Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da
Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto e Jornalista.
Acabamos de solenizar a grande Celebração dos trezentos anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Dizem que em curva de rio algumas coisas se encalham e por isso são encontradas mais facilmente; outros dizem que curva de rio guarda um mistério. Já ouvi muitas histórias de rios e de pescadores com suas particularidades, sagas incríveis e também muitos dramas e superações. Para quem tira o sustento da pesca, não encontrar nenhum peixe para contar a história pode ser sinônimo de fracasso, para não dizer tragédia.
Nas águas do rio Paraíba do Sul, o
que poderia se tornar um grande desastre se mostrou prodígio da intercessão
materna quando, há trezentos anos os pescadores encontraram uma imagem da
Senhora da Conceição e aquela situação dramática se tornava uma ocasião de
concreta esperança, de fé perseverante e de comprovada solidariedade. A
história que o Brasil e o mundo conhecem daquela milagrosa pesca mostra a todas
as pessoas de boa vontade e que buscam a Deus de coração sincero, que o amor
sempre vence o mal. Naquelas redes de trezentos anos atrás, um corpo de imagem
e depois a sua cabeça revelam um grande e misterioso amor de mãe por todos os
seus filhos, principalmente os mais sofredores.
A imagem que “apareceu” ensina que a
Virgem Maria é a mãe que “acode” os seus filhos que constantemente lhe pedem
intercessão “agora e na hora da nossa morte”, que pedem o seu afeto e colo de
mãe para enfrentar a dureza das estradas da vida nas quais sabemos por
experiência que nossa mãe jamais nos abandona. Todos nós, todos os dias
invocamos o auxílio da “nossa Senhora”, “nossa Mãe”, “nossa”! Quantas vezes
repetimos ao longo do dia estas expressões que nos remetem à Virgem Mãe de
nosso Deus e Senhor Jesus Cristo; até os não católicos repetem essa frase e
todas as pessoas, até mesmo inconscientemente chamam a “mãe” nas horas de
dificuldades. Os pescadores do rio Paraíba do Sul invocaram a sua proteção e
sentiram sua intercessão materna. Encerra-se a solene festa, continua a profunda
devoção!
A senhora que apareceu nas águas do
Paraíba é Maria, a nossa mãe que nos ensina a confiança em Deus; é a mulher que
encarna a solidariedade com os sofredores e se torna a padroeira, a protetora
de nossa Nação indicando o temor a Deus como modo de enfrentar e vencer as
adversidades de cada dia. É ela a mãe que nos educa na fé, é a mulher que não
se aliena da realidade e nem foge da sua identidade criada com o homem à imagem
e semelhança de Deus e a quem podemos recorrer em nossas dificuldades.
Maria, mãe de nosso Deus, cuja
imagem foi encontrada nas águas do rio Paraíba do Sul é figura da mulher que
vive a sua vocação à maternidade e, sendo a Mãe do nosso Redentor nos estimula
a viver uma fé ativa, geradora de esperança, capaz de unir as pessoas em torno
do Evangelho para reconstruir a sociedade brasileira que está em ruínas por
tanta corrupção e falta de modos por parte da classe política em geral e pela
esperteza dos que desejam o poder a qualquer custo. Maria de Aparecida é nosso
socorro, auxílio nesta vida e certeza da vida eterna; por isso muitíssimos
brasileiros acorrem ao Santuário Nacional para celebrar a fé em Deus e o
carinho de nossa Mãe. Quantos relatos de milagres acontecidos graças à
intercessão de nossa Senhora, quanto carinho materno podemos comprovar.
A imagem de nossa Senhora nos lembra do rosto
amável de toda mãe que se preocupa, zela, cuida, ampara e intercede em favor de
seus filhos, de todos eles, inclusive os mais distantes. E mãe sempre espera
pelos filhos, não descansa enquanto não damos notícias. Já cantava Adoniran
Barbosa:- “minha Mãe não dorme enquanto eu não chegar...” E o santuário como
casa da mãe, é nossa casa onde a Mãe sempre nos espera.
Alegremo-nos sempre com a celebração deste
grande sinal na curva do rio Paraíba do Sul, da presença e do carinho de nossa
Mãe que protege e guia o povo brasileiro para “fazer tudo o que Jesus nos diz”!
(cf. Jo
2,1-11).
(Em parceria com o Pe. João Paulo
Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Mogi Guaçu, SP)