Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico,
Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão
Preto e Jornalista.
Celebrar
a Comemoração de todos os Fiéis falecidos é antes de luto e perda, celebrar a
esperança e a entrega daqueles que amamos a quem de direito, o próprio Criador.
Segundo o teólogo especialista em
Escatologia (o estudo após a morte) Renold Blank, toda a nossa fé se baseia na
ressurreição. Sem a ressurreição, nossa fé seria simplesmente mais uma entre
muitas outras crenças.
A ressurreição é a expressão e a
confirmação do fato de o último destino de toda pessoa e da criação inteira ser
o repousar no amor inimaginável daquele que criou a todos nós. É para isto que
Deus ressuscita todo ser humano depois de uma única vida vivida: para que esse
ser seja eternamente amparado no seu amor; para que Deus seja amparado no amor
daqueles pelos quais ele se apaixonou, os seres humanos.
De
acordo com os Roteiros Homiléticos da CNBB, n. 23, pp. 76-82, “Se contemplarmos
a morte de Cristo, contemplamos também sua ressurreição. O mistério pascal não
apenas ilumina e ajuda a reler nossa vida, mas também ensina poderosamente qual
é a vida que Deus diz ser plena, perene e que não é destruída pela morte.
Precisamos viver como vocacionados para a ressurreição. Somos criados pelo
Autor da vida para viver e dar a vida. Quanto mais dermos a nossa vida, tanto
mais vida receberemos”.
Na Celebração de todos os Fiéis
falecidos, celebramos nossa vocação de ressuscitados. No Batismo, fomos unidos
a Cristo, começamos a participar da vida celeste de Cristo ressuscitado. Na
Eucaristia, somos alimentados com o Corpo e o Sangue de Cristo, pois já
pertencemos a seu Corpo.
Insistindo
que “o túmulo de Jesus estava vazio”, a Igreja primitiva expressou não somente
o fato da ressurreição em si, mas também seu significado: a superação de toda
dimensão de corruptibilidade, simbolizada pela putrefação que se verificaria
dentro de um túmulo não vazio. Tudo isso é superado pelo agir de Deus. Por
causa disso, Paulo pôde exclamar: “nem o olho viu nem o ouvido ouviu, nem
jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que o
amam” (1 Cor 2,9).