Padre
Gilberto Kasper é Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e
Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor
Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão
Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da
Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila e Reitor da
Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e
Jornalista. Contato: pe.kasper@gmail.com
“Ele
foi chegando entre nós devagarinho, ninguém se deu conta que o bichinho quase
invisível seria uma bomba que geraria a destruição desmedida que nossa geração
conheceu. Surgido numa das maiores economias do mundo, o novo Coronavírus, a
Covid-19 matou mais de um milhão de gente na face da terra. Um horror da época
moderna com as grandes descobertas da medicina, dos ácidos antirrugas, das
técnicas de retardamento de envelhecimento que atualmente se revelam coisas mais
sem sentido num contexto de pandemia no século XXI, cem anos após a gripe
espanhola ter dizimado uns milhões de habitantes da face da terra.
Entretanto,
estas moléstias que nos incomodam enquanto não temos um remédio eficaz contra
elas, uma vacina contra o seu poder letal ou algo que o valha, constatamos que
ao longo de séculos ou milênios convivemos com epidemias tão letais quanto a
atual que enfrentamos, moléstias deletérias das capacidades mais necessárias
para uma boa convivência e que não são eliminadas com álcool de nenhuma
graduação nem mesmo se administrado via oral. Essas moléstias de que falo são
persistentes porque alguns dos acometidos por elas se sentem muito bem e não veem
motivo para preocupação. Porém, o mal que estas causam é igualmente devastador.
E, como tais males existem há gerações, entendo que são “males de estimação”.
Todavia já existe o antídoto para essas práticas horrorosas e viciosas, algumas
das quais elenco a seguir.
O egoísmo é uma doença que leva a um
desvio de conduta aos que pensam que “eu” é mais importante que “nós” ou que os
“outros” classificando-os como excedente útil. Egoístas são ignorantes em
matéria de amar; são míopes que sós conseguem olhar para o próprio umbigo e não
conseguem ver um palmo adiante do nariz.
Outro mal grave é a indiferença que
transforma as pessoas a partir da memória sem doença, ou seja, apagam todos os
que já conheceram; desligam os sentimentos e afeições igualando pessoas a
coisas e descartando os que acham inúteis. A indiferença torna a pessoa “fria”
antes mesmo de morrer.
A ganância e a avareza são males
profundos que se enraízam no íntimo das pessoas apegadas ao dinheiro, aos bens,
ao lucro que fecha o coração ao amor fraterno. Pessoas gananciosas não conjugam
alguns verbos como amar, servir, doar pois, veem as pessoas como despesa
desnecessária. Escravas do que possam amealhar, não se doem pelo sofrimento dos
outros; classifica como “dano colateral”.
Há também o mal do orgulho que
infecta corações e mentes de pessoas fracas que não se sentem semelhantes aos
demais. Se colocam acima dos demais por pensar que já nasceram superiores,
sabem tudo, entendem de tudo, entretanto sofrem de uma síndrome chamada
“delírio de onipotência” visto que não sabem que são pobres, cegos e estão nus
(cf. Ap 3,17); são grandes monumentos com pés de barro e não resistem a uma
enxurrada…
Poderia ainda citar outros males que
ao longo da história serviram para incendiar e destruir a convivência
respeitosa entre pessoas, povos e nações e contribuíram para acirrar discórdia
e divisão. Todavia existe remédio para todos esses males; vacinas testadas com
aprovação em todos os níveis de experimento que não tem custo algum, aliás, a
sua aplicação diária serviria inclusive para melhorar os relacionamentos e as
amizades entre pessoas e grupos. O remédio é simples e a dose deve ser diária e
constante visto que os males podem reaparecer sem aviso prévio.
Como todo tratamento, quem sofre
desses males precisa tomar consciência de que padece e impõe a seus parentes,
amigos, conhecidos e colegas um pesado fardo. A cura vem em doses homeopáticas
e o medicamento não precisa ser importado pois cada pessoa o carrega dentro de
si. Mais doses são aplicadas conforme aumenta o nível de compreensão,
fraternidade, sinceridade, caridade e se tem em conta a espiritualidade como
constitutiva do ser humano. Dentro de nós está o princípio ativo do remédio que
começa a curar o mundo: o amor! “Tudo aquilo que quiserdes que os outros vos
façam, fazei vós a eles”, ensinou o Mestre e nosso Senhor (cf. Mt 7,12). E
explicitado por são Paulo quando diz que ao mal se responde com o bem (cf. Rm
12,20). O mandamento do amor é o remédio mais simples, mais barato, mais fácil
de ser encontrado e que produz efeito para longas e incontáveis gerações (cf.
Jo 15,12)”.
(Parceria
e artigo partilhado por Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia
Imaculada Conceição de Mogi Guaçu – SP)