Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
“Deus quem me ajuda, é o
Senhor quem defende a minha vida.
Senhor, de todo o
coração hei de vos oferecer o sacrifício
e dar graças ao vosso
nome, porque sois bom” (Sl 53,6.8).
A Palavra de Deus do Décimo-Sexto
Domingo do Tempo Comum
encaminha-nos à Paciência de Deus para com a Humanidade! “A Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã nos ajuda a penetrar nos
pensamentos de Deus, com frequência bem diferentes dos nossos. Na liturgia
deste domingo, o Pai paciente e misericordioso vem em nosso auxílio para que,
embora convivendo com o joio, não desistamos da construção do seu reino.
Deus espera pacientemente a
conversão do pecador. Orando no Espírito como filhos e filhas de Deus,
deixamo-nos iluminar pela sua palavra, que não nos permite julgar e agir
precipitadamente.
O poder de Deus se mostra na
capacidade de perdoar. Devemos aprender com Jesus a ser pacientes e
perseverantes na construção do reino. O Espírito Santo nos auxilia em nossas
fraquezas.
Apesar de nossas infidelidades, Deus
é paciente conosco. Pelo memorial do amor de Cristo, o Pai continua
demonstrando sua confiança de que nosso joio não sufocará a boa semente do
reino” (cf. Liturgia
Diária de Julho
de 2014 da Paulus, pp. 61-64).
Embora criaturas prediletas de Deus, porque criados à Sua
imagem e semelhança, temos nossas imperfeições. Não há quem seja totalmente bom
ou totalmente mau. Temos nossos defeitos e qualidades; nossas virtudes e pecados.
Gosto de pensar que não são nem pecados e nem boas ações que nos levarão diante
de Deus, porém, o esforço que empreendermos para sermos bons.
O querer ser sempre melhor hoje do que
ontem, parece-me ser nossa tarefa. Não me refiro a ser melhor do
que os outros, mas ser bondoso. Talvez sejamos
convidados a perguntar-nos ao que mais nos identificamos em nossas relações
humanas? Ao Joio ou Ao Trigo?
Somente quem
faz a experiência da bondade, sabe o quanto é bom ser bom!
Muitas vezes nos deferimos o direito de julgar, condenar
e determinar a sentença sobre os outros. Isso só Deus tem direito de fazer.
Ninguém tem o direito de ser “deus” sobre o outro. Porém, todo cristão tem o
dever de ser bom, humilde e misericordioso para com o outro. Por isso, é preciso
aprender de Deus a PACIÊNCIA que Ele tem para
conosco. Quantas vezes escondemos nossos erros atrás dos erros dos outros? Ser
joio significa ser diabólico e ser trigo,
significa ser angelical em nossas relações. É
muito frequente entre nós, os cristãos, falarmos mal dos erros dos outros,
difamando-os. Feio mesmo é quando escondemos nossas fraquezas e incapacidades
atrás dos deslizes dos outros. Há quem não consegue alegrar-se com o êxito alheio
e deixa, por isso, corroer-se pela inveja, que é um mal horroroso entre nós.
Oxalá busquemos na força dos dons do Espírito Santo, o êxito de nossa
conversão, coerência e misericórdia para com quem nos magoa, surra, machuca ou
prejudica. Não acredito que “perdoar é
esquecer”; antes, “perdoar é
lembrar sem rancor, sem mágoa, com coração misericordioso e tomado de paciência
para com quem pecou!...” Quem esteve
atento às Homilias do Papa Francisco nas Celebrações da Casa Santa Marta em
Roma, deverá ter ouvido iguais alocuções. Há muitos anos tenho insistido na
necessidade de superarmos, principalmente a Inveja
Clerical para sermos melhores
servidores do Senhor!
A Palavra viva de Deus, que é Jesus mesmo, vem iluminar
uma série de questões que nos colocamos com frequência e que, com certeza, eram
propostas no tempo em que foi escrito o evangelho: ‘Por que o bem e o mal se apresentam juntos?
Por que é que Deus permite que haja imperfeição, o mal, o pecado, mesmo nas
Comunidades mais perfeitas? Com todos os meios deixados por Cristo para atingir
a perfeição, por que tantos maus discípulos?
Basta olhar um pouco a realidade que nos cerca:
injustiças, corrupção, violência, miséria, fome, doença, morte, para sentir
logo os desafios que a vida apresenta. E mesmo que nos joguemos com toda
generosidade no trabalho pastoral, constatamos que nossos esforços tantas vezes
trazem poucos frutos e muitas desilusões. E acabamos perguntando: Por quê? Vale à pena? Por que Deus não se
manifesta de forma mais incisiva? Se a causa do Reino é justa e válida, porque
é tão difícil mudar as estruturas? Será que nossas pastorais são estéreis,
frutos de nossa ilusão? A Palavra de Deus deste domingo poderá ajudar-nos a
ver, julgar e agir melhor, fortalecendo nossas opções em favor da liberdade e
vida. O Espírito vem socorrer nossa fraqueza, tornando-se a súplica de quantos
lutam por um mundo melhor.
Quando Jesus fala do joio semeado pelo inimigo no meio do
trigal, ele se refere às pessoas e estruturas injustas que crescem junto com a
semente do Reino.
Temos muito a aprender com a paciência de Deus. Ele não é
apressado. Ele é calmo, tranqüilo, não se estressa. Ele dá um tempo. Nós é que
somos impacientes, intolerantes, dominadores para com os outros, cobrando
resultados imediatos. Deus é diferente. Deus tem tanto poder, que ele domina a
si mesmo... Não é escravo de seu próprio poder. Sabe governar pela paciência e
o perdão. Seu reino é amor,
e este penetra aos poucos, invisivelmente, como o fermento. Impaciência em
relação ao Reino de Deus é falta de fé. O crescimento do Reino é mistério, algo
que pertence a Deus.
A Palavra nos mostra o grande respeito que Deus manifesta
pela liberdade das pessoas. Deus semeia o bem no campo do mundo. Mas não força
ninguém a receber o presente. Deixa conviver o mal com o bem. Existe um
desenvolvimento, um crescimento. Este fenômeno verifica-se não só dentro da
Comunidade. Existe também dentro de cada pessoa. Importa que cultivemos com
paciência o bem. Ele não se impõe. É como o grão de mostarda. Pequenino, vai se
desenvolvendo e aparece como arbusto vistoso. O bem é comparado ainda ao
fermento que, invisível, acaba transformando toda a massa. Assim é o Reino de
Deus. Não se impõe de fora, mas age a partir de dentro, pela ação do Espírito
Santo.
Insisto comigo mesmo que obtenhamos frutos saborosos em
nossas relações humanas e diante de Deus, no uso do dom gratuito da liberdade, esforçando-nos pela conquista
da CONVERSÃO, COERÊNCIA e
BOM SENSO sempre!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço
amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Sb 12,13.16-19; Sl
85(86); Rm 8,26-27 e Mt 13,24-43).