Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente na Faculdade de Ribeirão Preto do Grupo da UNIESP, Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja Santo
Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Presidente do FAC –
Fraterno Auxílio Cristão e Jornalista.
A
mídia tem divulgado atividades infinitas sobre o exaustivo trabalho da
Secretaria da Assistência Social de Ribeirão Preto. Até parece que tal
Secretaria está fazendo um favor aos cidadãos que lhe compete assistir. Deixa a
impressão de que está desenvolvendo com êxito e satisfação os projetos que lhe
são próprios e pagos com os altos impostos dos ribeirãopretanos, que deveriam
ser revertidos com justiça à causa dos surrados pela vida.
Minha
pergunta é por que as pessoas em risco não querem nem ouvir falar na CETREM
(Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante/Itinerante e Morador de Rua) e
temem o Creas Pop (Centro de Referência Especializado de Assistência Social)?
Certamente muitos preferem a vulnerabilidade e não aceitam as propostas da
Secretaria da Assistência Social. Imagino como isso deve frustrar nossa querida
Secretária e seus incontáveis colaboradores. Diz-se facilmente que “ajudar pobre é um desafio sem retorno!”
Fico em dúvida se A Secretaria da Assistência Social está de parabéns ou de pêsames!
Embora leiamos números de pessoas assistidas, atendidas e encaminhadas, que não
conferem com a realidade, até porque a Secretaria da Assistência Social do
Município não tem condições humanas e muito menos financeiras de cumprir com
suas obrigações, o que é lamentável, há Organizações constituídas por pessoas
de boa vontade, que oferecem suporte, procurando suprir o que o Governo não
faz.
Tais
organizações não poucas vezes são subestimadas e não encontram o apoio
necessário de quem deveria ser o primeiro responsável por maior dignidade do
povo de uma cidade tão rica como a nossa. O FAC – Fraterno Auxílio Cristão da
Cidade de Ribeirão Preto, fundado em 15 de janeiro de 1957, tem por finalidade
promover a pessoa humana e abrir a possibilidade de recuperação da sua
dignidade, independentemente de cultura ou religião, por meio de ações de
solidariedade, de fraternidade, de enfrentamento e superação da miséria e da
fome, de recuperação e preservação do vínculo familiar, de recuperação de
dependentes químicos e entorpecentes. O FAC se enquadra na Tipificação Nacional
de Serviço de Proteção Social Especial de Média Complexidade para Pessoas em
Situação de Rua, e desenvolve suas atividades por intermédio de três projetos.
Um deles está na mira da Secretaria da Assistência Social, embora tenha
encaminhado de janeiro a junho deste ano 340 pessoas, devolvendo-lhes
oportunidades de reinserção na sociedade: família, trabalho ou tratamento. Para
readequar a Tipificação Nacional, a Secretaria da Assistência Social nos propôs
ao invés, a Tipificação de Abordagem dos Moradores de Rua. Seria um projeto que
deveria funcionar 24 horas com quatro equipes, com uma subvenção em torno de R$
20.000,00 por mês. Para nosso trabalho atual, recebemos R$ 2.400,00 por mês,
quando nossa Folha de Pagamentos e Encargos Sociais ultrapassam a quantia de R$
25.000,00 mensais. Além da subvenção oferecida ser insuficiente para manter um
trabalho de abordagem 24 horas por dia, não podemos expor a integridade física
de pessoas voluntárias às madrugadas, abordando Moradores de Rua que consomem
drogas e se tornam, geralmente, violentos. Isso me parece obrigação do Governo
em parceria com a Polícia.
O FAC – Fraterno Auxílio Cristão da Cidade de
Ribeirão Preto continuará desenvolvendo suas atividades ao que foi fundado. Não
nos surpreenderemos se perdermos a subvenção do Governo Municipal, já que nossa
sobrevivência vem dependendo, especialmente no atual Governo, da generosidade
de pessoas sensíveis e generosas, voluntárias e desinteressadas, sem nada esperar
em troca. Por isso é que paira a dúvida: A Secretaria da Assistência Social está de
parabéns ou de pêsames?