Pe. Gilberto Kasper
Mestre em Teologia
Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e
Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da
Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do
Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia
Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da
Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
O Quarto Domingo da Quaresma, chamado Laetare,
porque de certa forma antecipa as alegrias preparadas neste forte Tempo de
Reconciliação, remete-nos a um dos Sacramentos mais ricos da Igreja, embora
subestimado, quando não banalizado: O Sacramento da Reconciliação! Depois da
Eucaristia, é o Sacramento da Reconciliação que nos coloca de volta, diante do
amor e do perdão de Deus. Para mim, o Sacramento da Reconciliação é como um
antibiótico espiritual, que nos impermeabiliza espiritualmente, diante de todas
as tentações que procuram afastar-nos do amor de Deus. Como é boa a sensação de
termos sido perdoados ou de termos conseguido perdoar a alguém que nos
machucou, ofendeu ou prejudicou!
O Evangelho de São Lucas nos apresenta
os passos do Sacramento da Reconciliação, na parábola do Pai Misericordioso,
contada por Jesus no capítulo 15. O filho mais novo sai de casa, vira as costas
para o pai, gasta numa vida desenfreada toda parte da herança que lhe coube e
chega ao fundo do poço. Sob os escombros da rejeição, da exclusão e da
discriminação da sociedade, faz a experiência da vida longe do pai. O pai sofre
com a ausência do filho, mas não corre atrás. Fica esperando pacientemente.
Deixa o filho fazer a experiência da miséria humana, da vida sem sentido e
vazia de amor.
No momento em que o filho se
arrepende, ele mesmo dá o passo de volta: a conversão começa a acontecer, a fim
de conduzi-lo à reconciliação! Não adianta procurarmos o Sacramento da
Reconciliação por mero cumprimento de preceito, ou para agradar os pais, ou o
marido a esposa. Deus espera que a iniciativa seja nossa, só nossa. Quando o
pai avista a volta do filho, então sim, corre ao seu encontro; nem o deixa
chegar. Abraça-o, sinal de acolhida; beija-o, sinal do ósculo da paz,
devolvendo-lhe a paz que o pecado, o afastamento, lhe havia roubado;
oferece-lhe uma túnica limpa, sinal de que não há mais o direito de culpar-se,
pois obteve o perdão incondicional; sandálias nos pés, sinal de dignidade, pois
só os filhos dos empregados andavam descalços; anel no dedo, sinal de herdeiro,
mesmo que tenha esbanjado tudo o que havia herdado, volta a ser herdeiro do
pai. E finalmente, o novilho gordo, a festa, a Eucaristia, que simboliza a ação
de graças pela volta do filho, que estava morto e reviveu, perdido e foi
reencontrado (cf. Lc 15,1-3.11-24).
Assim também nós somos
convidados a celebrar a Reconciliação com Deus, conosco mesmos e com os outros,
para que a Quaresma produza seus efeitos saborosos. Aconteceram em nossas
Foranias, na Arquidiocese de Ribeirão Preto, os chamados Mutirões de
Confissões, que segundo Orientações de nosso Arcebispo Metropolitano, Dom
Moacir Silva, foram suspensos no dia 14 de março deste mês, devido ao
agravamento da situação do Coronavírus no Brasil e no Estado de São Paulo: “Os mutirões ficam suspensos, porém, os padres deverão reforçar, isto é, aumentar o
atendimento das confissões nas paróquias”.
“As 24 Horas para o Senhor, neste ano, terá início com a Missa de
Abertura, e será somente de adoração e
de oração; oração de modo especial, pelo mundo que enfrenta a Pandemia do
Coronavírus”. O Papa Francisco, quando trata da misericórdia de Deus, costuma
afirmar que o Confessionário é o único Tribunal de onde o réu confesso sai
absolvido!