DIA NACIONAL DA JUVENTUDE
Juventude e Vida
Que vida vale a pena ser vivida?
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Estamos no último domingo do mês de outubro, Dia Nacional da Juventude, que tanto se prepara para a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em julho de 2013, na
cidade do Rio de Janeiro, com a presença do Papa. A Igreja propõe aos fiéis uma
reflexão sobre sua tarefa missionária. Ela nos fala da missão evangelizadora ad intra e ad extra, isto é, seus
destinatários são aqueles que, junto a nós, deixaram de participar ou que se
afastaram da Igreja, bem como a missão que acontece em regiões onde existem
grandes desafios devido à pobreza, à perseguição ou mesmo indiferença aos
valores do evangelho.
Na próxima
sexta-feira, estaremos celebrando o Dia de Finados, dia de visita aos cemitérios e oração
pelos fiéis defuntos.
A liturgia do
domingo passado apresentou a passagem dos filhos de Zebedeu. Jesus alertou os
discípulos sobre a tentação da ambição, dentro da comunidade, e sobre as
dificuldades próprias da missão que ele veio cumprir.
Continuamos hoje
a leitura do Evangelho de Marcos, com a
cura do cego Bartimeu, que nos apresenta um modelo de fé. Neste modelo, vemos
uma ligação entre o cego e a libertação de todo o povo de Deus, a partir da
vida de nossas Comunidades!
Podemos verificar
que o conhecimento da Palavra
de Deus e das
promessas que alimentam a vida do povo de Israel leva o cego a reconhecer Jesus. Este fato deve também nos mover a
buscar não só conhecer a palavra
de Deus, mas a
fazer dela um alimento para a fé, para podermos reconhecer a presença e a ação
de Jesus hoje, entre os homens e na comunidade
dos fiéis.
Podemos verificar
que a situação adversa do cego não foi empecilho para seu crescimento na fé. A ‘desgraça’ na qual estava mergulhado é a condição
para que alimente a esperança e cresça na fé. A fé, portanto, nos é mostrada
como capaz de trazer respostas ou desprezada pelo mundo.
A liturgia nos
apresenta o conteúdo de fé em Jesus como Messias.
Facilmente, chamamos Jesus, o Cristo (=messias), porém, cabe perguntar se, na prática,
aceitamos o fato de que a fé em Jesus inclui esta restauração da vida do
povo, como a cura do cego, a saúde ao doente, a liberdade ao oprimido...
A cura do cego
mostra a estreita relação entre a fé por ele professada e a história e as
esperanças da comunidade, povo de Deus. Isto permite perguntar se nossa fé
também está fundada na esperança e na vida do povo, se nossa fé compartilha as
esperanças da comunidade, da Igreja.
‘Deus nos chama e reúne para agradecermos o
seu amor, manifestado na pessoa de Jesus, que cura nossas cegueiras. O Senhor
vence as trevas que impedem nossa caminhada rumo à sociedade fraterna e
solidária.
O
sonho de Deus deve ser o nosso também: uma sociedade sem cegos e coxos
mendigando. Somos chamados a extirpar a cegueira do povo para que não se torne
vítima de interesses escusos. Jesus, sacerdote por excelência, participa de
nossa condição, santificando-a” (cf. Liturgia Diária de Outubro de 2012 da Paulus, pp. 82-85).
A partir de Jesus, que caminha para Jerusalém com a
missão de restaurar o povo de Deus, somos desafiados a promover a ação
restauradora e redentora de Deus e a vencer a acomodação da comunidade,
preocupada em repetir ritos ou salvaguardar as leis.
Bartimeu nos
mostra que a fé cristã não combina com acomodação e individualismo. A fé cristã
é essencialmente comunitária. Ela nasce da ação de Deus em favor da vida de seu
povo. O lugar do cristão é o caminho da comunidade dos fiéis conduzida por Jesus, lugar onde a presença de Jesus continua a agir, transformando sinais
de morte e descrença em sinais de vida e de fé e de esperança real.
A Palavra de Deus, neste domingo, pelo relato da cura do
cego, nos mostra a fé em Deus como abertura a um projeto, um plano, uma ação de
Deus, presente na história. O fiel reconhece, em Jesus,
Deus que o acolhe. Pela fé em Jesus, percebe-se alguém participante e
testemunha da ação de Deus, agindo na comunidade em favor da vida do povo.
A liturgia da Palavra indica renovação e vida nova não
somente para as pessoas, mas também para as estruturas e a sociedade.
Neste domingo, em
alguns municípios como em nossa querida cidade de Ribeirão Preto, realiza-se o
2º turno das eleições. A política sempre é um desafio para a evangelização,
pois esta deve se traduzir em valores que nascem da vivência de nossa fé em
comunidade” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB n. 23, pp. 70-75).
Segundo desabafo
de Rubem Alves, “Quem decide as eleições
e a democracia são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições dizem quem
é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os
indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser
assimilados à coletividade. Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os
espertos trabalham”. Outra é o voto consciente, pensado para o BEM COMUM!
Costumamos ouvir
frequentemente que “O povo tem o Governo
que merece!”. E diante das urnas, neste segundo turno das eleições, somos todos questionados: “Que Governo queremos para nossas cidades?
Qual Governo necessitamos? Temos consciência política e liberdade claras para
elegermos bem nossos Governantes para os próximos quatro anos? Conhecemos as
reais necessidades de todos os cidadãos de nossas cidades, ou apenas as nossas?
Conseguimos abrir nossos olhos, como Bartimeu do Evangelho deste domingo,
diante das propostas dos Candidatos que desfilaram diante de nós na Campanha
que se encerra nesta semana, temperada de determinadas ironias, tentando
subestimar nossa capacidade de discernimento?”
O voto é livre e precisa ser consciente
de que quem for eleito deverá estar a serviço do Bem Comum, sabendo de que
cobraremos, conscientemente, cada promessa,
mesmo que algumas delas não passam de sofismas viciados. O desencanto de mais
de 80 mil abstenções no primeiro turno, precisa ser revertido em esperança, de
que todos serão respeitados em sua
dignidade, e juntos saberemos cobrar
tudo o que ferir o exercício da cidadania em nossa cidade.
Depois não adianta
reclamar. A liberdade é o bem maior de cada eleitor. Ninguém tem o direito de
obrigar, nem de seduzir com promessas particulares a eleitor nenhum. Mas todos
terão a obrigação de reivindicar nossos direitos e tudo aquilo que nos foi
proposto. Não aceitaremos nada imposto. Não sejamos promíscuos,
individualistas, passivos e nem nos deixemos subestimar. Utilizemos as urnas
para nos valorizar. Não nos coloquemos à venda. Saibamos confiar em quem
realmente deseja servir. Pois “Quem não vive para servir, não serve para
governar...”.
Desejando-lhes
muita luz e bênçãos, com ternura e gratidão, meu abraço amigo, cheio de
esperança de que o resultado das eleições seja pelo Bem Comum!
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Jr 31,7-9; Sl 125(126); Hb 5,1-6 e Mc
10,46-52)