Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegrai-vos comigo,
Encontrei o que tinha perdido!” (Lc 15).
Celebramos o Vigésimo-Quarto Domingo
Comum do Tempo Litúrgico, ainda no Mês da Bíblia. Lembramos o
trágico atentado das Torres Gêmeas de Nova Iorque, e os tantos outros que o
seguiram até nossos dias!
Apesar de nossas fraquezas e
pecados, o Senhor não nos rejeita, mas, com amor e misericórdia, vem-nos ao
encontro, como nosso Pai, quando dele nos afastamos. Alcançados e resgatados
por seu Filho, somos convidados a abrir os lábios e o coração para o seu
louvor.
A Palavra de Deus nos assegura que
Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que o Pai se mostra sempre
disposto a perdoar quando a pessoa decide retornar o bom caminho.
Moisés intercede em favor do povo
pecador e Deus continua se mantendo aliado na caminhada. Deus não se cansa de
procurar o pecador e o que está perdido. Jesus veio ao mundo para reconciliar e
salvar a humanidade e é ele que nos fortalece na missão.
A página do Livro do Êxodo
desenvolve em seu capítulo 32 a descrição da ruptura que o povo provocou em sua
relação com Deus e a posterior renovação da aliança. O povo abandona Deus, mas
Deus não abandona o povo. Moisés intercede junto a Deus pelo povo. Este texto
prefigura, pois, a face do Deus misericordioso, desvelada por Jesus no Novo
Testamento e tão belamente simbolizada nas parábolas da ovelha perdida e do
filho pródigo. O amor misericordioso se sobrepõe e prevalece acima de todos os
demais sentimentos.
O evangelho deste domingo, pela
narrativa de três parábolas, nos leva a refletir sobre a pessoa que se afasta
de Deus. É fácil pensar que tais ensinamentos não dizem respeito diretamente a
nós, que nos reunimos em comunidade de fé, oração e amor, elevando nossa ação
de graças ao Pai.
Afinal, se com este objetivo nos
encontramos, formamos assembleia, não estamos afastados de Deus. Portanto, as
três parábolas se referem a outras pessoas, talvez mais pecadoras do que nós...
Contudo, se afastarmos esta idéia e voltarmos o pensamento para dentro de nós
mesmos e fizermos uma breve retrospectiva de nossa vida de fé, o que
descobrimos? Lá bem no fundo, nos vislumbramos como a moeda perdida, a ovelha
desgarrada, o filho que sai da casa do pai.
Na parábola da ovelha, ao
encontrá-la, o pastor “alegre a põe nos
ombros”. Fica bem especificada a liberdade do retorno. A ovelha não é
agarrada à força, não está se debatendo. É apanhada com carinho e mansamente se
deixa conduzir.
A pequena história da moeda perdida
trás duas ações marcantes da mulher, ao iniciar a busca: acender a luz e procurar
cuidadosamente. Se estivermos perdidos, afastados do Pai, somos buscados com
cuidado, não de modo brusco ou violento. Seremos reencontrados em Deus com a
ajuda da luz que é sua própria Palavra.
Da conhecida parábola do filho pródigo
emerge inúmeros simbolismos. Esta parábola nos dá os sinais que compõem o rico
Sacramento da Reconciliação. Os passos de uma boa confissão estão nela contidos.
E então percebemos quão rica é a misericórdia de Deus para com quem lhe vira as
costas, mas retorna, se converte, volta-se novamente para ele com humildade!
São Paulo começa a carta a Timóteo
com um agradecimento “àquele que me deu
forças, Cristo Jesus”. A seguir, ele afirma ter encontrado o coração
misericordioso de Deus.
Finalmente somos convidados a
refletir: a qual personagem, em se tratando da parábola de um Pai
Misericordioso com dois filhos mais nos identificamos: ao pródigo, que deixou a
casa do pai e voltou anos depois totalmente “rasgado” em sua dignidade, ou ao
filho mais velho que não controlou sua inveja porque seu irmão mereceu a
misericórdia, sendo acolhido de braços abertos?
Não poucas vezes, em nossas
Famílias, Comunidades de Fé, na Política e na Sociedade, encontramos “Irmãos
mais Velhos”: aqueles que se acham “certinhos” e não admitem ou não compreendem
a misericórdia de Deus, que permite a quem quer que seja, tenha feito o que o
que for, uma nova oportunidade, a verdadeira reconciliação com o próprio Deus,
consigo mesmo e com os irmãos!
Aprendamos a ser mais
misericordiosos do que duros juízes em nossas relações com os irmãos! Sintam-se
muito abençoados no Senhor que é Vida, Perdão, Misericórdia e Reconciliação. Só
quem faz a experiência de perdoar e acolher o perdão sabe o quanto é saborosa a
bondade de Deus!
Com ternura e gratidão, meu abraço
amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ex
32,7-11.13-14; Sl 50(51); 1 Tm 1,12-17 e Lc 15,1-32).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Setembro de 2019, pp. 56-60 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II
(Setembro de 2019), pp. 22-26.