DIA MUNDIAL DAS MISSÕES,
DA OBRA PONTÍFICIA DA INFÂNCIA MISSIONÁRIA
Missão é servir”.
“Quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos” (Mc 10,44).
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos no penúltimo domingo de
outubro, Dia
Mundial das Missões, da Obra Pontifícia da Infância Missionária, quando fazemos a coleta para as missões. É importante
relembrar a participação e o compromisso missionário de todos os membros da
Igreja. “Na Igreja de Cristo, todo
batizado é missionário”. Em conformidade com o lema de Aparecida, todo
discípulo é necessariamente missionário: “Discípulos
missionários em Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”.
Nossa coleta seja generosa, signifique
sim, a partilha de
nossa pobreza, porém doação consciente e não
aquilo que nos sobra. Nossa oferta só agradará a Deus, se for parte de nós
mesmos em favor dos que necessitam de nossa benevolência para a evangelização.
Pensemos em nossos Padres Missionários em Manaus (AM), bem como de todos
aqueles que usufruírem de nossa pequena parcela, mas que somada será um alívio
na nobre Missão de todos que se despem do
conforto para anunciar Jesus Cristo além-fronteiras. Abramos mão de algo em favor de nossos irmãos
corajosos, o que será agradável aos olhos de Deus e recompensa provinda de Seu
Coração misericordioso.
Na Liturgia deste Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum, vemos novamente um anúncio da Paixão e celebramos o verdadeiro
significado do poder e do reinado de Cristo, que se traduz em serviço. Jesus inverte a lógica humana
e explicita a lógica de Deus, pela qual os últimos são os primeiros; os que se
elevam são humilhados; quem se humilha é exaltado; os que querem ser grandes
devem se tornar servidores de todos.
O serviço generoso e gratuito é o
norte do cristão, mas há sempre o risco de preferirmos o prestígio e
escolhermos ser servidos. Esta liturgia nos convida ao compromisso com o
projeto de Jesus, que nos dá lição de doação e nos revela sua missão. Neste
domingo das missões, celebremos em comunhão com todo o Brasil missionário,
chamado a partilhar o dom da fé.
Jesus veio para servir a humanidade
e por ela dar a vida. Apresentando o exemplo do servo sofredor, a palavra de
Deus nos convida a permanecer firmes na fé e no serviço fraterno e humilde ao
povo necessitado.
O servo de Javé é pessoa justa que
ofereceu a vida em expiação. Mesmo glorificado, Jesus continua nosso
intercessor. Jesus nos propõe algo difícil: servir, e não buscar ser servidos.
Com o pão e o vinho (deste domingo),
apresentemos a Deus a vida e os desafios dos missionários (nossa oferta generosa, a
Coleta das Missões), que atuam nas mais diversas
realidades em nosso país e no mundo.
A Palavra deste domingo questiona diretamente a lógica humana do poder e
reprova, tenazmente, toda forma de soberba, opressão ou carreirismo
discriminatório. Provoca as instâncias que exercem poder sobre o significado de
sua existência: existem para o serviço a ser prestado ou para si mesmas?
Para o cristão,
ser grande significa colocar-se a serviço; trabalhar em prol dos outros. A
autoridade provém da humildade.
Diante de toda
concepção mundana de poder, a Liturgia nos propõe pelo menos duas dimensões do
exemplo de Jesus. A primeira: a do Servo de Javé, que carrega a culpa de outros
para torná-los justos. Isso reporta ao evangelho, quando Jesus afirma que o “Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate para muitos” (cf. v. 45). A segunda: o que motiva a atitude desse servo. Ela aparece na
segunda leitura, na qual Cristo é o sumo sacerdote que se compadece das
fraquezas dos seres humanos e se permite ser um de nós, provado como nós.
Não são, portanto, o poder e o
destaque que tornam alguém grande aos olhos de Deus, mas o quanto cada um é
capaz de compadecer-se do outro e colocar-se a serviço dele.
A Palavra de
Deus deste domingo nos orienta claramente e
destina-se a pessoas públicas, que se colocam a serviço por livre vontade, escolhidas, nomeadas ou eleitas. O certo é que tais pessoas
aceitam servir, o que implica que saibam o que significa de verdade ser SERVO!
O serviço a que se refere o Evangelho deste domingo é endereçado a grupos
de pessoas no nível familiar, social, eclesial e político. Elegemos 22
Vereadores para nossa cidade de Ribeirão Preto que tem hoje quase 700 mil habitantes.
Oxalá saibamos estar atentos, exercendo nossa cidadania em relação à Câmara de
Vereadores. A Casa de Leis, não é a Casa dos Vereadores, antes é a Casa do
Povo. Uma vez eleitos, são obrigados a tratar o povo com respeito, dignidade,
transparência, verdade e justiça. Nenhum Vereador tem o direito de virar as
costas a quem quer que procure a Câmara. E os que já o fizeram, legislando
apenas para os que consideram seus “eleitores”, tratem de mudar e
converterem-se em SERVORES DO POVO TODO, abominando a ideia de que sua autoridade lhes dá o direito de
sentirem-se os donos da verdade, da
vontade e do próprio Povo. É urgente que o
povo seja mais politizado, participativo,
atento e usufrua de sua dignidade e cidadania não poucas vezes subestimada, surrada e ferida. Ninguém seja
excluído da mesa començal dos direitos de um cidadão, filho de uma cidade que
se diz a Capital da Cultura, do Agronegócio, mas que descuida da maioria de
seus cidadãos em suas necessidades básicas. Nosso povo não precisa de
honrarias, privilégios, nomes de ruas e praças: precisa urgentemente de
cuidados básicos, que lhe devolvam a dignidade, o orgulho e a esperança de dias
melhores.
Tivemos um Segundo Turno para eleger
o Executivo de nossa cidade. Não continuemos “desencantados” como nas Campanhas em que ouvimos promessas até hoje não
cumpridas. Já surgem em diversos cenários, Candidatos para as eleições de 2016.
Não nos deixemos iludir, muito menos subestimar em nossa capacidade de
discernir. Estejamos atentos às propostas mais contundentes, reais, concretas e
justas para os próximos anos de nossa cidade. Costumo pensar que a capacidade
de alguém que se dispõe a servir não se mede pelos ataques ao adversário. Quem perde saliva e
tempo falando mal do outro, é incapaz de propostas concretas e reais de
governo. Isso serve também para nós, ministros ordenados: não existe atitude
mais feia, do que assumir a liderança de uma comunidade e rasgar sua história
que lá encontra. Falar mal do colega que sucede é mais feio ainda. Quem chega,
deve ter a capacidade de amar e acolher quem e o
que encontra já em andamento. Do contrário
não passa de alguém em busca de poder, prestígio e honra. Isso não é nada
humano, é antes feio. Daí meu
exercício comigo mesmo e diário:
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 53,10-11; Sl 32(33); Hb 4,14-16 e Mc 10,35-45)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Outubro de 2015, pp. 60-63 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de
Outubro de 2015, pp. 56-61.