Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Anunciai com gritos de alegria,
proclamai até os extremos da terra:
o Senhor libertou o seu povo, aleluia!” (Is 48,20).
O Sexto Domingo
do Tempo Pascal remete-me à minha Ordenação
Diaconal, pela imposição das mãos de Dom Romeu
Alberti, na Igreja do Anjo da Guarda da
Universidade Católica de Eichstätt, na Alemanha em 1987. É, portanto, meu
aniversário litúrgico de Ordenação Diaconal, já que naquele ano o mesmo Domingo foi dia 24 de Maio,
Aniversário de Ordenação Episcopal do saudoso e bom pastor, Dom Romeu Alberti, que me acolheu
com incomparável misericórdia na Arquidiocese de Ribeirão Preto. Interceda ele
por nossa Igreja particular, pela qual doou sua tão breve vida, silenciando o
tempo todo de seu ministério episcopal sua leucemia. Para mim, Dom Romeu é um grande
santo junto á Corte Celestial.
“Durante o Tempo Pascal, que ‘equivale’
a ‘um Grande Domingo’, a herança deixada por Jesus aos discípulos vem sendo celebrada. O amor de Cristo que reúne e une a
comunidade de fé é a herança. Ela se sustenta na escuta
da Palavra de Jesus que é Palavra do Pai para nós.
A Igreja nasce do lado de Cristo, como nos fala a Sacrosanctum
Concilium número 5, como um Sacramento Pascal. Nela, é possível visualizar o amor profundo daquele que dá a vida pelos seus amigos. Chegando ao fim do tempo de ouro para a Igreja, é preciso que estejamos
convencidos da importância deste amor e, sobretudo que estejamos abertos à sua experiência num mundo cada
vez mais marcado pela intolerância e pelo medo.
O tema da 51ª Assembleia Geral da
CNBB: Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia pedirá abertura a uma profunda conversão de
atitudes, e do modo de sermos Igreja. Será necessário mudarmos
nossas estruturas e nossos hábitos. Dom Joviano de Lima Júnior, sss, nosso
saudoso Arcebispo insistia no Projeto SIM – Ser Igreja
em Missão, de que precisaríamos acolher
mais do que enxotar as pessoas que nos buscam. O amado Papa Francisco também afirmou
de que nossa Igreja não pode ser reduzida a uma
“ONG Piedosa”. Mas somos por vezes
piores do que isso, enquanto submetemos nossos fiéis a nossos caprichos,
horários “comerciais” e negando (não poucas vezes com desculpas mentirosas) um
mais dedicado atendimento e serviço. Quantas reclamações ouvimos de pessoas que
buscam pelos Sacramentos e não conseguem ser atendidas. “Ir à periferia de nossas
Comunidades” significa disponibilidade,
solicitude, “gastar-se pelo Reino de Deus através de maior qualidade no
exercício de nosso ministério ordenado. Também nossos
Agentes de Pastoral carecem de maior espírito de acolhida, menos discriminação
e emissão de juízos. Quantos coordenadores se sentem donos de seus coordenados,
pensam ser insubstituíveis, quando deveriam ser servidores de toda a Comunidade, especialmente dos mais fracos!?!
“Ouvindo
a palavra de Deus, contemplemos a ação do Espírito Santo. Ele ilumina os
desafios pastorais que enfrentamos, orienta nossas comunidades a fim de serem
sinais do mundo novo e nos recorda tudo o que Jesus ensinou.
A comunidade deve
saber discernir o que é fundamental e o que é secundário, passível de mudança.
Se vivemos as palavras de Jesus, seremos amados por ele e o Pai celeste fará
morada em nós. À medida que se ‘diviniza’, a comunidade pode dispensar as
mediações humanas’ (cf. Liturgia Diária de Maio de
2013 da Paulus, pp. 26-29).
Qual a herança que melhor demonstra o cuidado e amor que as pessoas dedicam umas às
outras? Certamente não se restringe apenas a bens e valores. É certo que a melhor
expressão desse bem-querer tem a ver com a própria
vida (palavras ensinadas, testemunhos deixados, atitudes, etc.) que, ao ser
empenhada em favor daqueles que nos são valiosos, se torna digna de menção e
memória das gerações futuras.
Nesta perspectiva, a herança mais preciosa que as comunidades cristãs conservam é a
própria morte e ressurreição de Jesus, sua Páscoa, pois ela não é outra realidade senão o cumprimento mais
significativo ao Amor do Pai.
A ação do Espírito Santo na Igreja permite-lhe manter viva esta memória, de modo que a herança deixada pelo Senhor não se perca. Em épocas de calamidade ou
grandes dificuldades, não é novidade que os cristãos se mobilizam para ajudar
aqueles que padecem dificuldades. Quantos homens e mulheres se disponibilizaram,
por exemplo, a ajudar na reconstrução do Haiti e o fizeram em nome da fé que
professam! Esta, dentre outras ações, é uma maneira de manter guardada a herança que o Senhor nos legou.
Em nossas comunidades, as pastorais, os movimentos e as demais forças
eclesiais são impulsionadas pelo Espírito para que mantenham viva a
memória do Ressuscitado. Ao
tornarmo-nos homens e mulheres pascais, permitimos que a herança deixada pelo Senhor não se perca” (cf.
Roteiros Homiléticos da Páscoa de 2013 da CNBB, pp. 60-65).
A Liturgia celebrada nesta semana
traz consigo um sabor de despedida. As leituras proclamadas em nossas celebrações nos remetem ao
Senhor que prepara os seus discípulos e discípulas para a sua volta ao Pai, no
evento da Sua Ascensão. Saibamos inscrever em nosso coração a Palavra de Deus
que se nos é proposta com o compromisso de sermos Comunidade de
Comunidades: Uma Nova Paróquia!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço
amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler At 15,1-2.22-29; Sl 66(67); Ap 21,10-14.22-23 e Jo 14,23-29).