Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
Falar
em Dízimo
significa falar em dinheiro, e isso é
um tanto complicado entre cristãos católicos, já que a nossa religião parece
ser a mais liberal da face do mundo. Situados numa determinada “Cultura
de Sobrevivência”, tornamo-nos mais “pedintes” do que “agradecidos”.
Na medida em que entendemos nossa Igreja, como um “supermercado de sacramentos” nos
comportamos demasiado “interesseiros”. Esquecemos que o DÍZIMO
é um verdadeiro e profundo ATO DE AMOR E GRATIDÃO!
Tudo é de Deus. Nada nos pertence. O que temos, se nos é
simplesmente emprestado. Poderíamos dizer que com o Dízimo consciente e comprometido,
Deus testa nosso amor e nossa gratidão pelo dom da vida e tudo que Ele nos
concede para sermos felizes e realizados.
A palavra dízimo
significa a décima parte. No Antigo Testamento os Hebreus deviam contribuir
para os serviços do templo, com o dízimo,
isto é, a décima parte do que colhiam ou lucravam.
Para o católico a palavra dízimo quer indicar uma contribuição para a Igreja, contribuição
que deve ser sistemática (de preferência, mensal), de compromisso moral – por amor,
não por obrigação – e fixado de acordo com a consciência moral de cada
um.
É uma forma de retribuição do homem a Deus! O homem de fé
reconhece que Deus é bondade. Criou o Universo e as
coisas materiais. O Universo é um dom do Pai, para que o homem o possua e o
transforme. O homem de fé oferece uma parte do que possui em sinal de
reconhecimento ao Pai, doador de todo o bem. Não damos diretamente a Deus, pois
Ele não precisa de nossos bens (do nosso dinheiro), mas colocamos a serviço
desse corpo, a Igreja, pois, a Comunidade é fruto da colaboração de todos.
O dízimo não é
só arrecadação financeira, mas é um sistema e método de formação comunitária
com informações claras, contatos, reuniões e prestação de contas. As finalidades
do dízimo, seu destino ou
aplicação são: para a conservação, manutenção e ampliação da vida e das
atividades da Comunidade, de que fazemos parte e servimos. Para pagamentos de
luz, água, telefone, impostos, consertos, e bens da Igreja. Para compra de
velas, hóstias, vinho de missa, paramentos e objetos litúrgicos necessários
para as celebrações. Para pagamento de folhetos e compra de flores. Para
limpeza da Igreja e seu jardim. Para a manutenção do Padre e dos Funcionários.
Para as despesas com serviços paroquiais, como: catequese, encontros, cursos de
formação e outros. Não por último, o dízimo
deverá contemplar sempre os mais pobres da Comunidade: aqueles que não têm como
dar sua própria colaboração, bem como colaborar com a Dimensão Missionária da
Igreja!
Em tempo de Pandemia, temos a real consciência de que
muitos fiéis de nossas Comunidades de Fé, Oração e Amor, passam por
dificuldades profundas e muitos nem mesmo conseguem dispor da digna manutenção
básica. Isso naturalmente afeta também as receitas de manutenção de nossas
Igrejas. Mesmo assim tem sido o Dízimo a manter nossas atividades
litúrgicas e pastorais, embora utilizando-nos mais do que nunca das novas tecnologias
de Comunicação. Somos profundamente agradecidos pela fidelidade de nossos
amados fieis. Continuaremos nossa reflexão na próxima semana, na segunda parte
de nosso artigo, que deseja ser antes de reflexão, mais do que de petição!