho que
se pôs a falar dele a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém!
Hoje, onde encontramos Ana e Simeão?
Em nossos Templos? Em nossas famílias? Na sociedade? Como os ouvimos? Que lugar
ocupam neste mundo da globalização do bem estar e da beleza?
Com nossas velas acesas, entramos no
mistério de Cristo, deixando-nos iluminar por ele, luz do mundo. Maria, com seu
silêncio e meditação, nos ensina como acolhê-lo, reconhecê-lo e oferecê-lo” (cf. Roteiros Homiléticos
do Tempo Comum de 2014 da CNBB, pp. 89-96).
Gosto do silêncio: em minha vida
pessoal, passando bom tempo durante o dia, meditando em silêncio. Gosto do
silêncio nas celebrações: procuro cultivar vários momentos de silêncio,
especialmente durante a Celebração Eucarística. Penso sempre que “Deus é de longos
silêncios e raras palavras!”. Não corramos o
risco de, num mundo tão barulhento, deixarmos de ouvir o que Deus tem a nos
dizer, ao ouvido de nosso coração. Certamente nos pedirá que, acesos em Jesus
Cristo, sejamos luz e seta para a humanidade!
Sejam todos muito abençoados. Com
ternura e gratidão, meu abraço,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ml 3,1-4; Sl 23(24); Hb
2,14-18 e Lc 2,22-40).