Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O Senhor é minha luz e salvação.
O Senhor é a proteção da minha vida” (Sl 26).
“O mistério pascal, que celebramos
no Terceiro Domingo do Tempo Comum, permite-nos acompanhar Jesus no início de sua missão, na
Galileia e sermos chamados à conversão e à missão.
Junto aos doentes, aos sofredores e
aos mais pobres, Jesus anuncia a chegada do Reino de Deus, chama os primeiros
discípulos, cura e alivia as enfermidades do povo. Na visão de Mateus, ele realiza a profecia de
Isaías, proclamada no Natal – O povo que
andava nas trevas viu uma grande luz – e repetida para nós, neste domingo,
na primeira leitura.
Jesus começa sua missão entre os
mais desprezados, os que são considerados pecadores. A luz que resplandeceu no
Natal é para todos, não apenas para os puros, os eleitos, os melhores. Pelo
contrário, a preferência de Jesus é mesmo para os que são tidos como menores.
Dessa opção, nasce a espiritualidade cristã do seguimento não de uma doutrina
perfeita, mas de uma pessoa e seu projeto, Jesus. Seguir Jesus é entrar em sua
escola, a favor de quem se encontra na periferia do mundo, como disse o Papa
Francisco em sua viagem ao Brasil.
Na Bíblia, o mar é sinônimo do mal,
da escuridão, algo caótico e forças contrárias à vida. A missão dos seguidores
de Jesus é tirar as pessoas dessa situação e levá-las para a luz. O chamado de
Jesus se estende até nós. Deixemos com generosidade tudo para entrar nessa
caminhada.
Seguir Jesus parece uma loucura, a
loucura da cruz. Seguimento que não cria divisões, mas abraça com amor e
compreensão, tudo o que é humano e que promove a dignidade de filhos e filhas
de Deus. Pertencemos a Cristo que pertence a Deus. Também nós somos chamados a
anunciar o evangelho sem nos determos em competições e disputas sobre quem é
maior.
Podemos nos deixar iluminar hoje
também pelas palavras de ordem do Papa Francisco, quando esteve entre nós na
Jornada Mundial da Juventude. Muitas vezes, ele repetiu que devemos viver a
misericórdia. A misericórdia adquire o sentido amplo de ‘serviço’, ‘diálogo’, ‘proximidade’, ‘encontro’, ‘simplicidade’
e ‘transparência’. Muitas vezes, ele
repetiu que é preciso ‘sair de si’ e
ir para as ‘periferias existenciais’.
Falando aos Bispos do CELAM – Comissão Episcopal Latino-Americana -, disse
palavras que são programáticas para nós, para todos os cristãos, não só para os
Bispos. São exigências feitas por Cristo para todos seus seguidores: ‘... amem a pobreza, quer a pobreza interior
como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade de
vida’.
O projeto de Jesus, sua pregação,
tem seu início oficial, na Galileia das nações, entre os mais espezinhados,
maltratados, pecadores, pobres em todo o sentido. Galileia das nações,
periferia social, geográfica, existencial, lugar descartável, de gente
descartável, considerada estorvo ao desenvolvimento global nas análises
econômicas. É lá que devemos ir, ver o Senhor e permanecer com Jesus Cristo em
seu projeto de salvação e libertação total.
Como filhos e filhas da luz, somos
chamados para, continuamente, vencer, pela conversão constante, as trevas e a
dureza que envolvem nossa vida e a vida dos irmãos.
Renovando hoje seu chamado, o Senhor
nos revigora com seu Espírito, pela comunhão fraterna, por sua Palavra e com o
sacramento de seu Corpo e Sangue, para que, mais disponíveis, prestativos e
alegres, abandonemos também ‘nossas redes’
para sermos pescadores de gente em vista do Reino” (cf. Roteiros Homiléticos
do Tempo Comum de 2014 da CNBB, pp. 84-88).
Segundo a Palavra de Deus deste Terceiro Domingo do Tempo Comum, bem como a Exortação do Papa Francisco, A Alegria do Evangelho,
somos convidados a tornar-nos discípulos e missionários do Senhor, seguindo em
tudo, o modo de ser e de viver do Mestre. Penso que poderíamos levar de nosso
Encontro, como alimento para a semana, dois pensamentos: sermos simples e humildes servidores do Reino de Deus e revestir-nos da
ousada coragem profética de transformação de uma cultura do descartável,
promovendo a cultura do encontro entre as pessoas, que lhes devolva a
dignidade!
Sejam todos sempre e muito
abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 8,23-9,3; Sl 26(27);
1Cor 1,10-13.17 e Mt 4,12-23).