LAETARE – DOMINGO DA ALEGRIA
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Quarto Domingo da Quaresma é tradicionalmente
conhecido como o Domingo Rosa, o Domingo da Alegria. A comunidade cristã
celebra a proximidade da Páscoa da Ressurreição de Cristo. É bom que nos
alegremos nesta certeza. Fomos salvos pela ressurreição de Cristo e esta
celebração festiva anual está próxima. Nós cristãos nos alegramos, porque
Cristo nos salvou.
Saul, como rei de
Israel, não conseguia mais governar o povo com justiça e por isso devia ser
substituído. O profeta Samuel unge Davi, o último entre os oito irmãos, como
rei de Israel. A escolha e a unção do rei Davi nos ajudam a entender o sentido
do Batismo, especialmente o simbolismo da unção.
Pelo salmo
responsorial (Sl 22/23), a comunidade suplica ao Senhor que restaure suas
forças, derramando sobre ela o óleo do seu amor e a transforme em instrumento
de salvação na sociedade.
O Apóstolo Paulo, fazendo
referência ao contraste “trevas e luz”, ressalta a conduta dos cristãos - vivam
como “filhos da luz”. Nisto há uma relação direta com o Evangelho. A
luz que os outros contemplarão nos cristãos brotará do testemunho, da prática
das boas obras de bondade, justiça e verdade. “Pelos frutos os conhecereis”. O
batizado é iluminado pela luz de Cristo, para se tornar luz do mundo.
A cura do cego de
nascença nos toca de perto, porque em certo sentido todos somos... “cegos de
nascença”. O próprio mundo nasceu cego. Segundo o que nos diz hoje a
ciência, durante milhões de anos houve vida sobre a terra, mas era uma vida em
estado cego, não existia ainda o olho para ver, não existia a própria vista. O
olho, em sua complexidade e perfeição, é uma das funções que se formam mais
lentamente. Esta situação se reproduz, em parte, na vida de cada ser humano.
A narrativa do cego
de nascença serve para demonstrar como se chega à fé plena e madura no Filho de
Deus. Jesus nos recorda, com o sinal da cura do cego de nascença que, além dos
olhos físicos, há outros olhos que devem abrir-se ao mundo. São os olhos da fé.
A fé é a luz que
ilumina a nossa vida e dá alento ao nosso peregrinar terreno. O próprio Cristo
apresenta-se como luz que nos ajuda a descobrir os verdadeiros valores e nos
capacita a viver fraternalmente. Assim, iluminados por Cristo, seremos reflexo
de sua luz. Vivamos na alegria da fé que se manifesta na confiança em Deus!
Conhecemos bem o
ditado popular: "O pior cego é aquele que não quer enxergar..." Este Domingo Laetare, da
Alegria, o Quarto Domingo do Tempo Quaresmal é um forte apelo a todos nós: que
enxerguemos bem a realidade em que vivemos como Filhos da Luz, assumindo com coragem
e ousadia nossos compromissos batismais. Muitas vezes é mais cômodo não querer
enxergar, pois isso exige comprometimento, perdas, desinstalação do
comodismo que nos impermeabiliza a críticas e cobranças. O cristão que não se
esforça por prevalecer a verdade, a justiça, a liberdade e o amor gratuito e, a partir desses
valores essenciais promove a dignidade humana entre as pessoas, principalmente as que se encontram em
situações de risco, não assume seu batismo. Acovardar-se diante do pecado é tão grave como
ceder a ele. E quem cede ao pecado, sem lutar por superá-lo caridosa e
fraternalmente, vira as costas para Deus: deixa-o falando sozinho. Quanto maior
a responsabilidade do serviço de qualquer autoridade e pessoa pública, mais vulnerável
a mesma fica. Haja oração pela santificação daqueles que são, de alguma forma, autoridade aqui ou
acolá... Tal pessoa se torna vazia, seca, oca do amor que lhe foi conferido
no dia de seu batismo, bem como do chamado a viver sua vocação específica. Talvez
nossa falta de compromisso com a luz enderece tantos
irmãos nossos às seitas mercantilistas, cada vez mais crescentes em torno de
nossas comunidades, que ainda estão demasiadamente acomodas em sua missionariedade!
Desejando a todos
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler 1Sm 16,1.6-7.10-13; Sl 22(23); Ef 5,8-14
e Jo 9,1-41).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 72-76 e Roteiros
Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp. 34-39.