Há muitos
modos de ser pastor e de evangelizar. Cada um colocando seus dons a serviço do
Reino de Deus, conforme lhes foram concedidos gratuitamente. Mas há algo em
comum que nunca poderá faltar em nosso pastoreio: Sermos todos configurados com
Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome, as ama, as acolhe, as
compreende, as aceita como são, as perdoa e as traz de volta nos ombros (melhor
seria ainda, apertá-las ao coração), não para seu prestígio próprio, mas o
rebanho eclesial.
O Pastor
que atrai as ovelhas para si, sem conseguir conduzi-las pelo itinerário do
Senhor a Deus, é desfigurado do Cristo, o Bom Pastor. Sermos pastores que não
machuquem, surrem, enxotem as ovelhas que lhes são confiadas, às vezes porque
não nos bajulam ou discordam de nossos métodos, ou ainda, tentam ajudar-nos por
meio da correção fraterna. Sermos pastores que não emoldurem e engessem o
rebanho em nossas estruturas, muitas delas já ultrapassadas e opressoras.
Quantos de nós ainda somos pastores que não saem de suas sacristias e salas de
atendimentos: há até os que exigem ofício para uma conversa, ou exigem senha
para um encontro com suas ovelhas, o que é diferente de agendar atendimentos
espirituais ou pastorais. Há os que exploram as ovelhas e quando já não
satisfazem mais seus caprichos, são excluídas do rebanho, sem nenhuma tentativa
de diálogo.
Nossas
ovelhas são mais exigentes em nossos dias, e não saem mais atrás de qualquer
pastor, só porque é bonito, atraente, canta bem, se veste com roupas de marca e
frequenta regularmente shoppings e reuniões que lhes garantam um minuto de
fama. As que fazem isso acabam desistindo no meio do caminho profundamente
decepcionadas, porque não chegaram ao verdadeiro destino: Jesus Cristo Ressuscitado.
Pararam em alguém que brincou de ser pastor e que não soube cumprir com sua
missão: a de conduzir o rebanho às verdadeiras pastagens propostas pela Igreja
de Jesus Cristo, que é despretensiosa, simples, pobre com os pobres, totalmente
despojada de poder, arrogância, prepotência e falsos valores, mas que chora e
sofre com as ovelhas machucadas por uma cruel Cultura de Sobrevivência, despida
de dignidade humana! Na Igreja de Jesus Cristo não há lugar para disputas que geralmente produz a inveja,
fruto de desequilíbrios mal administrados, interiormente. Quem não gasta sua vida pelas ovelhas não
serve para ser pastor, é antes um impostor!
Precisamos
de Vocações santas, simples, puras,
configuradas a Cristo, o Bom Pastor! Não esqueçamos o pronunciamento dos Bispos reunidos em Puebla na
III Conferência Episcopal da América Latina e do Caribe: "As Vocações (santas e não mercenárias)
são a resposta de um Deus providente à uma Comunidade orante...".
A próxima semana, à luz do Mês Vocacional é dedicada à vida consagrada.
Religiosos e religiosas que se consagram totalmente ao serviço do Reino de
Deus, procurando viver intensamente os votos de obediência, castidade e
pobreza.
Desde que me conheço por gente senti o desejo de ser padre. Muitas
foram as dificuldades para isso. De lábios sacerdotais ouvia frequentemente a
expressão “não serve”. Quem mesmo me incentivou a não desanimar e responder ao
chamado que sussurrava em meu coração, foram religiosas consagradas. Essas sim
acreditaram em minha vocação. Não obstante meus tão numerosos limites, recebi o
sacramento da Ordem e fui ordenado padre. Por isso, minha primeira gratidão é a
Deus, que sei me chamou, do contrário não teria ultrapassado todos os
obstáculos para ser padre. Já em segundo lugar, minha gratidão muito profunda é
às Religiosas que, presentes em minha vida, desde a educação básica até o dia
de minha ordenação sacerdotal, não me deixaram desistir dela, a vocação ao
ministério sacerdotal. Hoje gostaria de expressar minha gratidão a todas as Irmãs
Religiosas, que de alguma maneira me conduziram à realização de minha vocação,
na pessoa de minha madrinha de ordenação presbiteral, a Irmã Maria da Salette
Barboza, uma religiosa Ursulina. Mulher-Igreja e testemunha da verdadeira vida totalmente
consagrada ao Reino de Deus. Sejam todas grandemente abençoadas e
recompensadas!
Pe. Gilberto Kasper - Teólogo