Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“No último domingo do Advento,
olhamos para a figura de Maria
que é plenamente a Virgem
do Advento.
Ela é a bendita entre as mulheres, é a cheia de graça, a serva do Senhor, a
nova mulher. Ela carrega no ventre o Bendito,
o Esperado
das nações. É a filha de Sião que representa o antigo e o novo Israel. O seu
sim na anunciação se converte em sim da nova aliança. Maria
resume em si as esperanças de seu povo. Hoje, esperança da Igreja.
A assembleia de fé, reunida neste
domingo, é convocada a escutar e a acolher a boa nova anunciada, na certeza da
fidelidade de Deus que cumpre suas promessas de salvação para o seu povo.
Exultemos de alegria como João Batista
e, inspirados pelo Espírito, a exemplo de Isabel, proclamemos que é Bem-aventurada
aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor prometeu: Deus virá
morar no meio de nós.
‘Graças
ao sim de Maria, a Comunidade de Fé se reúne para celebrar a Eucaristia,
memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor. De modo muito especial
nesta liturgia, acompanhemos os passos da mãe de Jesus: ela, a bendita entre as
mulheres, se dirige solidária e apressadamente a Isabel para saudá-la e
auxiliá-la.
Aquele que
aguardamos e nos santifica vem até nós e nos traz a paz. Maria soube acolhê-lo
em seu seio e o ofertou à humanidade para que esta se alegre com o dom da
salvação.
Há valores
que brotam do que é considerado pequeno e insignificante aos olhos da
sociedade. A solidariedade leva alegria e esperança aos necessitados.
Aprendemos com Jesus a realizar a vontade do Pai.
Apresentemos
a Deus o sacrifício de obediência e amor que Cristo ofereceu uma vez por todas.
Tornemo-nos nós também uma agradável oferenda viva e, a exemplo de Maria,
estejamos disponíveis para levar Cristo aos outros’ (cf.
Liturgia Diária de Dezembro de 2012 da Paulus, pp. 69-71).
Deus manifesta a plenitude da vida e
da salvação no meio dos pobres e excluídos, como Maria,
Isabel, Zacarias, João,
que exultam de alegria. Ele visita o seu povo e faz resplandecer a luz para
toda a humanidade, através do Messias Salvador
que há de nascer da pequena Belém.
Jesus
vem para realizar a vontade do Pai até a oferta total da vida. A disposição em
doar-se pela nossa salvação e santificação é apelo para uma adesão profunda ao
seu plano de amor. A resposta à gratuidade da salvação deve ser manifestada,
através de nossa entrega amorosa: Estamos
aqui para fazer a vossa vontade.
O
nascimento de Jesus
se aproxima e a figura de Maria,
sua mãe, é ressaltada, pois ela encarnou a espera e a fé de Isabel.
Maria
confiou plenamente no Senhor ao dizer: ‘Faça-se
em mim segundo a tua palavra’ (Lc
1,38). A sua docilidade, em acolher a bondade de Deus, faz ressoar como um eco
a atitude do Filho Jesus
ao entrar na história humana: ‘Eis que
venho para fazer a tua vontade’.
Maria
manifestou a fé na disponibilidade para o Senhor, no serviço pleno ao Filho
de Deus e à sua obra redentora, na solicitude
maternal com toda a humanidade como demonstrou, através da visita à sua prima Isabel.
A sua fé foi crescendo, progressivamente, com o decorrer dos acontecimentos da
salvação que ela ‘guardava em seu
coração’ (Lc 2,51). Por isso, a Lumen
Gentium, n. 58 afirma que ‘Maria
avançou pelo caminho da fé’.
A exemplo de Jesus,
façamos da nossa vida uma oferta agradável a Deus que se oferece sem reservas”
(cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 24, pp. 28-32).
Maria dirigiu-se apressadamente
à região montanhosa da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou sua
prima Isabel.
O encontro destas duas mulheres sempre me encanta ao mesmo tempo em que fico
intrigado com a expressão “apressadamente”.
Dá a impressão de que Maria
se apressou em fugir das más línguas da pequena cidade de
Nazaré. Ainda hoje, quando a filha da vizinha engravida do namorado, “fica mal falada”.
Geralmente os bons cumpridores dos preceitos de nossas Comunidades, como também
muitos de nós, clérigos, discriminamos tais pessoas, e depois, chamamos a
menina de “mãe
solteira”. Nunca ouvi ninguém chamar uma mãe, de “mãe casada”.
À parte da Teologia Moral, “mãe é mãe, e pronto!”.
Imaginemos a situação de Maria,
em seu tempo, numa minúscula e escrupulosa cidade, Nazaré: grávida sem antes
ter-se casado com José.
Do ponto de vista humano, ela poderia ter fugido para a casa de sua prima, a
fim de ficar longe de qualquer comentário maldoso. Isso me parece muito comum e
normal.
Por outro lado, também do ponto de
vista humano, ela poderia ter ficado em Nazaré, de pernas para o alto, nariz
empinado, afirmando ser a Mulher mais importante da face da terra, uma vez
escolhido o seu útero, para tornar-se o “porta-jóias do
Salvador”. Poderia existir Mulher mais
importante do que a Mãe
do próprio Deus feito Menino?
Ainda, ela poderia ter calado,
disfarçado a gravidez, guardando só para si mesma, a gravidez de Deus! Geralmente é esta a escolha de nossa
sociedade. De alguns anos para cá, a maioria das crianças, afirma-se, nascem de
sete meses. Será mesmo? Não estaríamos escondendo os dois primeiros meses de
gestação? E a correria para casar, disfarçadamente, de branco? Guardamos
somente para nós mesmos, a presença amorosa de Deus em nossa vida. Engessados,
tímidos, envergonhados ou até mesmo ignorantes, não declaramos nossa “gravidez divina”
à sociedade oca e vazia de um Deus louco de amor pela
criatura humana. O Sínodo dos Bispos, sobre a Nova evangelização para manifestar nossa fé ao mundo,
neste Ano da Fé, espera dos cristãos,
justamente o que Maria
fez: “levar Jesus,
ainda nas entranhas da intimidade pessoal, a todos que encontramos pela
frente!”, sem vergonha e timidez, mas ousados e corajosos. Trata-se da Fé,
recebida como
dom, anunciada como conduta, e vivida como valor essencial!
Já
do ponto de vista teológico, Maria
torna-se a primeira missionária.
Segundo Paulo VI, “A estrela da Evangelização”,
porque não guarda para si o fruto de seu
ventre, Jesus, mas o leva adiante,
chegando à região montanhosa de Judá. Põe-se a serviço da esterilidade e
velhice. Sim, porque soube que sua prima já estava no sexto mês de gravidez,
justamente aquela que era considerada estéril e já de idade avançada. Maria
torna-se também, modelo
de Fé,
confiando que o Senhor pode tudo; até mesmo produzir vida da esterilidade e
velhice. Quantas vezes nos sentimos estéreis e velhos, cansados e desanimados
diante dos desafios da vida: confiemos,
de que para Deus, nada é impossível!
As duas crianças pulam de alegria no
ventre de suas mães. Oxalá, também nós sintamos Jesus pular de alegria em
nossa intimidade, em nossas relações e saudações, que esperam de nós um pouco
mais de humanidade, dignidade e divindade neste Natal,
que já aponta em nossa vida cristã!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler
Mq 5,1-4; Sl 79(80); Hb 10,5-10 e Lc 1,39-45)