DIA
DA BÍBLIA
Meus queridos
Amigos e Irmãos na Fé!
“Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas,
procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a
mansidão.
combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna” (cf. 1Tm 6,11-12).
É o Senhor que nos reúne no Vigésimo-Sexto Domingo Comum do Tempo
Litúrgico. Chamados a viver o amor, procuramos,
na escuta da Palavra de Deus, entender e
aperfeiçoar nossa vivência desse grande mistério. Na Celebração da Eucaristia, em que Cristo se entrega a nós, vamos ao
encontro do Pão da Vida eterna, alimento para nossa caminhada. É o amor que nos
reúne, para juntos elevarmos nossas preces e pedidos a Deus Pai.
Chegamos ao final do mês de setembro,
especialmente dedicado à escuta e à reflexão sobre a Palavra de Deus. Inspirada por
ele, a Sagrada Escritura manifesta de
modo primordial o imenso desejo do Pai de nos revelar o grande mistério da
salvação.
Neste domingo celebramos
especialmente o Dia da Bíblia. A exemplo de São Jerônimo queremos aprofundar nossa compreensão
da Palavra para vivenciarmos o chamado de Deus para vivermos na plenitude do
amor.
Veremos, através das leituras, que a
perspectiva do futuro tem influência sobre o hoje e que a relação da pessoa com
seus irmãos incide na vida definitiva na presença de Deus.
Chamados a participar da eucaristia,
o banquete da vida eterna, acolhamos o apelo que a liturgia deste domingo nos
faz para passarmos da avareza para a partilha e do egoísmo para a
solidariedade. Neste dia da Bíblia, a palavra de Deus abra os nossos olhos e
ouvidos para vermos a realidade e escutarmos o clamor dos Lázaros sofredores de
nossa sociedade.
Não há maior insulto a Deus do que a
indigência dos pobres ao lado do luxo dos ricos. Acolhamos com alegria a
palavra da vida, que nos motiva a procurar os valores que constroem o reino e
voltar nosso coração e atenção para aqueles cuja dignidade foi arruinada.
O profeta Amós deixa um alerta à
sociedade de consumo, que não se preocupa com a desgraça do povo. Na parábola
do rico e Lázaro, Deus fez a opção pelos pobres. O cristão é convidado a estar
sempre atento para não ser enganado por falsas seguranças ou falsas ideologias.
Celebrar este dia da Bíblia é reconhecer a importância da palavra de Deus em
nossa vida.
Participar da Eucaristia é render
graças ao Pai por nos ter ensinado como amar e agir para superar as injustiças.
A liturgia da Palavra deste domingo nos chama a
atenção para a forma como levamos nossa vida. A força com que são apresentados
os acontecimentos, na parábola que ouvimos, nos convoca a avaliar a forma como
vivemos e nos relacionamos com os irmãos. O critério para tal avaliação é o
mandamento do amor.
Escutamos ponderações semelhantes
nas demais leituras de hoje. O profeta Amós chama a atenção para a prudência, a
reflexão e o exame de consciência necessários à vida com Deus. O apóstolo Paulo
reflete sobre a vivência em plenitude da Palavra de
Deus e o cuidado com o objetivo a que fomos
chamados: o amor.
Como vivemos? Com que nos
preocupamos? Mais ainda: com quem
nos preocupamos?
Através da figura do rico da
parábola, Jesus nos ensina como a
abundância dos bens materiais pode retirar a atenção de nosso verdadeiro plano
de vida, aquele dito por Jesus no evangelho: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a
tua alma, com todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12,30 ss.). Toda a vida de Jesus foi ocupada em demonstrar a
necessidade do amor para viver, viver bem e viver para sempre. A preocupação com os bens materiais, assim
como o prazer em excesso, retiraram daquela pessoa sua humanidade.
Ao nos atermos à figura do pobre
chamado Lázaro, nos damos conta do grande amor de Deus, manifestado de especial
forma pelo cuidado com os pobres e necessitados. Somos todos chamados a
demonstrar diariamente nosso amor aos irmãos. O amor, essência de Deus em nossa
vida, de fato, apenas pode ser vivido se nos ocupamos dele no trato com as
pessoas. Na parábola, não tendo quem dele cuidasse, o pobre Lázaro recebe de
Deus as bênçãos e a recompensa por sua vida de fé.
Se, em sua vida, Lázaro, apenas e
tão somente sofre as injúrias do mundo, ao ser chamado por Deus à vida eterna,
é carregado pelos próprios anjos à Vida. Se era o sofrimento que o acompanhava
anteriormente, muito maior será o cuidado de Deus para com ele na vida eterna.
O pobre Lázaro caracteriza nossos
irmãos flagelados pela Cultura do Consumo, esta que alimenta a arrogância,
prepotência e autossuficiência dos ricos, cheios de si mesmos e que dispensam a
graça de Deus. Ser rico não significa apenas ter posses, mas apoderar-se dos
mais fracos, explorando-os, excluindo-os de suas relações tantas vezes
ridículas, porque hipócritas. Ser o pobre Lázaro é estar sempre atento à vontade
e à graça de Deus. É aquele que procura configurar-se com Jesus, perguntando-se sempre: O que Jesus diria? Como
Jesus agiria diante desta ou daquela situação, especialmente onde nos falta a
justiça e a promoção de maior dignidade humana em nossas relações familiares,
religiosas, políticas e sociais?
Saibamos responder com sinceridade e
viver a coerência entre o que pensamos, rezamos, falamos e fazemos no
dia-a-dia. Saibamos ser promotores de maior dignidade em relação aos que têm
menos do que nós; aos que sofrem mais do que nós. Solidariedade e fraternidade
são fundamentais para chamarmo-nos cristãos!
Sejam todos muito abençoados. Com
ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Am
6,1.4-7; Sl 145(146); 1Tm 6,11-16 e Lc 16,19-31).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus
de Setembro de 2019, pp. 92-95 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II
(Setembro de 2019), pp. 32-36.