Pe. Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral ,
Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário,
Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Reitor da Igreja
Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
“A Solenidade do Natal do Senhor se prolonga e se desdobra em
várias comemorações que ajudam a aprofundar o mistério da encarnação. Todas
essas, em íntima conexão com o nascimento do Filho de Deus, revelam aspectos
importantes de um único acontecimento: Deus se fez um de nós. É dentro deste
horizonte que se situa a Festa da Sagrada Família, que a Igreja celebra nesta
sexta-feira, dia 30 de dezembro.
Deus vem ao encontro da vida humana
por inteiro, não se isentando de participar de nada, somente do pecado, para,
em contrapartida conceder a todos a participação na vida divina. Os antigos
chamavam isso de sacrum comercium,
isto é, sagrado comércio, ou divina troca: Deus entra em comunhão com a vida
humana para possibilitar aos seres humanos entrar em comunhão com a vida
divina.
Maria e José, os pais de Jesus,
levam ao templo, lugar do encontro religioso com Deus, duas pombinhas. É a
oferenda dos pobres, a expressão religiosa de sua condição e pequenez. É no
meio dessa situação onde se situa o Filho de Deus. Na comunicação de dons a
humanidade oferece aquilo que tem: fragilidade, pobreza, pequenez... Já Deus
escolheu se encontrar com a humanidade no seio da família, é esse o lugar do
encontro, profundamente humano e existencial, com a obra preferida de suas
mãos. A nós ele oferece o seu Filho. A humanidade, figurada por Maria e José,
Simeão e Ana, acolhe Jesus, que na economia da Nova Aliança vai salvar a
humanidade do pecado e da morte.
Outrora Deus, para provar a fé do
seu servo, pede o sacrifício do seu único Filho. Na nova economia, Deus aceita
a oferenda livre de Jesus, que gera a fé e confirma A Família: Esperança de Nova
Humanidade” (cf. Roteiros Homiléticos da CNBB, pp. 46-48).
Lamentavelmente
o Papai Noel tenta ocupar o lugar do verdadeiro homenageado, Jesus Cristo! O grande convite deste
Natal foi uma nova contemplação do Presépio em nossas residências, templos e
praças. Imaginemos um Presépio sem os protagonistas do mesmo: Jesus, Maria e José: sobrariam apenas
animais e o feno que serviu de berço ao Recém-Nascido, o Salvador do Mundo! Não
caiamos na tentação consumista de subtrair do “presépio de nossa sociedade” a
Família. Sem ela, seremos ainda mais ocos, vazios, estéreis da presença de um
Deus amoroso, feito pessoa na meiguice e ternura de um bebê, igual a nós em
tudo, menos no pecado!