Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Concluindo as celebrações natalinas, festejamos o Batismo de Jesus.
Embora não precisasse ser batizado, o Senhor quis se solidarizar com todo o
povo que buscava o batismo de João. Esta liturgia é momento favorável para
relembrarmos e renovarmos nossos compromissos batismais.
As leituras
nos revelam o servo de Deus, fortalecido pelo Espírito e enviado para proclamar
a boa-nova da paz. Pelo batismo também nós recebemos o Espírito que nos anima
na missão e nos dá força para perseverar no bem.
Somos
servos do Senhor a serviço da comunidade e responsáveis por construir uma
sociedade justa. Jesus busca, em João, o batismo. Aí é proclamado ‘Filho amado
de Deus’. A prática da caridade e da justiça deve ser nosso diferencial diante
de Deus” (cf. Liturgia Diária de Janeiro de 2014 da Paulus, pp. 43-46).
Em cada batizado que celebro,
costumo fazer três perguntas aos pais e padrinhos: Sabem o dia em que foram batizados? Quem (o padre) os
batizou? São
de Igreja, participando de alguma Comunidade de Fé?
Geralmente a reposta é “NÃO”.
Quem não sabe o dia do batizado, também não o celebra, pelo menos, consciente e
livremente. Talvez por tradição, ou porque é hábito da família. Sem uma
Comunidade, que sustente os compromissos batismais, a fé recebida no dia de
nosso batismo esclerosa, resseca, mofa. Já o Ano da Fé
foi um insistente convite, de que arejemos nossa fé, cultivando-a e por meio
dela, anunciemos as maravilhas que os dons do Espírito Santo realizam naqueles
que se abrem a Ele. Esconder tais dons significa insensibilidade, indiferença e
até omissão. Eis a hora de assumirmos nossa fé, como dom precioso que nos é
dado desde o “Útero
da Igreja”, a Pia ou Bacia Batismal!
“A festa do Batismo
de Jesus revela para nós mais uma dimensão de
sua encarnação. É a manifestação pública da sua missão. Solidário com o povo,
Jesus também entra nas águas do Jordão para receber o batismo. O seu mergulho
na água se liga com seu mergulho na nossa humanidade. Jesus se faz solidário, e
mais ainda, Servo e Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele assume
nossa condição humana, num ato solidário, que o leva até a Cruz. É uma
caminhada que vai em direção à Páscoa.
Podemos nos perguntar se, a partir
do Batismo de Jesus, procuramos
entender e concretizar o nosso batismo. Se estivermos dispostos a ‘mergulhar’
no projeto de Jesus para construir relações humanas construtivas, a começar
pela família, no aconchego do lar, na escola, no trabalho, na Igreja, no mundo,
com atitudes solidárias, ecumênicas.
A liturgia deste domingo, que
encerra o Tempo do Natal, recorda o batismo de Jesus, por João Batista,
nas águas do rio Jordão onde ele é manifestado como Filho amado do Pai.
Solidário com os que buscavam a conversão
e a vida nova,
ele se deixou batizar, enquanto permaneceu em oração. Em sintonia com o povo e
com Deus, Cristo ouviu a voz do Pai que o consagrou para cumprir o seu plano de
salvação.
Jesus havia acolhido o movimento de
João Batista, a voz profética que ressoa, após anos de silêncio. Sobre ele
desce a plenitude do Espírito Santo, a força do amor do Pai, para realizar a
sua vontade. Assim o Reino, que se manifesta através de seu ministério,
expressa o desígnio salvífico de vida plena para toda a humanidade. Quem o
segue no caminho do discipulado é impelido a trilhar o seu caminho de justiça e
de solidariedade.
Deus se revelou em Jesus,
confiando-lhe a missão de Servo e Filho amado. Pelo batismo, mergulhamos no
mistério da morte e da ressurreição de Jesus para vivermos a vida nova. Em
Cristo, recebemos o Espírito para a missão e fomos adotados/as como filhos e
filhas de Deus. Somos gerados a cada dia, pelo amor misericordioso e bondade
infinita do Pai, para renovarmos a nossa adesão e o nosso compromisso com o seu
Reino.
Iluminados e ‘banhados em Cristo, somos uma nova criatura! As coisas antigas já se
passaram, somos nascidos de novo’. Unidos a Cristo, o Ungido do Pai, nos
tornamos continuadores de sua missão profética, sacerdotal e régia. Ele nos
confirma no anúncio e testemunho da Boa Nova do Reino, pois ‘passou a vida fazendo o bem e curando a
todos os que estavam sob o poder do mal’.
Vamos abrir o ouvido do coração para
acolher a voz do Pai, que ressoa dentro de nós, e que declara nossa missão: Tu
és minha filha muito amada, tu és meu filho muito amado” (cf. Roteiros
Homiléticos da CNBB n. 24, pp. 60-65).
O Batismo é nosso segundo parto.
Primeiro partimos do útero de nossa mãe. Quando batizados, partimos do útero da
Igreja, preparando-nos à luz da fé que nele recebemos, para o parto definitivo,
que se debruça sobre a esperança de que morrendo, partindo do útero da terra,
veremos Deus como Deus é, e isso nos basta. Renovemos nossos compromissos
batismais, buscando viver nosso Batismo na relação com Deus, que nos adota como
seus de verdade, e com os outros, que se tornam nossos irmãos, para
santificar-nos. Todo batizado torna-se um ser divinizado, isto é, candidato à
santidade. Por isso não é nenhuma pretensão descabida, queremos ser santos.
Devemos, isso sim, esforçar-nos todos os dias, para sermos santos.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto kasper
(Ler Is 42,1-4.6-7; Sl 28(29); At 10,34-38 e Mt 3,13-17).