MÊS
MISSIONÁRIO
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Eu vos escolhi foi do meio do mundo,
a fim de que deis um fruto que dure” (Jo
15,16).
No Vigésimo-Sétimo
Domingo do Tempo Comum somos convidados a celebrar a páscoa de
Jesus. Ela se realiza nas comunidades e grupos dispostos a colaborar para que o
reino de Deus produza frutos para o bem de todo o povo, a vinha amada do
Senhor.
Somos a vinha do Senhor, cuidada com carinho pelo Pai e
regada pelo sangue de Cristo para que produza os frutos de paz e de vida que
Deus deseja e espera de nós.
A comunidade é a vinha do Senhor, da qual ele cuida com
carinho e espera frutos de amor e justiça. Todos somos trabalhadores do reino
de Deus e também responsáveis pelo seu crescimento. A celebração é o momento
privilegiado para aprendermos a ser ternos, apesar dos conflitos.
Neste
mês das missões, com o tema “A alegria
do Evangelho para uma Igreja em saída”, “juntos
na missão permanente” somos convidados a rever nossa vida em família,
eclesial, social e política. Somos missionários ousados e corajosos, ou meros
espectadores dos abusos que acontecem ao nosso redor, decepcionando nosso povo
amado, por não exercermos nossa vocação também profética em nossas Comunidades
e na Sociedade?
Jesus retoma o texto de Isaías, mas não coloca a culpa na
vinha por sua falta de bons frutos, e sim nos meeiros que deviam cuidar dela.
Além de impedir que os bons frutos cheguem ao dono da vinha, ainda são
violentos com seus enviados. É uma crítica muito séria que faz aos que se
consideram donos da religião e senhores da fé do povo. Apropriam-se da relação
entre Deus e seu povo, desorientam aquilo que permite o povo ligar-se a seu
Senhor.
Muitas vezes, certas lideranças religiosas impedem que o
povo seja Povo de Deus para ser povo
dos anciãos, dos escribas, dos sacerdotes, de fulano, de tal movimento... O
povo vira joguete nas mãos dos chefes religiosos que buscam seus interesses e
não o Reino de Deus. É isso que
Jesus critica, mesmo que sua denúncia profética lhe cause a morte. Sempre costumo
pensar que Jesus foi condenado à morte de cruz por pura inveja clerical. Não
bastando puxar-lhe o tapete, mandaram matá-lo, a fim de que deixasse livre o
caminho aos “maus pastores”: interesseiros, exploradores da ignorância dos mais
simples... Pior de tudo
isso, é que Jesus continua sendo crucificado ainda em nossos dias, geralmente
pelos que se consideram os “pastores mais certinhos”, os engessados em suas
próprias hipocrisias!
Que frutos se esperam da vinha plantada e cuidada com
tanto carinho? O Senhor espera dela o direito e
a justiça. Estabelecer o direito e a justiça
é uma exigência de Deus como
expressão de fidelidade à Aliança entre Deus e seu povo.
Nosso Deus, que é Deus da vida e
do amor,
quer que, em nosso meio, reine a justiça, respeite-se o direito de todos, em
especial dos mais pobres.
Na Palavra proclamada, a opressão contra os mais pobres é
considerada um homicídio. Os vinhateiros são homicidas não só porque matam os
enviados, inclusive o Filho, mas também porque despojam o pobre, violam o
direito, não dão os frutos da justiça que pede o Senhor. Por ser assim, o Reino
de Deus vai ser entregue a outras pessoas.
O fato de sermos cristãos não nos garante o Reino. Somos
escolhidos para sermos sinal do amor, da misericórdia e da salvação de Deus. É
preciso provar essa escolha com frutos e ações concretas de justiça e direito.
Ser cristão é dar a vida. Se colocarmos em prática o Evangelho, o Deus da paz
vai estar conosco e dessa paz seremos testemunhas no mundo em que vivemos.
Entrando no mês dedicado às missões, peçamos a Deus a
fidelidade a seu serviço, para que sejamos dignos de sua eleição.
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão nosso abraço amigo e fiel,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler Is 5,1-7; Sl 79(80); Fl 4,6-9 e Mt
21,33-43).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Outubro de 2017, pp. 36-39 e
Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Outubro/2017), pp. 32-36.