“O amor de Deus foi derramado em nossos
corações
pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia!”
(Rm 5,5; 10,11).
“O Domingo de
Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pascal) recorda o Espírito Santo,
dom do Pai, Amor de Deus derramado sobre nós, condição de nossa comunhão no
Cristo Ressuscitado, fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta
festa ativa em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro,
para o amor, para a união, para a
doação, como pede a aclamação ao Evangelho: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações
dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”.
No Pentecostes,
o mistério pascal é celebrado como um todo (morte, ressurreição, ascensão,
envio do Espírito).
Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no
dom do Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Espírito somos
capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem
temer perseguições, nem morte.” [...]
Devido à importância da Solenidade
de Pentecostes, celebramos sua Vigília. A Palavra de Deus da Vigília de
Pentecostes, “é uma mensagem que nos ajuda a superar as divisões e
nos convida a saciar com a água viva oferecida por Jesus.
As três grandes e permanentes tentações da humanidade
acabam em desastre: a pretensão da subida acaba em queda; a concentração, em
dispersão; o nome famoso, em infâmia (Ler Gn 11,1-9). Jesus
é a fonte de água viva que sacia a sede da humanidade (Ler
Jo 7,37-39). Temos os primeiros frutos do Espírito, que vem em socorro
de nossa fraqueza (Ler Rm 8,22-27).
Na Solenidade de
Pentecostes o Espírito do Senhor desceu sobre nós e nos
congregou na mesma fé e numa só família. O universo todo se rejubila conosco
pela presença do Espírito criador e unificador.
O Espírito de Deus, recebido no batismo, desafia-nos
a falar a linguagem do amor, compreensível a todos, e assumir o compromisso
proposto por Jesus.
A comunidade santificada pelo Espírito fala de modo que
todos entendem. A linguagem que todos entendem é a do amor com sabor divino. Quem descobre a
capacidade do amor
gratuito, nem precisa de palavras: basta amar e todo o resto
acontece naturalmente. Isto é, falar a linguagem do amor divino significa esforçar-se por
promover, quer bem, perdoar e ser sempre querido e terno nas relações humanas.
A presença do Espírito, prometido por Jesus, torna a
comunidade acolhedora e reconciliadora. Uma comunidade que não dá espaço para a
ação do Espírito Santo torna-se
estéril, fechada e incapaz de acolher, amar o diferente e muito menos perdoar.
A comunidade que acolhe os dons do Espírito do Senhor, não é mera instituição
engessada em normas, regimentos, funções e cargos, mas se gasta, consome-se por
amar as pessoas com o amor proposto pelo próprio Cristo
Senhor.
Os dons recebidos do Espírito são para a edificação
da comunidade. Não poucas vezes tentamos apropriar-nos do Espírito
Santo ou considerar-nos plenos de todos os dons. Sabemos que o próprio Espírito Santo sopra onde quer. Nem todos
somos portadores de todos os dons do Espírito Santo.
Cada um recebe os dons de acordo com as suas qualidades que
colocados a serviço da Comunidade, é que a edificam e não sacrificam como
muitas vezes acontece. Há frequentemente pessoas nas Comunidades, que se sentem
insubstituíveis, ou ainda aquelas que pensam que sem elas a Comunidade não
sobreviverá. Uns querem fazer tudo, outros se comprometem muito pouco, o que
empobrece a Igreja. Cada um deve saber o que faz melhor e enriquecer a
Comunidade, consumindo-se por ela, gratuitamente” (Cf.
Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2013, pp. 68-74).
“A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de
Deus, destinada a todo ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a formar
comunidades comprometidas em viver a unidade na diversidade. Ele nos conduz a permanecer em
comunhão com o Senhor ressuscitado, deixando-nos envolver pela presença de amor
e vida nova.
O Espírito do
Senhor nos liberta de todas as formas de opressões, de pecado,
para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs. Como os discípulos, o Espírito
nos plenifica da presença de Deus, capacitando-nos para sermos anunciadores
da Boa Nova de Jesus. O Espírito age em nós e em toda a
criação, que geme em dores de parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena
da salvação.
As palavras do Papa Emérito Bento XVI nos ajudam a
entender a ação perene do Espírito na Igreja
e no mundo: ‘Pudemos assim constatar, com
alegria e gratidão, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no sentido
externo de estarem representadas todas as línguas do mundo, mas também, e mais
profundamente, no sentido de que nela estão presentes os mais variados modos de
experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta
a vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes ainda a caminho; vários povos aguardam
ainda que seja anunciada a Palavra de Deus na sua própria língua e
cultura’ (Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini, Brasília: Edições CNBB, 2010, p.12).
Renascidos pela água
e pelo Espírito,
nos tornamos comunidade de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado
na realidade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois assim
como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a
liberdade aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos
e para proclamar um ano da graça do Senhor.
Que nesta Solenidade de
Pentecostes se cumpra em nós esta palavra de Escritura e nos
faça missionários sem-fronteiras” (Cf. Roteiros Homiléticos da
CNBB, N. 16).
“A Festa de
Pentecostes anima a Igreja a experimentar a presença e a ação do Espírito depois da ressurreição de Jesus até os dias presentes. É
um (re)viver atual, pois aquilo que aconteceu com Jesus, no início de sua
atividade messiânica, repete-se agora através da Igreja, na missão. O Pentecostes está para os Atos dos Apóstolos, como o batismo de Jesus está para os Evangelhos. O batismo de Jesus foi o Pentecostes de
Jesus, o Pentecostes
foi o batismo de Jesus.
Com a força do Espírito Santo, buscamos
descobrir as convergências necessárias para o anúncio e o testemunho do único Evangelho que é Cristo Senhor, como
autênticos missionários e profetas, ungidos pelo Espírito.
Com esta celebração, culmina a Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos, sentindo a verdadeira prática
de um único Evangelho e um único Pastor” (cf. Roteiros Homiléticos da Páscoa de 2013 da CNBB, pp. 72-79).
Que
a Solenidade de Pentecostes nos anime a
sermos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo, Senhor de nossa
vida!
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Padre
Gilberto Kasper
(Ler At 2,1-11; Sl 103(104);
1Cor 12,3-7.12-13 e Jo 20,19-23)