Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
"Meus pensamentos são de
paz e não de aflição,
diz o Senhor. Vós me
invocareis, e hei de escutar-vos,
e vos trarei de vosso
cativeiro, de onde estiverdes" (Jr 29,11s.14).
O Trigésimo-Terceiro Domingo do Tempo Comum
é o penúltimo do Ano Litúrgico, e traz consigo, na Palavra
proclamada, acolhida, refletida, rezada e vivida um sabor de despedida, mas
também de um maior compromisso de re-ligare
= religião, nossa vida com a vida do mundo em que vivemos e onde somos ou
formamos um corpo do qual somos os membros e Cristo é a cabeça. Quando faltamos
ao corpo, por menor ou mais insignificantes que possamos parecer, mutilamos o
mesmo. O corpo, que a Igreja não nossa, mas de Jesus Cristo, torna-se aleijada,
com necessidades especiais...
O evangelho deste
domingo parece descrever cenas da vida atual: fala de violência, destruição,
tragédias naturais e sociais. Tudo isso não significa o fim do mundo nem é castigo
de Deus; antes, é um alerta sobre o nosso comportamento violento em relação aos
outros e à natureza. Diante desse quadro sombrio, a eucaristia torna-se fonte
de esperança para todos nós na luta pela vida.
Com a palavra de Deus
aprendemos que nossos esforços não são inúteis, pois, permanecendo firmes,
transformaremos a realidade violenta em realidade de paz, na qual nascerá e
brilhará o sol da justiça.
A primeira leitura
nos garante que um dia a impunidade acabará. O que não é de Deus cai. Mais cedo
ou mais tarde cai: a mentira é descoberta, a inveja e a maldade sobre os outros
recairá sobre nós mesmos; morreremos engolindo nosso próprio veneno preparado
para prejudicar e puxar o tapete do outro, a ganância, prepotência e arrogância
de querer ser mais do que os outros nos darão um belo tombo no tempo em que
menos esperarmos. O fim de instituições não significa o fim do mundo. Só Deus
não decepciona. As pessoas nos decepcionam porque não são perfeitas, tem seus
limites. Daí a necessidade de aprendermos a compreender, acolher o pecador, sem
sermos coniventes com seus pecados, mas capazes de perdoar sempre, como nós
somos perdoados por Deus.
Perguntava a uma moça nesta semana, se ela
acreditava em Deus, ao que me respondeu Sim, Senhor! Quando perguntei a qual
religião pertencia, respondeu: A nenhuma não, Senhor! Só acredito em Deus e não
nas religiões que não me dizem nada! O número de pessoas que dizem acreditar em
Deus, porém declarando-se sem religião cresce sempre mais e isso me preocupa.
Porém não concordo quando a mídia diz que a Igreja Católica perde a cada ano
mais fiéis. Para mim, quem deixa a Igreja Católica não é fiel, mas infiel e de
infiéis a Igreja não precisa. A pessoa que diz não precisar de religião é
individualista, egoísta e descomprometida, acomodada... Certamente não é tão
especialista na ação de re-ligare a
humanidade a Deus através dos outros. Mutila isso sim, o Corpo, que é a Igreja
de Jesus Cristo, independentemente da profissão religiosa. Mas esse tipo de
comportamento individualista começa na Família, colocada de bruços, e dos
demais Alicerces em Crise de nossos tempos, a Educação, O Governo e a Religião.
O povo quer trabalho, não simples emprego, e justiça social, que lhe devolva a
dignidade roubada por um capitalismo selvagem que necessita de indigentes para
sua própria sobrevivência cruel e desumana.
Reunidos pelo
Espírito, formamos a assembléia de irmãos e irmãs que desejam se alimentar do
Corpo de Cristo, que nos fortalece nos desafios da vivência cristã. Do
contrário, além de mutilarmos o Corpo que formamos com nossa ausência,
tornar-nos-emos anêmicos espiritualmente, sem o alimento que nos fortalece para
enfrentarmos os desafios que o mundo se nos impõem.
Desejando-lhes muitas
bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ml
3,19-20; Sl 97(98); 2Ts 3,7-12 e Lc 21,5-19)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Novembro de 2016, pp. 52-54 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II
(Novembro de 2016), pp. 75-80.