PADRES SEGUNDO O CORAÇÃO DE CRISTO!
Há muitos
modos de ser padre e de evangelizar. Cada um colocando seus dons a serviço do
Reino de Deus, conforme lhes foram concedidos gratuitamente. Mas há algo em
comum que nunca poderá faltar em nosso pastoreio: Sermos todos configurados com
Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome, as ama, as acolhe, as
compreende, as aceita como são, as perdoa e as traz de volta nos ombros (melhor
seria ainda, apertá-las ao coração), não para seu prestígio próprio, mas o
rebanho eclesial.
O Padre
que atrai os fiéis para si, sem conseguir conduzi-los pelo itinerário do Senhor
a Deus, é desfigurado do Cristo, o Bom Pastor. Sermos padres que não machuquem,
surrem, enxotem os fiéis que lhes são confiadas, às vezes porque não nos
bajulam ou discordam de nossos métodos, ou ainda, tentam ajudar-nos por meio da
correção fraterna. Sermos padres que não emoldurem e engessem a comunidade em
nossas estruturas, muitas delas já ultrapassadas e opressoras. Quantos de nós ainda
somos padres que não saem de suas sacristias e salas de atendimentos: há até os
que exigem ofício para uma conversa, ou exigem senha para um encontro com seus
fiéis, o que é diferente de agendar atendimentos espirituais ou pastorais. Há
os que exploram os paroquianos e quando já não satisfazem mais seus caprichos,
são excluídas da paróquia, sem nenhuma tentativa de diálogo.
Nossos fiéis
são mais exigentes em nossos dias, e não saem mais atrás de qualquer padre, só
porque é bonito, atraente, canta bem, se veste com roupas de marca e frequenta
regularmente shoppings, academias e reuniões que lhes garantam um minuto de
fama. Os que fazem isso acabam desistindo no meio do caminho profundamente
decepcionados, porque não chegaram ao verdadeiro destino: Jesus Cristo Ressuscitado.
Pararam em alguém que brincou de ser padre e que não soube cumprir com sua
missão: a de conduzir a comunidade às verdadeiras pastorais propostas pela
Igreja de Jesus Cristo, que é despretensiosa, simples, pobre com os pobres,
totalmente despojada de poder, arrogância, prepotência e falsos valores, mas
que chora e sofre com as pessoas machucadas por uma cruel Cultura de
Sobrevivência, despida de dignidade humana! Na Igreja de Jesus Cristo não há
lugar para disputas que geralmente
produz a inveja, fruto de desequilíbrios mal administrados, interiormente. Quem não gasta sua vida pelos fiéis não serve
para ser padre, é antes um impostor!
Precisamos
de Vocações santas, simples, puras,
configuradas a Cristo, o Bom Pastor! Não esqueçamos o pronunciamento dos Bispos reunidos em Puebla na
III Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe em 1979: "As Vocações (santas e não mercenárias)
são a resposta de um Deus providente à uma Comunidade orante...".
A próxima semana, à luz do Mês Vocacional é dedicada
à vida consagrada. Religiosos e religiosas que se consagram totalmente ao
serviço do Reino de Deus, procurando viver intensamente os votos de obediência,
castidade e pobreza.
Desde que me conheço por gente senti o desejo de
ser padre. Muitas foram as dificuldades para isso. De lábios sacerdotais ouvia
frequentemente a expressão “não serve”. Quem mesmo me incentivou a não
desanimar e responder ao chamado que sussurrava em meu coração, foram
religiosas consagradas. Essas sim acreditaram em minha vocação. Não obstante
meus tão numerosos limites, recebi o sacramento da Ordem e fui ordenado padre.
Por isso, minha primeira gratidão é a Deus, que sei me chamou, do contrário não
teria ultrapassado todos os obstáculos para ser padre. Já em segundo lugar, minha
gratidão muito profunda é às Religiosas que, presentes em minha vida, desde a
educação básica até o dia de minha ordenação sacerdotal, não me deixaram desistir
dela, a vocação ao ministério sacerdotal. Hoje gostaria de expressar minha
gratidão a todas as Irmãs Religiosas, que de alguma maneira me conduziram à
realização de minha vocação, na pessoa de minha madrinha de ordenação
presbiteral, a Irmã Maria da Salette Barboza, uma religiosa Ursulina.
Mulher-Igreja e testemunha da verdadeira vida totalmente consagrada ao Reino de
Deus. Sejam todas grandemente abençoadas e recompensadas!
Pe. Gilberto Kasper
Teólogo