Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“A Palavra de Deus do Décimo Quinto Domingo
Comum do Ano Litúrgico de 2012 indica que o seguimento acontece no cotidiano:
no trabalho comunitário, realizado em mutirão, no desprendimento e na
disponibilidade. O anúncio alegre da Boa Nova deve envolver toda a
pessoa, não como simples funcionário, mas como profeta, em meio a tantos
conflitos e situações de injustiça e exploração do povo simples.
Fomos
chamados para uma missão que não escolhemos, mas fomos escolhidos antes da criação do mundo para sermos
enviados como servidores do povo. Escolha é graça e, por outro lado, traz
exigências, como a recusa de privilégio social e econômico; um desprendimento
pessoal.
A
vivência religiosa tem consequência social, política e econômica. Esta foi a
postura de Jesus. O Evangelho que propõe leva-nos a fazer política. Não uma
política segundo os interesses do ‘rei’ ou dos poderosos, mas conforme o
espírito do Evangelho, segundo o interesse do amor, da fraternidade, da justiça
e da opção pelos pobres.
Fomos
marcados por Cristo e com o Espírito Santo, para uma ação transformadora. O
compromisso é fazer com que a situação de injustiça se converte numa sociedade
de irmãos. Jesus sempre chamou à conversão que implica na modificação integral
de nossa maneira de viver e agir.
No
Evangelho de Marcos, como caminho de iniciação cristã, descobrimos, passo a
passo, quem é Jesus e como ser seu amigo, parceiro e discípulo. Como apóstolos,
somos convocados, batizados e iluminados, para sermos enviados. O convite de
Deus sempre implica num envio. Somos cristãos não para enfeitar a Igreja, nem
para granjear honrarias, mas para a missão e o compromisso.
O
desafio é desempenhar a missão no modo de Jesus e na pedagogia dele, que veio
curar e consolar. Destruir tudo o que oprime, escraviza, rebaixa e exclui as
pessoas. Abrir-se para todas as possibilidades de vida feliz e abundante para
todos.
O
Senhor nos fortalece e nos ajuda a recuperar a alegria e o entusiasmo de nossa
consagração a serviço do Reino. Nos desígnios do Pai, fomos feitos seus e
herdeiros desse Reino. Os filhos e herdeiros têm o direito e a responsabilidade
de serem os continuares e amigos do projeto divino (cf. Roteiros Homiléticos n.
22 da CNBB, pp. 64-70).
“A exemplo dos primeiros apóstolos, somos
chamados a estar com Jesus. A convivência com ele renova nossa alegria e nos
fortalece na missão de pregar a conversão e combater todas as formas de mal
presentes no mundo.
As leituras deste domingo nos
mostram obstáculos que a mensagem de salvação pode encontrar. Mas também nos
fazem ver que nada deve impedir a Igreja de louvar a Deus e obedecer ao mandato
de Jesus.
Ninguém se faz profeta; Deus é que
chama a pessoa para ser profeta e missionário e a prepara para isso. Deus nos
chamou para a santidade e a unidade com Cristo. Jesus chama e envia seus
discípulos, dando-lhes instruções para a missão” (cf. Liturgia Diária de
Julho de 2012 da Paulus, pp. 53-55).
Podemos
repetir neste domingo que a Igreja de Jesus é essencialmente missionária, discípula e ministerial! A Comunidade toda é
chamada a ser uma verdadeira Igreja do Ir ao Encontro das pessoas todas,
especialmente das mais simples, pobres e marginalizadas. Corremos,
frequentemente, o risco de acolher as pessoas que nos convém. Não raras vezes somos
demasiado exigentes com nossos Agentes de Pastoral e aquelas pessoas que
frequentam nossas celebrações e nos ajudam em nossas atividades pastorais.
Repreendemos quem veio, quando deveríamos deixar o “rebanho
reunido”,
indo ao encontro e à procura de quem não veio, a exemplo do Bom Pastor, que
resgata a ovelha perdida. Ao lado disso, preocupa-nos o acentuado triunfalismo,
o espetaculoso e o abuso do “poder da estola” sobre nossos fiéis.
Precisamos superar a acepção e a discriminação das pessoas que buscam, nos
ministros ordenados e nos agentes de pastoral, maior coerência entre o que pregam e vivem. Não podemos deixar de
nos perguntar sempre: O que Jesus diria? Como
Jesus agiria? Qual seria a atitude de Jesus? Só assim, em nossa missão de verdadeiros
discípulos, em nossas Comunidades de Fé: “A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e
a paz se abraçarão; da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhará dos altos
céus”.
Só assim todos que virem nosso ministério bem vivido e alimentado pela humildade, reconhecerão que somos
de Jesus!
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre
Gilberto Kasper
(Ler Am 7,12-15; Sl 84(85); Ef 1,3-14 e Mc
6,7-13)