Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Coordenador do
Curso de Teologia e Professor Universitário na AFARP – Associação Faculdade de
Ribeirão Preto do Grupo UNIESP, Assistente Eclesiástico do Centro do
Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da
Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Há alguns dias alguém me perguntou, se a Celebração Litúrgica na
Igreja é lugar de avaliar o Governo Municipal? Na medida em que a Palavra de Deus nos interpela a
falarmos sobre nossa missão de servidores, e não senhores ou donos dos munícipes de uma
Metrópole como é a cidade de Ribeirão Preto, não só podemos, como é nosso dever colaborar na formação de
consciência crítica, ética e de cidadania de nossas assembleias celebrativas.
Foi exatamente esta a missão que o Ressuscitado confiou aos seus discípulos e hoje a cada um que se sente cristão comprometido com o Reino de Deus, que é um Reino de Justiça, de Conversão, de
Misericórdia e de Amor ao próximo. Enquanto houver um só cidadão de nossa cidade carente dos cuidados evangélicos que o ser cristão exige, teremos a obrigação de levar nossas celebrações espirituais
à vida hodierna, da porta da Igreja para fora. O Governo que é transparente,
que não maquia recursos econômicos e projetos de qualquer natureza, não teme
que alguém faça uma lúcida, consciente e crítica avaliação de
sua atuação.
Triste mesmo foi constatar que no
dia 2 de abril de 2013, nosso Legislativo decepcionou mais uma vez seus
eleitores. Nove dos vinte e um vereadores foram fiéis e coerentes com o Projeto
de Transparência vetado pela Prefeita Municipal, que pedia maior participação
da Câmara de Vereadores nas licitações de volumosos valores. A Prefeita entende
que deve ter “Carta Branca” para contratar quem quer que seja sem a apreciação e aprovação dos
Vereadores. O Projeto foi aprovado por unanimidade pelos 22 Vereadores. Não entro em
questões de quem tem razão. Certamente a Prefeita assegurou seu veto juridicamente, lembrando que o jurídico mesmo sendo politicamente correto, nem
sempre é ético e contempla o bem da comunidade. Ela exerceu seu privilégio de vetar a maior participação
do Povo representado pelos Vereadores eleitos pelo mesmo Povo. O que nos entristece profundamente e nos decepciona novamente, é
que dos 22 Vereadores, apenas 9 mantiveram coerência, votando contra o veto da Prefeita. 10 não votaram contra, nem a
favor: se abstiveram de votar, o que demonstra ainda mais claramente, de que não merecem nossa confiança. Um precisou ausentar-se durante a votação para socorrer a esposa
e outro faltou à sessão. O que o cristão comprometido com o Ressuscitado e a missão que
nos confia, deve pensar e fazer? Marcar bem o nome dos Vereadores que voltaram
à trás de seu voto inicial; cobrar pessoalmente deles uma postura mais ousada e
corajosa e ter o zelo e cuidado de nunca mais elegê-los para
SERVIÇO NENHUM!
Durante a Campanha Eleitoral o discurso é um: promissor! Na diplomação
dos Eleitos, o discurso já “amarela”
um pouco e depois da posse, o discurso já não é mais nem um e nem outro. A
verdade não se deixa burlar, comprar, corromper e nem está à venda por conta de
promessas não cumpridas. Só participa da ressurreição do Senhor quem for coerente sempre entre o que pensa, fala e faz! Portanto, é sim missão e serviço à fraternidade
e à promoção da Dignidade Humana, da Igreja de Jesus Cristo Ressuscitado,
começando por seus líderes e passando por cada um que se atribua a denominação
de Cristão. O resto está fadado a ser
diabólico, como diabólicas são as deslavadas Mentiras que ocupam nosso
vocabulário politiqueiro, todos os dias! Sejamos honestos e transparentes diante de nós mesmos, de Deus e dos
outros. Assim não precisaremos temer a ninguém e a nada que tente nos desestruturar. O que é Deus não cai. A mentira nos trai!