Há 24 anos, na manhã do sábado, dia 20
de Janeiro de 1990, Festa de São Sebastião, na Catedral Metropolitana de
Ribeirão Preto, ajoelhado sobre o túmulo do primeiro Bispo de nossa Diocese
Centenária, Dom Alberto José Gonçalves, por imposição das mãos de nosso amado
Dom Arnaldo Ribeiro, fui ordenado Sacerdote para Sempre! Muitos
erros e acertos, grande experiência de vida e profunda gratidão a cada dia, sem
nenhum momento de arrependimento, pelo sim dado com minhas mãos
entre as mãos do Arcebispo.
Quantas pessoas passaram por minha vida nestes 24 anos? Pela vida de quantas
pessoas passei eu? Penso ser um momento de avaliação, de balanço, de gratidão e
de pedido de perdão, pelas vezes em que não consegui ser um bom padre! Escolhi
como lema sacerdotal, a quinta bem-aventurança do Sermão da Montanha: "Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt 5,7), já
que sempre me senti um servo inútil e indigno da graça do ministério sacerdotal!
Mesmo assim Deus me quis Padre, tamanha é Sua Bondade,
Seu Amor e Sua Misericórdia para comigo.
É também momento de renovar minha Fidelidade Sacerdotal, já que
celebro meu vigésimo quarto aniversário de Ordenação Presbiteral com sabor de Alegria
do Evangelho! Mesmo que não tenha conseguido ser fiel, como quis ou
deveria, sempre me acompanhou o esforço pessoal por ser um
sacerdote bom e misericordioso, a exemplo de São João Maria Vianney, o Cura
D'Ars, cuja vida conheci no primeiro Seminário que me acolheu na Arquidiocese
de Porto Alegre (RS), dedicado a ele. Como ele, o Sacramento que mais gosto de
celebrar, é o da Reconciliação, depois, é claro, da Eucaristia. Como é bom ser
dispensador do perdão de Deus àqueles que perderam sua paz interior para o
pecado. Pois é no Sacramento do Perdão, que Jesus nos devolve a paz que o
pecado nos rouba. Tenho sido muito feliz ao acolher tantas pessoas em nossa
amada Santo Antoninho, Pão dos Pobres, que é para mim hoje, o lugar ideal para
a santificação de meu sacerdócio, colaborando na santificação dos irmãos, além,
é claro, das tantas outras atividades, como o exercício do magistério junto à
Faculdade de Ribeirão Preto da UNIESP e do Centro do Professorado Católico, e
nem por último no exercício do jornalismo que me edifica!
Foi na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Novo Hamburgo (RS), que
cultivei minha fé, confessei pela primeira vez e também, pela primeira vez
recebi o Cristo: Único, Sumo e Eterno Sacerdote, nas espécies do pão e do vinho
consagrados! Recebi os sacramentos do Batismo e Crisma na Paróquia Sagrada
Família de Três Corôas (RS), minha cidade natal! Cresci em Novo Hamburgo. Como
coroinha na Igreja Matriz, ou brincando de Missa com os vizinhos na estrebaria
de casa, minha vocação ao sacerdócio foi se confirmando a cada dia que passava.
Sentia sempre a necessidade de perdoar, desde tenra idade a quem
me ofendesse ou machucasse. Nunca consegui bater em ninguém. Mas sempre fui
muito peralta e, mais pedia perdão do que precisava perdoar. Daí meu lema
sacerdotal ser a bem-aventurança da misericórdia.
Que eu consiga viver meu sacerdócio pautado nos olhos de
Deus, que promovem a justiça e amar as pessoas
com o coração de Jesus, que dão sentido ao meu lema e à minha
fidelidade sacerdotal: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque
alcançarão misericórdia! E em cada Eucaristia que celebro, cabem todas
as pessoas que me ajudaram a ser Padre, no precioso cálice do Senhor,
como minha mais sublime e profunda gratidão!
Pe.
Gilberto Kasper