Setembro - Mês da Bíblia
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Neste primeiro domingo do mês de
setembro, com toda a Igreja no Brasil, queremos destacar e valorizar ainda mais
a Bíblia, o livro da Palavra de Deus. Para este mês
temático, a Igreja no Brasil propõe o aprofundamento do Evangelho de Marcos. Que seja um mês de proveito para todos!
Em cada Celebração Eucarística, o Senhor nos
convida para participarmos das mesas da Palavra e da Eucaristia, estreitando assim os laços que nos unem a ele e aos irmãos e
irmãs. Nossa semana é marcada pelo encontro com Deus e com os irmãos, no Dia do Senhor. ‘O domingo é o dia em que a família de Deus
se reúne para escutar a Palavra e repartir o Pão consagrado, recordar a
ressurreição do Senhor na esperança de ver o dia sem ocaso, quando a humanidade
inteira repousar diante do Pai’ (CNBB, Guia Litúrgico-Pastoral. 2ª Ed. Brasília: Edições CNBB,
2007, p.9).
‘Somos
convidados a discernir o que é ensinamento da Palavra de Deus do que é tradição humana. A liturgia que
agrada ao Senhor é fazer opção pelo seu projeto, que se realiza na prática da
solidariedade.
A Palavra de Deus propõe leis e normas que favorecem a vida do povo, e não o apego
a detalhes insignificantes. Sejamos praticantes da Palavra de Jesus, não apenas ouvintes. Pois
é necessária a preocupação com leis justas que promovam a vida, sem
subestimá-la como tanto acontece em nosso tempo. Contemplamos sentenças
injustas, com argumentos e silogismos que justificam até mesmo crimes
incontestáveis. O que é mais importante: a vontade de Deus ou a tradição
humana? Na medida em que o homem cria seu próprio deus, ao invés de reconhecer na Palavra, a loucura do amor de um
Deus verdadeiramente apaixonado por sua criatura predileta, a pessoa, alimentamos a ideia de um mundo vazio,
sem perspectivas, sentido e esperança! A verdadeira religião é solidariedade com os marginalizados e
ruptura com as instituições injustas’ (cf. Liturgia Diária de Setembro de 2012 da Paulus,
pp. 19-22).
A palavra que ouvimos na celebração deste domingo é uma palavra que liberta e que comunica
vida. A escuta e o cumprimento da lei de Deus são apresentados como um caminho
de vida e libertação. Jesus corrobora isso, ensinando que é
o esquecimento do mandamento de Deus e o apego às tradições dos homens o que
perverte o coração humano.
Os fariseus e alguns mestres da lei
se aproximaram e se reuniram em torno de Jesus, o observando. Também nós,
tantas vezes e por tantos motivos, nos reunimos em torno de Jesus. De que modo observamos a prática de nossos semelhantes, discípulos
de Jesus Cristo? Acaso nos consideramos fiéis cumpridores de sua palavra? Que direito isso nos dá de
julgarmos as atitudes de nossos semelhantes? [...]
Além de criarmos nosso próprio deus, com frequência tentamos ser deus sobre a vida dos outros. Isso acontece quando julgamos, condenamos
e nem por fim escondemos nossos defeitos atrás dos defeitos e limites de nossos
semelhantes. Coisa feia é sentir-se no
direito de julgar, de difamar, de excluir, de discriminar ou até mesmo de ser
conivente com quem nos garante algum prestígio. Ainda não conseguimos viver o
Evangelho que pede correção fraterna, que acredita
na mudança das
pessoas. Ao contrário: preferimos colar adesivos na
testa dos que não nos interessam ou por pura inveja, investimos nossa incapacidade de perdoar, dificultando e
destruindo a vida do próximo. Isso é notável nas relações sociais, políticas e
também eclesiais. Como viver configurados com Jesus Cristo sem a capacidade de sua misericórdia e
capacidade de perdoar o outro, incondicionalmente? Com facilidade espalhamos o erro dos outros, desviando os olhares
dos nossos próprios, não poucas vezes bem mais graves e cabeludos. É a mesma
coisa que abrir um travesseiro de penas de ganso e espalhá-las ao vento. Nunca
mais conseguiremos recolher todas as penas e devolvê-las ao travesseiro. Isso
me parece no mínimo diabólico! [...]
Longe dos seguidores e seguidoras de
Jesus deve estar todo tipo de culto exterior e vazio! Ouvir e praticar é o refrão que
se repete, constantemente, na liturgia deste domingo.
Israel era um povo admirado pelas
demais nações por ter um Deus tão próximo e uma lei tão justa. Nossas
comunidades cristãs, por que motivos são admiradas e respeitadas? Realizamos,
através das comunidades e de outras organizações, tantas coisas importantes
para os indivíduos e para a sociedade, em diversos campos como os da educação,
da saúde e da assistência social? As atividades subsidiárias um dia podem não
serem mais necessárias, então, o que sobrará para essas organizações? Restará
sempre o tesouro mais valioso que é a Palavra de
Deus, o Evangelho.
A Palavra ouvida se faz presença na ação
eucarística! Aquele que é anunciado,
proclamado na Palavra, se torna presença na Eucaristia.
Com nossos corações inundados pelo
amor de nosso bom Deus e de laços estreitados com ele, pela escuta atenta de
sua Palavra, nos unimos ainda mais ao
participarmos da mesa do Corpo e do Sangue de nosso Senhor. Mergulhamos mais perfeitamente nessa comunhão, quando a Eucaristia, alimento da caridade, nos faz
reconhecê-lo e servi-lo em nossos irmãos e irmãs” (cf. Roteiros Homiléticos
da CNBB, n. 23, pp. 9-14).
Não canso de renovar o esforço por
ser coerente entre o que penso, falo (anuncio) e faço. Do contrário torna-se
hipocrisia minha missão e discipulado. Saibamos temperar nossas relações com conversão, coerência e bom senso sempre!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Dt 4,1-2.6-8; Sl
14(15); Tg 1,17-18.21-22.27 e Mc 7,1-8.14-15.21-23)