Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Com a Solenidade
de Jesus Cristo, Rei do Universo, encerramos o Ano
Litúrgico. Jesus Cristo é
o Alfa e
o Ômega,
o começo e o fim da história humana, que Deus transforma em história da
salvação.
A festa de Cristo
Rei foi instituída, como celebração litúrgica, pelo Papa Pio XI
em 1925. O Papa fixou o último domingo de outubro como data da festa de Cristo
Rei, tendo em vista, sobretudo, a festa subsequente de Todos
os Santos, a fim de que se proclamasse abertamente
a glória daquele que triunfa em todos os santos eleitos’. A reforma litúrgica
do Vaticano II transferiu a data do último domingo de outubro para o último
domingo do Tempo Comum. Desse modo, concedeu
à celebração um significado mais amplo, sublinhando a dimensão escatológica do
reino em sua consumação final. Com esta mudança, Cristo aparece como centro e senhor da
história, Alfa e Ômega,
Princípio e Fim (cf. Ap 22,12-13). É a Festa do Cristo
‘Kyrios’.
‘Meu reino não é deste mundo, Jesus nos diz.
Todo o universo, e nele o ser humano, é criação divina, o alfa, e tem um único
objetivo: o ômega – a finalização de tudo e todos no amor, que é Deus. Para que
isto ocorra, temos de fazer que Cristo seja o rei, o coração, do mundo e de
nossa vida.
O filho do homem
glorioso recebe todo o poder e reinará para sempre. Jesus é o grande vencedor e
o modelo de fidelidade a ser imitado. O reino proposto por Jesus não se
confunde com os modelos do reino que a sociedade propõe’ (cf.
Liturgia Diária de Novembro de 2012 da Paulus, pp. 75-77).
Reconheçamos
com sinceridade: não é fácil vencer a tentação do triunfalismo. As influências
dos tempos de cristandade ainda repercutem e revelam sua força, em muitas
manifestações eclesiais e litúrgicas. Hoje o estandarte de Cristo Rei tremula em meio a muitas outras bandeiras da sociedade.
É importante deixar claro que a realeza
de Cristo
não se confunde com a realeza deste mundo. Suas conquistas não se medem pela
quantidade de indivíduos batizados, pela eficiência das estruturas e das
instituições eclesiais, pela grandiosidade das igrejas, pelo temor que as
autoridades eclesiásticas às vezes impõem. O reino
de Cristo
conquista novas fronteiras pela atitude de serviço, pelos gestos de doação
solidária em favor dos mais fracos. Ele se manifesta no respeito de uns pelos
outros, no encontro, no diálogo que instaura relações de comunhão.
Talvez devêssemos retomar a pergunta
de Pilatos: ‘Tu és rei?’ Que rei Jesus
é hoje para nós?
‘Eu
nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade’. Jesus Cristo é
reconhecido como Senhor (Kyrios)
e Rei porque realizou (e
realiza) a missão de salvar, perdoar, reconciliar, libertar, curar, dar a vida,
anunciar a Boa Nova do amor do Pai e da
esperança. Nesta perspectiva, celebrar hoje a festa de Cristo Rei
é reconhecer que ele é o ponto de convergência da história, da atividade e da
peregrinação terrena da humanidade. O Cordeiro que foi imolado, agora é motivo
de alegria de todos os corações e plenitude total dos anseios. Por isso podemos
proclamar: ‘Jesus Cristo, ontem, hoje, sempre. Aleluia!’
Jesus afirma: ‘meu reino não é deste mundo’. O fato de o reino de Cristo
não ser do estilo político dos governos terrenos não significa que esteja
ausente, que não se realize já neste mundo. Jesus mesmo nos ensina a rezar: ‘venha a nós o vosso reino’.
O senhorio do Cordeiro imolado e
vitorioso é reconhecido e perpetuado hoje, no mundo, através dos cristãos e das
comunidades eclesiais, não tanto por privilégios e influências sociais, quanto
pela presença e serviço, qual fermento na massa, em favor da verdade, da
justiça, da fraternidade, da convivência no amor, na paz e na liberdade. ‘Após o Concílio, a teologia cristã insistiu
de forma enfática sobre a necessidade de assumir a missão não como implantação da Igreja,
mas também como serviço ao mundo, ou mais propriamente, ao Reino
de Deus e à Paz que este traz à humanidade’.
Pelo batismo somos convidados a
reinar com Cristo
pelo serviço, pelo perdão, pela reconciliação, enfrentando o desafio da cruz a
fim de que todos tenham dignidade e paz.
A Igreja comemora hoje o dia dos leigos, os missionários do Reino de Deus
nas diferentes áreas e atividades que tecem a vida humana, religiosa e social.
Louvamos a Deus por tantas mulheres e homens que vivem profundamente sua
vocação batismal, colocando-se inteiramente a serviço da Boa
Nova, anunciada, vivida e celebrada.
O ‘Dia do Leigo’
recorda os membros da Igreja que, pelo batismo, são em Cristo
sacerdotes, profetas e reis, inseridos nas realidades da cultura, da política,
do comércio, das ciências, da economia, da ecologia, da vida conjugal... A
presença e a atuação de leigos
cristãos pode transformar essas áreas em espaços fecundos para os
valores do reino de Deus.
Neste último domingo do Ano
Litúrgico, louvemos e agradeçamos ao Senhor por
todas as graças e bênçãos recebidas de sua bondade, ao longo da caminhada do
ano que passou. Hoje, em todas as dioceses do Brasil, fazemos a abertura da Campanha
para a Evangelização, que é realizada no Terceiro
Domingo do Advento” (cf. Roteiros
Homiléticos da CNBB, nº 23, pp. 109-116).
Celebrando o Ano
da Fé, o Cinquentenário da Abertura do
Concílio Ecumênico Vaticano II e o Vigésimo
Ano do Lançamento do Catecismo da Igreja Católica,
após o Sínodo que se
ocupou com Uma Nova Evangelização para
nossa vivência da Fé, somos convidados a rever como
tratamos nossos irmãos e irmãs Leigos
em nossas Comunidades. Se for verdade que “não
há Igreja sem Eucaristia e não há Eucaristia sem Padre”, não menos
pertinente nos parece que não é possível haver “Igreja sem os Leigos”, os
grandes sacerdotes e sacerdotisas, por conta de seu Batismo, no seio do mundo;
da porta dos Templos para fora; lá onde os ministros ordenados não chegam, mas
são estendidos pelo testemunho, pela missionariedade e apostolado de nossos
Agentes de Pastoral, geralmente tão dedicados e zelosos como Igreja
do Ir ao
encontro dos que não vêm. Nossos Leigos
sintam-se amados e valorizados, uma vez que são eles que edificam o ministério
ordenado. O que seria da Igreja, sem a rica presença dos nossos lindos e
queridos Leigos? A eles invoco as mais abundantes bênçãos com
a ternura de minha gratidão, pedindo que nunca deixem de rezar pela
santificação dos sacerdotes ordenados. Se o Padre santifica a Comunidade, é a
Comunidade orante que santifica seu Padre!
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dn 7,13-14; Sl 92(93);
Ap 1,5-8 e Jo 18,33-37)