Aparentemente
desligado, Dom Joviano viveu seu ministério episcopal entre nós, mais do
que se possa imaginar, “antenado”. Levou, armazenado em seu
coração inchado de bondade e serenidade, segredos insondáveis e a vida de cada
um que lhe foi confiado, ao colo misericordioso do Pai, no dia 21 de Junho,
Memória de São Luís Gonzaga, dia dedicado à Eucaristia, logo ele, amante da
Liturgia. Quis Deus acolhê-lo naquele
horário em que o próprio Cristo fez igual experiência, percorrendo pela “irmã morte”, deixando que seu nome
ecoasse na eternidade! Bem podemos imaginar a alegria da Corte Celeste abrindo
espaço para um homem simples, descomplicado, prático e embora de poucas
palavras, contundente e justo. Um homem de visão ampla, capaz de adentrar a
intimidade de cada pessoa que amou a seu modo, transpirando delicadeza,
respeito pelo diferente e amando profundamente nossa Igreja.
Zelava pela humildade e abominava a
busca de prestígio. Dispensava elogios e era objetivamente, por tudo, sempre
agradecido. Convidava a quem quisesse ser com ele missionário e discípulo do
SIM – Ser Igreja em Missão, sem, entretanto, impor ou cobrar àqueles que se
sentiam dispensados desse ou dos demais projetos de seu pastoreio. Sabia ser
presente, mesmo que fisicamente ausente, por conta de sua dor e enfermidade,
porque se fazia oferenda viva que só poderia santificar e promover comunhão,
mesmo que invisível, mas profundamente sensível a quem teve a oportunidade de
passar algum momentinho junto dele.
Não poucas vezes deixou escapar sua Ternura
pelo Reino confiando-nos tarefas aparentemente simples, porém
desafiadoras, as quais nos realizam em nosso ministério e pelas quais seremos
sempre profundamente agradecidos, porque nos fazem feliz como pessoa,
presbítero, professor e jornalista. Pediu-nos que transformássemos a Santo
Antoninho num Espaço Cultural de Espiritualidade, onde as pessoas possam
encontrar-se com Cristo na Liturgia bem celebrada, num Ambiente de Formação com
Atendimento Espiritual Acolhedor. Dignou-se a celebrar conosco e sempre que
passava pela Avenida Saudade, pedia para parar e olhando para nossa Reitoria
repetia compassivo: “Eu não teria a
paciência e perseverança para as reformas necessárias a este tão rico espaço
que nos foi doado. Sempre que algum
Padre me pede algum trabalho, peço que venha perguntar ao Padre Gilberto, como
se faz, para estar sempre tão ocupado...”. Fez questão de conferir a
implantação da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), celebrando com as queridas
Missionárias Liderene, Carmela e Stela, assessoras do Santuário Nossa Senhora
do Rosário, que prepararam nossas Agentes da PPI na Santo Antoninho. Ao provisionar as Ministras Extraordinárias
da Sagrada Comunhão, Dom Joviano nos disse que nunca deixássemos de
acompanhá-las, porque a visita aos Enfermos santifica o nosso Ministério. Ao
consultá-lo se deveríamos aceitar o convite para sermos Conselheiro Espiritual
da Equipe Nossa Senhora da Esperança, respondeu-nos que ele sempre que pode,
acompanhou alguma Equipe de Nossa Senhora. Disse-nos que as Equipes de nossa
Senhora sempre edificam e enriquecem a vida do Padre. Na véspera da festa de Santo Antonio, ao
visitá-lo em seu leito hospitalar, disse-nos: “Lembrei-me de você nesta manhã em minhas orações. Já espera mais de
quatro anos pela aprovação das obras, e amanhã celebrará mais uma Festa de
Santo Antônio sem banheiros...” Antes de despedir-nos, pediu que lhe
concedêssemos uma bênção forte contra a dor. Ao saber que enviara um cesto de
pães bentos na Missa de Santo Antoninho ao Palácio, fez questão de agradecer
por telefone desde o Hospital. Era estampada sua expectativa por ver nossa
Igrejinha restaurada e um “primor” de
espaço a serviço da acolhida. Oxalá interceda por nosso projeto desde a
eternidade, já que agora está na companhia de Santo Antoninho.
Confiou-nos a Assistência
Eclesiástica do Centro do Professorado Católico da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, pedindo que não medíssemos esforços para oferecer formação e permanente
assistência espiritual aos Professores Católicos ou não, levando para eles
nosso Estudo Bíblico que denominou a “pupila
dos olhos da Santo Antoninho”.
Encorajou-nos
e posteriormente parabenizou-nos por assumirmos o Curso de Bacharel em Teologia
na Faculdade Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP. Animou-nos a formar um grande
laboratório teológico para o Diálogo Inter-Religioso. Disse ser excelente nosso
Projeto Pedagógico!
Finalmente, escreveu-nos um último
email: “Caríssimo Pe. Gilberto! Agradeço
as orações por mim. É uma alegria tê-lo como amigo e irmão. Deus o abençoe
sempre. Abraços! + Joviano”. Mais do que antes, sentimo-nos robustecidos em
nosso ministério e animados a viver O Silêncio de Dom Joviano ecoando sua
Ternura pelo Reino!”.
Padre Gilberto Kasper