“Natal,
festa da luz,
das confraternizações e troca de presentes. É festa que desce ao nosso coração
e nos move em direção das mãos estendidas que aguardam solidariedade.
É a festa da encarnação do Verbo,
Palavra
eterna do Pai, em que seu ato solidário, assumiu nossa condição humana no
seio de Maria
pela ação do Espírito
Santo. Ele mesmo, em pessoa, é o presente a nós doado de forma
incondicional. Ele
é a luz que brilha nas trevas, assim entendemos,
porque Natal é festa de luz!
Ele é a luz que vai fulgurar e nos guiar como o Círio fulgurou no coração e na
noite pascal, anunciando o Ressuscitado!
Celebrando
a festa do nascimento de Jesus
(Mistério da Encarnação), celebramos a realização da promessa de Deus, conforme
as Escrituras, de fazer Aliança de paz com a humanidade e de inaugurar o seu
reinado no mundo: “Hoje nasceu para nós
um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi” (Lc 2,11). “Hoje” entoamos o anúncio dos anjos “Glória a Deus no mais alto dos
céus, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Vamos tornar célebre o nascimento de
Jesus em nossas vidas, em
nossas famílias, em nossa comunidade eclesial, com Maria e José, com o empenho de cultivarmos
relações solidárias entre nós, com gestos concretos de solidariedade com os
irmãos necessitados e a natureza inteira.
‘Somos
convidados a formar coro com os anjos: glória a Deus no mais alto dos céus e
paz na terra às pessoas de boa vontade. Jesus chegou até nós, trazendo-nos a
salvação.
Com o
nascimento do príncipe da paz, chegou a salvação dos pobres e oprimidos. Por
meio de Jesus, Deus entra na história da humanidade para dela fazer parte. A
graça de Deus traz salvação a toda a humanidade.
A luz se
manifestou para iluminar os caminhos da humanidade, que anseia por paz e
fraternidade. Acolhamos com alegria a palavra de Deus, fonte de vida e
salvação.
Os
anunciadores da paz trazem grande alegria ao povo. A palavra de Deus se fez
carne e habitou entre nós. Em Jesus, todas as manifestações de Deus foram
plenificadas’ (cf.
Liturgia Diária de Dezembro de 2012 da Paulus, pp. 74-79).
A chegada do Messias
Salvador
é a Boa Notícia, pois ele traz a vida
em plenitude, a paz – ‘shalom’
como a plenitude de bens para todos os povos. Sua manifestação na história
humana, no seio de um povo sofrido e dominado, nos compromete a seguir seu
projeto com fidelidade, cooperando na nova criação, sonhada por Deus.
O anúncio aos pobres, tornando-os
testemunhas, revela a gratuidade do seu amor.
Jesus
é a luz que brilha no meio da
escuridão, o Salvador
que ilumina a vida dos pobres e discriminados pastores, atentos aos sinais de Deus.
Ele é a Palavra do Pai
que se faz carne no meio dos pequenos para ser o Emanuel,
o Deus
conosco. Em sua vida solidária revela-se o amor e a ternura de Deus,
a graça da salvação oferecida a toda a humanidade. Seu exemplo nos impele a
viver a solidariedade com os mais desamparados, a fim de que todos participem
da alegria e da felicidade em Deus.
Vamos render graças ao Pai
por ter trazido, em Cristo Jesus,
a aliança definitiva conosco. Ele, Jesus,
que nasce pobre entre os pobres, em Belém, está entre nós com os sinais pobres
e simples do pão que compartilhamos, dando graças ao Pai por tal mistério” (cf. Roteiros Homiléticos da
CNBB n. 24, pp. 33-40).
Gosto de resumir o mistério do Natal
naquela frase que se pronuncia, durante a Celebração Eucarística, enquanto, na
Preparação das Oferendas, se coloca uma gotinha de água no vinho a ser
transubstanciado no precioso sangue do Senhor: “Pelo mistério desta
água e deste vinho, possamos participar da divindade do vosso Filho, que se
dignou assumir a nossa
humanidade”.
Aí está descrita a profundidade do mistério de Deus que nasce igual a nós em
tudo, menos no pecado. Nossa participação neste mesmo mistério da Encarnação é
apenas uma mínima gotinha de água. Todo o resto é por conta de Deus, que
oferece seu Filho amado em holocausto. Jesus derrama todo seu sangue,
lavando-nos de nossos limites e tornando-nos seres divinizados, ou seja,
candidatos à santidade. Basta seguirmos suas instruções evangélicas.
Portanto, viver o Natal do Senhor em
nossos dias, nos pede que acolhamos Sua proposta de vida e vida em plenitude.
Quando nasceu há mais de dois milênios, precisou cheirar a feno, porque só
encontrou lugar entre animais, numa manjedoura que até hoje nos comove, ao
contemplarmos os lindos presépios montados em nossos Templos e Lares. Hoje
Jesus já não mais meigo Menino, mas o Senhor de nossa vida, quer nascer
cheirando a Pessoas. Quer acostar-se na manjedoura de cada coração humano.
Oxalá, a manjedoura de nosso coração cheire a amor, paz, justiça, liberdade,
verdade e solidariedade. Eis o perfume que agradará ao Senhor, ao procurar
acolhida nas entranhas de nossa intimidade. Não corramos o risco de Jesus
passar adiante, já que não se deitará em manjedoura mal cheirosa de egoísmo,
individualismo, carreirismo, busca de poder e prestígio, mentira, hipocrisia e
falsidade.
Seja, enfim este Natal
do ANO DA FÉ, Um
Natal dos Sonhos à luz da Fé madura!
Desejando-lhes um abençoado, santo e
feliz Natal, abraço-os com a
ternura de meu coração,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler para a
Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 95(96); Tt 2,11-14 e Lc 2,1-14)
(Ler
para a Missa do Dia: Is, 52,7-10; Sl 97(98); Hb 1,1-6 e Jo 1,1-18)