DIA NACIONAL DA JUVENTUDE
“Construindo uma nova sociedade”
“Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27).
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos no último domingo do mês de
outubro, Dia Nacional da Juventude, que
tanto se prepara para a Jornada Mundial da
Juventude, que acontecerá em julho de
2016, em Cracóvia na Polônia, com a presença do Papa Francisco, que também
neste domingo encerra o Sínodo dos Bispos sobre a FAMÍLIA! A Igreja propõe aos fiéis uma reflexão sobre sua tarefa
missionária. Ela nos fala da missão evangelizadora ad intra e ad extra, isto
é, seus destinatários são aqueles que, junto a nós, deixaram de participar ou
que se afastaram da Igreja, bem como a missão que acontece em regiões onde
existem grandes desafios devido à pobreza, à perseguição ou mesmo indiferença
aos valores do evangelho.
A liturgia do domingo passado
apresentou a passagem dos filhos de Zebedeu. Jesus alertou os discípulos sobre
a tentação da ambição, dentro da comunidade, e sobre as dificuldades próprias
da missão que ele veio cumprir.
Continuamos hoje a leitura do Evangelho de Marcos, com a cura do cego Bartimeu, que nos apresenta um modelo de fé.
Neste modelo, vemos uma ligação entre o cego e a libertação de todo o povo de
Deus, a partir da vida de nossas Comunidades!
Podemos verificar que o conhecimento
da Palavra de Deus e das promessas
que alimentam a vida do povo de Israel leva o cego a reconhecer Jesus. Este fato deve também nos
mover a buscar não só conhecer a palavra de Deus, mas a fazer dela um alimento para a fé, para podermos reconhecer
a presença e a ação de Jesus hoje, entre os homens e na comunidade dos fiéis.
Podemos verificar que a situação
adversa do cego não foi empecilho para seu crescimento na fé. A “desgraça” na qual estava mergulhado é a condição para que alimente a
esperança e cresça na fé. A fé, portanto, nos é mostrada como capaz de trazer
respostas ou desprezada pelo mundo.
A liturgia nos apresenta o conteúdo
de fé em Jesus como Messias. Facilmente, chamamos Jesus, o Cristo (=messias), porém, cabe perguntar se,
na prática, aceitamos o fato de que a fé em Jesus inclui esta restauração da vida do povo, como a cura do cego, a
saúde ao doente, a liberdade ao oprimido...
A cura do cego mostra a estreita
relação entre a fé por ele professada e a história e as esperanças da
comunidade, povo de Deus. Isto permite perguntar se nossa fé também está
fundada na esperança e na vida do povo, se nossa fé compartilha as esperanças
da comunidade, da Igreja.
Deus nos chama e reúne para
agradecermos o seu amor, manifestado na pessoa de Jesus, que cura nossas
cegueiras. O Senhor vence as trevas que impedem nossa caminhada rumo à
sociedade fraterna e solidária.
O sonho de Deus deve ser o nosso
também: uma sociedade sem cegos e coxos mendigando. Somos chamados a extirpar a
cegueira do povo para que não se torne vítima de interesses escusos. Jesus,
sacerdote por excelência, participa de nossa condição, santificando-a.
A partir de Jesus, que caminha para Jerusalém
com a missão de restaurar o povo de Deus, somos desafiados a promover a ação
restauradora e redentora de Deus e a vencer a acomodação da comunidade,
preocupada em repetir ritos ou salvaguardar as leis.
Bartimeu nos mostra que a fé cristã
não combina com acomodação e individualismo. A fé cristã é essencialmente
comunitária. Ela nasce da ação de Deus em favor da vida de seu povo. O lugar do
cristão é o caminho da comunidade dos fiéis conduzida por Jesus, lugar onde a presença de Jesus continua a agir,
transformando sinais de morte e descrença em sinais de vida e de fé e de
esperança real.
A Palavra de
Deus, neste domingo, pelo relato da cura do cego,
nos mostra a fé em Deus como abertura a um projeto, um plano, uma ação de Deus,
presente na história. O fiel reconhece, em Jesus, Deus que o acolhe. Pela fé em Jesus, percebe-se alguém participante e testemunha da ação de Deus,
agindo na comunidade em favor da vida do povo.
A liturgia da Palavra indica renovação e vida
nova não somente para as pessoas, mas também para as estruturas e a sociedade.
“O
cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus”. O manto era o único bem
de Bartimeu. O cego se aquecia com o manto, dormia sobre ele e fazia de seu
único bem material, o manto, uma espécie de guia. É interessante observar que
ao ouvir Jesus chamá-lo e deferir-lhe acolhida e atenção, o cego já não
necessita mais o manto, dá um pulo não no escuro, mas em direção de Jesus, que
doravante será seu guia, seu tudo, especialmente sua liberdade! E nós? Ainda
continuamos presos aos nossos mantos, nossas falsas seguranças, ou já
encontramos Jesus, nosso único bem necessário para ser felizes e livres de
verdade?
A liberdade é o bem maior
de cada cristão. Ninguém tem o direito de obrigar, nem de seduzir com promessas
particulares a ninguém. Mas todos terão o direito de reivindicar seus direitos
e tudo aquilo que lhes foi proposto. Não aceitaremos nada imposto. Não sejamos
promíscuos, individualistas, passivos e nem nos deixemos subestimar. Utilizemos
da liberdade que Jesus nos oferece para nos valorizar. Não nos coloquemos à
venda. Saibamos confiar em quem realmente deseja servir. Pois “Quem
não vive para servir, não serve para viver...”.
Desejando-lhes muita luz e bênçãos,
com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel!
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Jr 31,7-9; Sl 125(126); Hb 5,1-6 e Mc 10,46-52)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Outubro de 2015, pp. 79-81 e Roteiros Homiléticos da CNBB do tempo Comum de
Outubro de 2015, pp.62-67.