Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“No
domingo anterior, tivemos o Evangelho de João, que narrava o sinal de Jesus na
multiplicação dos pães. Neste domingo, a narrativa nos traz a explicação do
Mestre quanto ao significado daquele sinal: Jesus é o verdadeiro pão descido do céu, o ‘pão da vida’, conforme Ele mesmo
refere. Pão da vida eterna, pão que sacia definitivamente a fome,
transforma o homem, abre o caminho da santidade para aqueles que dele se
alimentam.
Dia
6 de agosto, a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor. Recorda os apóstolos,
no Tabor, quando ouvem a voz do Pai dizendo que Jesus é o Filho
amado,
enviado para nossa salvação. Nós, hoje, somos os destinatários dessa revelação,
imantados com o brilho das roupas brancas e tocados pela mensagem carinhosa.
Ao
longo do Tempo Comum, podemos sentir a
espiritualidade que brota dos sinais de Jesus, vivendo de forma significativa a Páscoa de cada domingo,
reunidos ao redor da mesa da Eucaristia e junto à mesa da Palavra.
Queremos
ser, neste domingo, a multidão a quem Jesus se dirige e anuncia a vida eterna. Para isso, precisamos
aceitar suas propostas, libertar-nos do homem velho que existe em nós, aceitar
a transformação que pode nos tornar em homem novo, refletindo a imagem de Deus,
buscando a santidade. Isso, certamente, é
necessário a todos nós cristãos, discípulos missionários de Jesus.
No
entanto, inúmeras vezes queremos que isto aconteça sem nos deslocarmos até o
encontro com Jesus, não queremos
desacomodar-nos, passar para ‘o outro lado do mar’. É preciso investir
tempo e disposição para caminhar até Jesus, encontrá-lo, sentar até o entardecer,
ouvindo-o falar, alimentar-nos do pão da sua Palavra.
Para
fazermos isso, podemos hoje priorizar a proximidade e o tempo significativo da
Sagrada Escritura. Como nos diz o Documento de Aparecida: ‘entre as muitas formas de se aproximar da Sagrada Escritura, existe
uma privilegiada, à qual todos somos convidados: a Lectio Divina, ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura’. Através da leitura
orante, somos conduzidos ao encontro com Jesus, à luz de sua Palavra. Rezando com ela, mergulhamos no mistério
do nosso Mestre, entramos em comunhão com Ele.
Não
deixemos que ‘as paixões desordenadas do mundo’, como diz São Paulo,
nos desviem do caminho e da disposição de ir para o outro lado do mar, ao
encontro de Jesus. Priorizemos tempo para
ouvi-lo, como as multidões que o seguiam, deixemo-nos conduzir pela fome de sua
Palavra” (cf. Roteiros Homiléticos n. 22 da CNBB, pp. 85-91).
O
evento da Multiplicação
dos Pães e a incontável multidão aglomerada em torno desse, nos leva a pensar, de
que continuamos sendo mais pedintes do que agradecidos. Quando aquela gente
toda corre atrás de Jesus, Ele percebe que o faz porque satisfeita com o
gesto espetaculoso do Mestre, que de cinco pães e dois peixinhos alimentara
grande multidão. O apelo de Jesus, entretanto, vai além do espetaculoso, do
milagreiro e do mero alimento material: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá
mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).
Em
nossos dias não vemos algo semelhante? Tem-se a impressão de que multidões
correm atrás do que é espetaculoso, mais do que o espetacular: sermos alimentados pelo Pão da Vida, Jesus na Eucaristia, Jesus na Palavra
proclamada! A Teologia da Prosperidade promete resolver os problemas, oferece
milagrezinhos fáceis, como emprego, saúde, casa própria e até uma vida de certa
ostentação! Tais métodos de “suposta evangelização” atraem multidões.
Atraem multidões como atraem fãs de cantores e artistas famosos, enquanto forem
famosos e agradarem.
Da
multiplicação dos pães remeto minha consciência à Cruz sob a qual sobram apenas três mulheres e
um jovem. Logo da Cruz de onde jorra sangue e água, a mística profunda
da Igreja que Jesus tanto desejou: uma Igreja comprometida com a
dignidade humana, com a promoção da pessoa através da partilha e da solidariedade! Enquanto nossos
compromissos sociais tiverem precedência sobre nossa vida espiritual,
continuaremos anêmicos do verdadeiro alimento: aquele que não perece, porque é
eterno e nos robustece diante das surras e dificuldades que o hodierno de nossa
se nos impõe!
Com
o primeiro domingo do mês de Agosto, O Mês Vocacional, somos convidados a
rezar pela Vocação
Específica do Ministério Ordenado! Rezemos nossa gratidão pela disponibilidade de
nossos Padres, rezemos para que sempre tenhamos corações generosos que acolham
o convite ao Sacerdócio Ordenado, bem como pela santificação de todos que
responderam ao convite do Mestre. Só uma Comunidade Orante
terá um Sacerdote Santo. Só um Sacerdote Santo é capaz de santificar
sua Comunidade! Sejamos solícitos e dóceis aos Padres que o Senhor nos
confia. Sejamos fiéis a Cristo, o Único, Eterno e Sumo Sacerdote, na pessoa de
nossos Padres, configurados com Ele, o Bom Pastor!
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre
Gilberto Kasper
(Ler Ex 16,2-4.12-15; Sl 77(78); Ef
4,17.20-24 e Jo 6,24-35)